Extermínio dos gatos – Resposta do autor
Pedro da Cunha e Menezes agradece a aula de português ministrada pela jornalista Claudia Antunes. Pede desculpas pelo lapso no uso do vernáculo e promete tentar prestar mais atenção em suas novas colunas. Críticas que engrandecem e ensinam são sempre bem-vindas. Também agradece os comentários feitos no sentido de esclarecer que a doença que há alguns anos (mais uma vez obrigado professora Claudia) causou a morte dos micos do complexo Morro da Urca-Pão de Açúcar não foi causada por felinos, mas pelo homem. De fato, assim como o gato doméstico, o Homem também pode ser muito prejudicial à fauna silvestre.Não é por outra razão que os Parques Nacionais de Uganda e Ruanda proíbem que visitantes acometidos de gripe visitem seus gorilas. O contato entre as duas espécies pode ser fatal para os grandes primatas endêmicos da África. De volta aos gatos, o colunista reafirma que defende o controle de suas populações no contexto de Unidades de Conservação. É importante ressaltar, contudo, que concorda que a eliminação pura e simples dos gatos talvez não seja a melhor medida para resguardar a fauna nativa. De fato, embora o abate tenha sido feito em vários lugares, muitos outros países têm recorrido à esterilização e, como expliquei em minha coluna, a medidas que, conquanto sejam restritivas, não contemplam nem o abate nem a esterilização. Nesse caso incluem-se a proibição de se possuir gatos em proximidade de Parques Nacionais e a colocação de sinos em seus pescoços.O que não se pode, contudo, é deixar de debater um problema que é reconhecidamente grave. Não é por outra razão que entidades reconhecidamente sérias que pensam o problema da Conservação Ambiental tanto sob a perspectiva global quanto sob o prisma local são unânimes em reconhecer o gato como uma das maiores ameaças à diversidade biológica do planeta Terra. Sob a perspectiva macro, em sua publicação "100 of the Worlds Worst Ivasive Alien Species", a União Internacional da Natureza -UICN lista 14 mamíferos como espécies invasoras que ameaçam o meio ambiente, entre eles o gato (Felis catus). Já no plano local, apenas para citar um exemplo, o Serviço de Parques Nacionais da Nova Gales do Sul, Austrália, coloca o gato (em seu estado feral) entre os nove vertebrados considerados como pragas que ameaçam a biodiversidade de suas áreas protegidas. Na publicação que trata do assunto (Controlling Animal Pests in NSW National Parks), reconhece que gatos domésticos não são uma ameaça. Recomenda que seus donos não permitam que saiam de casa à noite nem se desfaçam de suas ninhadas em jardins ou florestas, evitando assim que os gatinhos cresçam ferais. O colunista reitera que se solidariza com os missivistas, reconhece seu trabalho e agradece seus argumentos que enriquecem a discussão de um problema que precisa ser encarado pela sociedade brasileira. Por fim, sublinha que concorda com a Sra. Lucia Alborguete quando ela afirma que "O SER HUMANO... em pouco tempo vai devastar o planeta! ...O SER HUMANO, pensa e age por pura maldade! devasta matas, caçam por prazer, sem falar nas maldades que fazem para outros seres humanos". Contrariamente à percepção da Sra. Alborguete, o colunista não se esqueceu de citar o Homem. Para evitar que a Sra. precise ter o trabalho de reler a coluna que tanto a magoou, reproduz aqui somente sua conclusão: "A decisão de não controlar a população de gatos de rua é com certeza humana e nos tira o peso da consciência de eliminar um mamífero que tem acompanhado a espécie humana como animal doméstico por alguns milhares de anos. É uma opção de manejo. Por outro lado, nada fazer é deixar a fauna nativa vulnerável a um predador eficiente que não pertence aos ecossistemas brasileiros. O que fazer? Deixar que os exóticos eliminem os nativos, ou controlar os invasores para salvar a fauna da Mata Atlântica? A decisão será tomada por outra espécie exótica, invasora e muito nociva ao meio ambiente: o homem brasileiro, que nascido do cruzamento dos homens europeu, asiático e africano, há muito grilou as terras e habitats do homem nativo de Pindorama. Nestes termos, ao que tudo indica, a festa dos felinos caçadores vai continuar impune". →