A emissão da licença prévia (LP) para pavimentação do trecho central da BR 319, em julho passado, reforçou as preocupações de especialistas e ongs com supostas falhas no licenciamento e com o recrudescimento do desmate, grilagem de terras públicas e violações contra indígenas e populações rurais.
A obra promete benefícios como reduzir custos de transporte, gerar empregos e conectar áreas remotas a mercados. Ao mesmo tempo, por volta de 90% da zona de influência direta da rodovia tem paisagens florestais íntegras, diz o Observatório da BR319.
Como mostramos no início de agosto, já somam mais de 5 mil km os ramais derivados da estrada apenas desde os municípios amazonenses de Canutama, Humaitá, Manicoré e Tapauá, ou quase 6 vezes mais do que os cerca de 900 km da rodovia, entre Manaus (AM) e Porto Velho (RO).
Uma simulação feita em 2020 mostrou que a reconstrução da BR-319 pode provocar o desmatamento de 170 mil km², até 2050. O valor é quatro
vezes maior do que o montante estimado pesando a taxa média
histórica de desmatamento daquela região.
Diante desse cenário, entidades ligadas ao Observatório elencaram 18 áreas no entorno do trecho central da rodovia que precisam de medidas urgentes de conservação para evitar sua acelerada degradação social, cultural e ambiental.
“São áreas que possuem alta diversidade biológica e são base de vida de povos indígenas e comunidades locais não-indígenas, localizadas em terras indígenas e unidades de conservação, por exemplo”, destaca uma publicação do Observatório da BR-319.
O documento recomenda ainda, diante daquelas obras rodoviárias, ações como fortalecer a fiscalização ambiental, sobretudo em áreas protegidas, fomentar o manejo sustentável de recursos naturais e capacitar atores locais para atividades produtivas, agrícolas e extrativistas de baixo impacto ambiental.
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