Em Minas Gerais, a bela Serra do Cipó enfrenta um inimigo veloz e difícil de controlar: o capim-natal. Originário do sul da África, ele se alastra fortemente por margens de rodovias e em áreas abertas ou degradadas, formando “tapetes” de vegetação seca que ampliam o risco de incêndios.
A invasão ameaça a biodiversidade da região, compromete serviços ecossistêmicos como a captura de carbono da atmosfera, ao sufocar as plantas nativas – o que ajudaria a conter a crise do clima – e pode impactar até o turismo e o agroextrativismo.
Os alertas estão num comunicado do Centro de Conhecimento em Biodiversidade (INCT/CNPq/MCTI) e do Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração do Campo Rupestre da Serra do Cipó (PELD-CRSC).
Contra o problema, o documento propõe remover e queimar o capim exótico, aplicar agrotóxicos de forma controlada, usar drones e educação ambiental, além de replantar espécies naturais da região. Também ressalta a necessidade de vigiar estradas e outros “corredores de dispersão”, para conter focos iniciais da praga.
Além da Serra do Cipó, o capim já foi registrado em áreas degradadas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, bem como nos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe, Pará e Mato Grosso do Sul, conforme registros da Embrapa, UFSC e UFRGS.
Internacionalmente, a espécie é listada como invasora em países como Austrália, China, Colômbia, Cuba, Porto Rico, México, Estados Unidos e diversas ilhas do Pacífico, conforme fontes como o Centre for Agriculture and Bioscience International (Cabi), apurou ((o))eco.
A expansão global do capim-natal se deve não só à sua capacidade de ocupar rapidamente áreas degradadas ou queimadas, mas também à produção de milhares de diminutas sementes, facilmente levadas pelo vento ou grudadas em roupas, pneus e animais.
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