Lições de Chernobyl

De Claudio Tulio Pádua Simplesmente excelente o texto. É realmente impressionante a tendência cega que o Brasil tem em adotar o estabelecimento de grandes hidrelétricas como a quase única fonte de produção de energia elétrica (por que será?).Por que não estabelecer uma grande rede de pequenas centrais hidrelétricas - PCH com menos desperdício em distribuição e gerando menores impactos sócio-ambientais? Por que não aproveitar o vasto pátio industrial que consome lenha e carvão (siderúrgicas, calcinadoras, madeireiras, laminadoras) para gerar energia como subproduto de produção? Por que não concessionar a produção energética a estas empresas a exemplo das rodovias federais e estaduais e da própria floresta amazônica? A quem interessa que continue este monopólio de produção energética neste sistema oneroso e faraônico? Por que não a própria energia nuclear, como expõe o colunista?Em cidades do Mato Grosso como (Sinop, Juara, Tabaporã, Alta Floresta, etc) tem dezenas de laminadoras cada (que processam madeira para fazer "madeiriti") que produzem energia da queima de residuos. Em geral as laminadoras produzem 3 x mais do que precisam em excedente energético, mas o engraçado é que não podem vender o excedente energético para a distribuição nas cidades. Ou seja, as cidades parecem ser auto-suficientes em produção de energia, mas do mesmo jeito dependem de energia de grandes e distantes hidrelétricas.Caso similar acontece em várias localidades em Minas (Divinópolis, Sete Lagoas, Ipatinga, Timóteo, Carmo da Mata, Itaguara, São S. do Oeste, Arcos, Formiga, etc.) que apresentam um grande pátio siderúrgico e calcinador. Por que não criar politicas de concessão de produção energética nestas indústrias? No meu entender, este sub-produto deveria ser uma EXIGÊNCIA no processo de licenciamento como medida mitigadora.Enfim, parabéns ao autor pelo texto e à equipe do O Eco por veicular este importante espaço democrático com seriedade rara.

Por Redação ((o))eco
25 de abril de 2006

Ruralistas no caminho III

De Germano Woehl Jr. www.ra-bugio.org.br Novamente, a matéria comete um equívoco ao deixar de mencionar que a Mata Atlântica já é protegida pelo Decreto 750. E também não menciona que o PL 3285, o PL da devastação, libera o desmatamento do que resta da Mata Atlântica (artigos 14 e 23), num momento em que a pressão para ampliar as áreas de reflorestamento de pinus e eucalipto é intensa. Empresas do setor de reflorestamento estão fazendo parcerias e comprando reflorestamentos recém implantados de pequenos proprietários. A ONG SOS Mata Atlântica, presidida pelo principal sócio de uma das maiores empresas do setor de papel e celulose (que depende de matéria-prima barata, ou seja, da abundância de reflorestamentos de pinus e eucalipto), tem omitido esse pequeno detalhe nas campanhas que prega. O PL da desvastação permite também a volta das madeireiras para atacar os últimos fragmentos e a volta dos vendedores, às margens das rodovias, de bromélias e orquídeas saqueadas de áreas protegidas, que podem desestruturar os produtores comerciais, provocando desempregos formais (com carteira assinada). Outro erro da matéria é induzir o leitor a acreditar que basta uma lei para proteger alguma coisa. Que bom seria se isso fosse verdade! Não precisaríamos nem de tranca nas portas de nossas residências. Nada é capaz de deter a ganância do ser humano. Por isso o PL-3285, que libera tudo, é uma grande ingenuidade. Ignora o que aprendemos com a história e com a ciência. É uma lógica perigosa, que não terá volta. Não haverá meios legais de impedirmos a devastação total do que resta da Mata Atlântica. A curto prazo, a lucratividade de reflorestamentos com pinus e eucalipto é imbatível. O fato do PL estar tramitando há 14 anos demonstra que já está ultrapassado, e precisa de uma profunda revisão, portanto. Os conhecimentos científicos, mesmo se tratando das florestas tropicais, avançam com velocidade supersônica. O aumento da pressão por novas áreas para o plantio de pinus e eucalipto também só foi sentida mais fortemente nos últimos 4 ou 5 anos, e a indisponibilidade de áreas enfrentou uma concorrência terrível com a cultura da soja. Portanto, os investidores do setor de papel e celulose precisam da área dos 7% restantes de Mata Atlântica para terem matéria-prima barata e abundante, requisitos essenciais para garantia de lucros fabulosos, ou seja, precisam dessas áreas para expansão do reflorestamento de pinus e eucalipto. De modo que PL-3285, da devastação, é bem vindo para o setor. Atenciosamente,

