Salada Verde

Concessionária quer fechar parques da Serra Geral e Aparados da Serra

ICMBio é contra a proposta, gerada por supostos prejuízos pela baixa procura pelas unidades de conservação, no RS e SC

Aldem Bourscheit ·
3 de outubro de 2024
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente

Alegando prejuízos financeiros pela baixa visitação nos parques nacionais da Serra Geral e dos Aparados da Serra, no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a concessionária de serviços turísticos sugeriu suspender a visitação e investimentos nas áreas protegidas.

A queda no turismo regional ganhou força após as devastadoras enchentes de maio. O valor do ingresso individual subiu para R$ 102 e foi interrompida a operação de uma tirolesa no Cânion Fortaleza, instalada após a concessão, em 2021. 

A empresa diz que o preço está abaixo do permitido em contrato, mas na prática o valor reduziu um turismo que antes acessava gratuitamente os parques nacionais e movimentava mais a economia. Visitantes com maior poder aquisitivo ainda não foram atraídos, como planejado.

Responsável pelas unidades federais de conservação, o ICMBio é contra o fechamento temporário dos parques para reduzir os prejuízos da concessionária. Um pedido de “reequilíbrio financeiro” da concessão é analisado emergencialmente pelo órgão ambiental. 

A autarquia não descarta uma redução no valor das entradas para atrair mais visitantes ou medidas como alterar o montante repassado ao governo federal, fixado na concessão, e reduzir obrigações de serviços contratuais a serem cumpridos pela empresa.

Numa nota divulgada em Redes Sociais, o ICMBio afirma que “pedidos de reequilíbrio são comuns em contratos de concessão” e destaca que os parques “são essenciais para a preservação ambiental, para a qualidade de vida da população local, para o turismo, e para a promoção da educação ambiental”.

Tirolesa instalada no Cânion da Fortaleza. Foto: Urbia/Divulgação

Sete parques nacionais têm atualmente serviços concedidos à iniciativa privada: Aparados da Serra e Serra Geral (RS/SC), Chapada dos Veadeiros (GO), Iguaçu (PR), Itatiaia (RJ), Marinho de Fernando de Noronha (PE) e Tijuca (RJ).

Como ((o))eco contou em junho do ano passado, supostas irregularidades e impactos ambientais ligados à concessão dos parques da Serra Geral e dos Aparados da Serra são alvo de ação no Ministério Público Federal (MPF), baseada em denúncias de ongs.

Os dois parques receberam juntos 147,6 mil visitantes em 2023, mostra um painel do ICMBio. Seus cerca de 30,4 mil hectares de Mata Atlântica somados abrigam espécies raras ou ameaçadas, como a araucária, jaguatirica, guaxinim, papagaio-de-peito-roxo e leão-baio. 

Enquanto isso, um projeto de lei do senador Carlos Heinze (PP-RS) pretende cortar 1,3 mil ha (10%) dos 13,1 mil ha do parque de Aparados da Serra. O texto tramita desde o ano passado e aguarda avaliação pela Comissão de Meio Ambiente do Senado.

*Com informações do jornal Zero Hora.

  • Aldem Bourscheit

    Jornalista brasilo-luxemburguês cobrindo há mais de duas décadas temas como Conservação da Natureza, Crimes contra a Vida Sel...

Leia também

Reportagens
1 de junho de 2023

Plano de manejo e concessão de parques no RS sofrem ação judicial e críticas de ongs

As supostas irregularidades estariam pondo em risco espécies e cenários exclusivos dos parnas Aparados da Serra e Serra Geral

Salada Verde
15 de março de 2024

Valor de ingresso em parque nacional gera protestos no RS

Desde outubro de 2021, a concessionária privada estaria cobrando preços descolados da realidade do turismo regional

Reportagens
10 de maio de 2023

Senador quer afagar eleitores cortando parque no Rio Grande do Sul

Projeto de lei sugerido pelo próprio ICMBio pode reduzir a proteção de campos de altitude, araucárias e fauna silvestre

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.