O estudo, intitulado “Agroecology and the right to food” (tradução livre “Agroecologia e o direito à alimentação”), foi apresentado pelo relator especial sobre o direto à alimentação das Nações Unidas, Olivier De Shutter.
Uma das premissas do relatório, segundo declarações do De Shutter ao jornal The New York Times, é orientar a agricultura para os modos de produção que sejam mais ambientalmente sustentáveis e socialmente justos. Ele afirma que a agroecologia ajuda não somente os pequenos agricultores, que passam a ter a possibilidade de produzir num método menos oneroso que o industrial e mais produtivo, mas beneficia a todos nós.
O modelo desacelera o aquecimento global (com pouca emissão de gases de efeito estufa) e a erosão ecológica, ou seja, os impactos ambientais causados pela mecanização dos cultivos. Além disso, processos agroecológicos promovem a descentralização da produção, com práticas agrícolas em pequena escala em várias regiões, o que torna as culturas mais democráticas e menos sucetíveis aos choques climáticos.
Se comparada com a agricultura industrial, que requer uma enorme quantidade de água para a irrigação e combustíveis fósseis para o transporte e produção de fertilizantes químicos, a agroecologia usa menos recursos.
Para que ela seja colocada em prática de forma plena é preciso ter disponível trabalho, seja ele intelectual, aumentando o número de pesquisas sobre o tema, ou físico, já que precisará de mais agricultores e menos mecanização das lavouras.
O relator da ONU ainda enfatiza que é mais fácil e rápido adotar a transição para a agroecologia em países em desenvolvimento, como a África, que ainda podem ser orientados em seus métodos, do que nos países desenvolvidos, que já tem as suas indústrias alimentares estabelecidas. No entanto, declara que mesmo estes países ‘viciados em fertilizantes químicos’ devem mudar para a agricultura sustentável a fim de preservar o planeta.
Dentre as recomendações aos governos, para criação de políticas públicas em sustentabilidade, o estudo afirma que é preciso reorientar os gastos públicos na agricultura, priorizando os serviços de extensão e infra-estrutura rural, bem como a pesquisa em métodos agroecológicos.
O próximo passo seria a difusão dos conhecimentos sobre as melhores práticas de agricultura sustentável, com a colaboração das organizações e redes de agricultores existentes. (Flávia Moraes)
Leia mais
Celeiro do mundo, comida importada
Horta suspensa da escola esquecida
Sociedade enfezada
Leia também
Influenciadas pelo controle do desmatamento, emissões brasileiras caem 12% em 2023
Brasil emitiu 2,3 bilhões de toneladas de CO2 equivalente em 2023, segundo dados divulgados nesta quinta-feira pelo SEEG →
Um apelo em nome das mais de 46 mil espécies ameaçadas de extinção no planeta
“Salvar as espécies sustenta a vida no planeta”, declaram especialistas que reforçam a urgência de soluções interligadas para crise do clima, da biodiversidade e o bem-estar humano →
Fotógrafo lança livro com imagens inéditas do Parque Nacional da Tijuca
Livro “Parque Nacional da Tijuca”, do fotógrafo Vitor Marigo, reúne mais de 300 fotos tiradas ao longo de oito anos. Obra será lançada neste sábado →
Pelo amoooooor de Deus… Parem de chamar a ÁFRICA DE PAÍS!!!