Por Redação ((o))eco
24 de abril de 2006

Ruralistas no caminho II

De Germano Woehl Jr. Prezada Carolina, Seguem alguns questionamentos sobre o PL da devastação da Mata Atlântica para lhe ajudar nas próxima matérias sobre o tema. Aliás seu texto no O ECO nem parece uma matéria jornalística, mas uma nota produzida pela ascom da ONG, porque não questiona nada e é prá lá de tendenciosa (deveria estar na seção de cartas). Tenta passar a idéia de que a lei é perfeita, que vai salvar a Mata Atlântica, quando é bem o contrário. Com este texto você está contribuindo para ajudar a ONG caça níquel $O$ Mata Atlântica a enganar a sociedade. O maior absurdo foi a chamada: "uma floresta SEM LEI", como se a Mata Atlântica não tivesse uma lei, o decreto 750, que de fato PROTEGE a Mata Atlântica (enquanto este PL mundano LIBERA TUDO). O decreto 750 incomoda os devastadores e está atrapalhando o setor de papel e celulose, que precisa expandir os reflorestamentos de pinus e eucalipto se quiserem matéria prima abundante e barata. Santa Catarina, por exemplo, já está com 5% do território coberto de pinus e 17% de Mata Atlântica (esse percentual é duvidoso, pode ser menos). Como a aprovação PL da devastação, a tendência, em poucos meses, é a inversão desses percentuais, ou seja, ficaremos com a cobertura de pinus superior a do ecossistema Mata Atlântica. Enfim, esta lei é nociva à sociedade, porque o artigo liberando os desmatamentos é bem cristalino e vai atingir em cheio as áreas remanescentes. O que menos a Mata Atlântica precisa neste momento é de lei, sobretudo uma lei do vale tudo, altamente complexa, praticamente impossível de ser fiscalizada. O que a Mata Atlântica precisa é de órgãos de fiscalização bem aparelhados, funcionários motivados e uma justiça mais ágil e rigorosa. E as ONGs poderiam de fato contribuir para salvar a Mata Atlãntica se atuassem neste sentido.

Por Redação ((o))eco
24 de abril de 2006

Ruralistas no caminho

De Marli Moraes Não me surpreendo porque vivo na Terra e os humanos pisam em tudo p/ sobreviverem. Ética? Que isso? Onde já se viu uma ONG q se diz "defensora da preservação ambiental" ter como um dos Diretores um empresário do setor que DESMATA? O que um Klabin está fazendo na SOS MataAtlântica? Será que comprou "cotas" dessa ONG p/ assim tirar proveito pras suas indústrias? Isso é um absurdo!Se querem lotear entre os amigos um patrimônio nacional, pelo menos façam às claras, não se infiltrem em movimentos que a princípio poderiam ter sido bem intencionados. Ora, pipocas, que país de merda!

Por Redação ((o))eco
24 de abril de 2006

Tabuleiro em jogo

De Angela Matos Não sou a favor da recategorização porque sei que terei mais restrições se estiver numa Apa, mas gostaria de dizer que também não sou a favor do TAC como é cobrado na região. O que entendo por ajustamento de conduta é o que o termo diz: se construí fora das leis ambientais tenho que demolir, se arranquei plantas nativas, devo replantá-las e assim por diante. Construí uma casa dentro das normas, menos de um terço do terreno, fossa selada, não arranquei nenhum pé de planta nativa, que aliás são lindíssimas e mesmo assim para que consiga ligar minha luz terei que pagar a mesma quantia que minha vizinha, que não tem mais nenhum pé de planta nativa e no entanto já tem luz ligada. Não quero que minha região seja depredada, mas quero maior fiscalização por parte dos órgãos competentes e não ver uma placa de VENDO em cima de uma duna.

