(foto:Rebecce Cirns-Wicks)
Um novo estudo do Jardim Botânico do Reino Unido – o Kew Gardens – em parceria com o Museu de História Naural de Londres e a União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN) faz a primeira análise global sobre os riscos de extinção de espécies vegetais, e revela que as plantas estão tão ameaçadas quanto alguns mamíferos. Utilizando-se de informações do Kew, como os arquivos de oito milhões de espécies de plantas e fungos, espécimens do Museu de História Natural e seu extenso herbário, além da colaborações de pesquisadores de diversas partes do mundo, o estudo gerou uma Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas feita por amostragem, divulgada em 28 de Setembro.
Das 7 mil espécies avaliadas, quase 22% foram classificadas como ameaçadas, o que faz das plantas mais ameaçadas que as aves, igualmente ameaçadas aos mamíferos e menos ameaçadas que anfíbios e corais. Foi constatado que o grupo das Gimnospermas é o mais ameaçado, assim como as espécies de ambientes tropicais, os habitats mais degradados. Os processos que caracterizam as principais ameaças à biodiversidade vegetal são a perda de habitats, conversão dos mesmos em sistemas de agricultura e exploração extrativista, ações induzidas pelo homem.
O estudo revelou ainda que quase um terço das espécies (33%) não possuem informações suficientes para uma avaliação de seus riscos de extinção, um desafio para os botânicos na área de conservação.
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Avaliar as ameaças às espécies vegetais representa um grande desafio pelo grande número em relação aos animais. Por isso, adotou-se um método de amostragem, no qual 1,500 espécies foram escolhidas randômicamente dos cindo principais grupos de plantas terrestres, que de acordo com a simulação de modelos da IUCN, já utilizada para a Lista Vermelha por amostragem de aves, promove uma visão representativa do grupo de vegetais como um todo.
Foram elegidas 7000 espécies para esse estudo dos grupos principais: briófitas (grupo dos musgos), ptridófitas (plantas sem sementes ou flores, como samambaias), gimnospermas (plantas de sementes nuas, como coníferas), monocotiledôneas (primeiro grande grupo de plantas com flores, que incluem em si orquídeas, palmeiras e gramíneas) e dicotiledônas (outro grande grupo que inclui leguminosas e outras plantas com flores). O estudo inclui espécies raras e abundantes para garantir uma boa precisão na distribuição das espécies pelo mundo
A Lista Vermelha faz parte do esforço global para criar de ferramentas de monitoramento do status dos principais grupos vegetais, animais e de fungos do planeta. O projeto inclui reavaliações periódicas do futuro dos grandes grupos, para ajudar na administração dos esforços conservacionistas, criando um direcionamento mais profundo de proteção.O estudo é uma base para a conservação de plantas, demonstrando, pela primeira vez as ameaças às 380 mil espécies vegetais e é também essencial para o próximo encontro dos governantes mundiais em Nagoya, Japão, na qual serão definidas as metas de conservação da biodiversidade, ainda neste mês de outubro. (Laura Alves)
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Site Plant at Risk, com todas as informações sobre a avaliação global das espécies vegetais
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