Por Redação ((o))eco
18 de abril de 2006

Leis radicais

De Antônio Leão Guia e montanhista de Resende/RJ.Parabéns pelo artigo! Uma das aberrações desta epidemia burocrática é a Portaria 62/2000 (MMA) que criou a cobrança de R$ 12,00 pelo uso de trilhas situadas em UCs. O jornalista Gustavo Praça escreveu, no seu jornal resendense - O Ponte Velha, que em breve existirão duas classes de brasileiros, os que podem e os que não podem andar em trilhas... Neste mesmo jornal fiz um sugestão (veja abaixo) para o Ministério do Meio Ambiente, que estende a cobrança para surfistas, pára-quedistas, mergulhadores, e quem mais ficar na reta, visando incentivar o turismo de aventura, esportes radicais e o ecoturismo nacional.ACRÉSCIMOS NA PORTARIA Nº 62, de 20 de março de 2000OU CRIAÇÃO DA PORTARIA Nº 666, de 31 de dezembro de 2006 (ás 23:59 h)PREÇOS PARA UTILIZAÇÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO LITORAL*: Uso de Onda do mar com prancha (dia) R$ 12,00Jacaré (unidade) R$ 3,00Caldo (unidade) R$ 1,00Reunião noturna na praia com violão e cantoria R$ 20,00Banhistas barrigudos R$ 120,00Mergulho acompanhado pela Brigada de Bob Esponjas Mirins R$ 12,00*A implantação deverá ser precedida por levantamentos incluindo cálculos da subtração do sal e da areia pelos banhistas; estudo do impacto sobre a reprodução das sardinhas e a coleta de Tatuí, além de registros sobre agressões aos tubarões. Desconto de 50% para membros de clubes e escolas de surf.PREÇOS PARA UTILIZAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO * Vôo livre, Pára-quedas, Parapente – (por salto) R$ 12,00Queda livre – (pelo único e derradeiro salto) R$ 12,00*A implantação deverá ser precedida por levantamentos incluindo mapeamentos das linhas de alta tensão e estudo do impacto sobre a auto-estima dos urubus. Desconto de 50% para membros de clubes e escolas de vôo livre e pára-quedismo.

Por Redação ((o))eco
18 de abril de 2006

Tubarão bom, é tubarão morto

De Quênida Menezes Bom dia, Ao ler a reportagem sobre a caça dos tubarões em Recife, fiquei triste em saber que ao invés dos orgãos governamentais que são responsáveis pela preservação do meio ambiente, como o Ibama e a Agência Estadual de Meio Ambiente e Recurso Hídricos (CPRH), aplicarem meios para manter os tubarões longe da área de risco, como uso de redes de exclusão ou medidas como são tomadas na África do Sul e na Australia, utilizam do meio mais fácil. Dão permissão à caça. Além disso, não foi imposto um limite de animais a serem abatidos, ao meu ver essa medida demonstra como os orgãos governamentais vem tratando o meio ambiente no que diz respeito a proteção à vida, não importa que tipo de vida. Como faz referência a reportagem "A gente entra na água por que quer, o tubarão tem direito de viver ali", ressalta Brandini. Espero que vocês continuem na luta no sentido de exigir a proteção desses animais junto aos orgãos responsáveis e continuem no trabalho de conscientisação junto a população, pois quando se permite uma ação como essa abre as oportunidades para serem aplicadas em relação a outras espécies. Além do mais, estamos vivendo em um tempo, que é necessario preservar o que resta da natureza, pois é tudo que existe, ao invés de levar espécies ao risco da extinção com esse tipo de medida. Coragem !!! E boa sorte!!!

Por Redação ((o))eco
18 de abril de 2006

Criatividade não combina com centralização

De Antônio Leão Guia e montanhista de Resende/RJEduardo. Com certeza nossas visões não são irreconciliáveis, pois nos preocupamos com o Parque Nacional do Itatiaia e com o bem-estar das pessoas. Você foi o primeiro, aqui neste site, a lembrar dos visitantes assíduos e também dos cidadãos de baixa renda e eu lhe agradeço por isto.Concordo que o grau de centralização do IBAMA é prejudicial e que “o gestor do parque saberá qual o ingresso de entrada adequado”. Apenas ressalto a importância de sempre escutarmos a comunidade. Os montanhistas elaboraram, numa Câmara Técnica do Conselho Consultivo do PNI, uma proposta que aumenta a arrecadação do Parque. Aguardamos, desde dezembro de 2005, uma resposta do MMA.Clique aqui para ler esta carta na íntegra.

Por Redação ((o))eco
18 de abril de 2006

Mudanças de olhar II

De Gustavo Romeiro Mainardes Pinto Eng. Agrônomo - MSc. Ecologia de AgroecossistemasAnalista Ambiental - DITEC/IBAMA/SCSobre caça, e os textos de Claudio e Suzana Padua,Caros amigos!Temos que unir forças. Fica evidente que os dois brilhantes autores têm objetivos muito próximos, senão iguais: a conservação da natureza.Concordo plenamente que não é possível a prática da caça sobre os últimos remanescentes de espécies já bastante vulneráveis, tampouco maiores aberturas para usos nas poucas UCs de proteção integral. Mas um ponto parece ficar esquecido: temos que brigar pela preservação sim dos remanescentes restantes, mas a luta maior, a mais urgente é AUMENTAR os espaços ocupados pela biota nativa. E uma das formas de tornar isso real é o manejo extensivo da fauna. A Dra. Neiva (desculpe-me, não tenho seu nome completo agora) descobriu um dos principais fatores limitantes para a arara-azul: a falta de ocos para ninhos. Com manejo simples e barato, a reprodução da espécie aumentou consideravelmente na natureza.Para as espécies com potencial para caça, produzindo alimento, já existem inúmeros estudos de manejo extensivo, onde o homem fornece condições para que a espécie aumente sua população, retirando periodicamente o excedente, o que faz com que o equilíbrio se mantenha.Alguém duvida que uma criação desse tipo é muito, mas muito menos cruel e impactante do que uma granja de frangos geneticamente turbinados movida a eletricidade, máquinas, soja e milho?Falta, urgentemente, uma legislação federal de fauna que contemple as particularidades de cada espécie, de cada região, que considere que a ciência avança, que não se limite confortavelmente à proibições puras e simples, que agraciam tão somente àqueles ambientalistas que desconhecem a realidade dos fatos.Que consigamos unir forças!

Por Redação ((o))eco
11 de abril de 2006

Mudanças de olhar

De Claudio Tulio Jorge PaduaHá milhares de anos o homem começou a criar animais domésticos e cultivar alimentos e ainda hoje a caça é legal (inclusive no Brasil) e instituída em quase todos os países do mundo, por isso não acredito que tenha ocorrido uma mudança da relação humano/natureza que decretou também a mudança de ótica do brasileiro em relação ao caçador nos últimos trinta anos. Este argumento soa muito tupinocentrista e sem nenhuma base antropológica.O que realmente parece ter acontecido foi a manipulação da massa ignorante e desinformada com apelos sentimentalóides e verdades falsas para que se pudesse estabelecer o modelo de desenvolvimento insustentável que aí está, conforme citado pela própria autora, ao se promover o avanço de fronteiras agrícolas sobre remanescentes nativos sem nenhum óbice mas com um Judas: O caçador!A caça nada mais é do que um meio de uso sustentável de um ecossistema. Como notória ambientalista a autora deve saber que a maior área conservada do planeta é, de fato, uma reserva cinegética.Tenho certeza que seu pai deve se remoer no túmulo ao ver lá do céu que o Brasil que é contra caça é o país que mais desmata no mundo.O caçador não tem nada a ver com isso mas ainda pode agir heroicamente para salvar o que resta de nossos remanescentes nativos. O caçador precisa de caça e a caça está no mato, não na soja ou na brachiária (raciocínio simples, não?).

Por Redação ((o))eco
7 de abril de 2006

Corrida ao Juruena

De Claudio Tulio Pádua Gostaria de saber quais serão as justificativas que o Sr. José Geraldo Riva, este político expoente da região colonizadora do norte matogrossense e representante do maior munícipio produtor de gado do planeta, Juara, tem a dizer sobre uma dúvida que me atormenta: Sr. José Riva, Sou engenheiro florestal e Msc em manejo ambiental pela UFLA em MG e em 2002 estive entre Sinop e Juara pelo programa SISPROF avaliando planos de manejo e planos de desmate e, portanto, fui testemunha ocular do desmate de centenas de milhares de hectares de mata para o plantio de soja e formação de pastagens em centenas de propriedades, entre elas do senhor, dos Maggi, do Rogério Ceni, entre outros. Como técnico e modesto interessado sobre ecologia e meio ambiente me pergunto em que argumento o senhor se fundamentará quando o norte de MT começar a ser acometido por tornados e o pantanal matogrossense começar a secar totalmente no inverno e sofrer enchentes regulares no verão? Não me entenda mal, não sou visionário bíblico e nem macumbeiro, mas o menor conhecimento sobre alguns aspectos ecológicos básicos poderiam previnir estas tragédias que fatalmente ocorrerão devido ao descaso do governo, em todas as suas esferas, com a área ambiental no Brasil. Aceita uma sugestão? Corrobore para estabelecer uma UC de uso indireto. Quem sabe assim até eu poderei ser seu eleitor (mas aí vai ter que ajudar a regulamentar a caça no MT também). Cordiais abraços

Por Redação ((o))eco
4 de abril de 2006

Itatiaia, entre o tudo e o nada II

De Maria Teresa de Mehr Moradora do Núcleo Colonial Itatiaya e membro da AAI (Associação dos Amigos do Itatiaia) É verdade que "o ótimo é inimigo do bom". Ótimo seria ter 30.000 hectares de parque nacional sob o controle total do Ibama a um alto custo econômico e social; bom seria ter 29.700 com o grande beneficio de dar um passo numa direção que garante a sustentabilidade ambiental: a valorização do capital humano. O mundo está vivenciando uma dupla quebra de paradigma: A premissa de que o homem é por natureza o inimigo do seu habitat e, por tanto, se deve mantê-lo o mais longe possível da natureza, é hoje uma posição tão questionável quanto a crença de que uma autoridade externa é absolutamente necessária para que os recursos naturais sejam preservados. Clique aqui para ler esta carta na íntegra e resposta do técnico do Ibama Daniel Toffoli.

Por Redação ((o))eco
4 de abril de 2006