Lobo? Só no apelido. Raposa? Também não. Apesar das semelhanças morfológicas, o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) é uma espécie distinta, não pertencente aos gêneros Canis (cães, lobos, coiotes e chacais) ou Vulpes (raposas), que formam a família Canidae.
O lobo-guará é o maior canídeo nativo da América do Sul: mede até 1m de altura; 1,20 a 1,30m de comprimento do corpo e seu peso pode chegar de 20 e 23 kg. Sua inconfundível pelagem vermelho-dourada, seus membros alongados e caminhar peculiar, podem ser avistados nas áreas de vegetação aberta (campos, cerrados e florestas de cerrado) ao longo de toda a América do Sul Central, desde o nordeste do Brasil até o norte do Uruguai.
Espécie onívora, sua dieta inclui grandes porções de frutas como a “fruta-do-lobo” (Solanum lycocarpum) – para as quais o lobo-guará é o principal dispersor de sementes –, além de pequenos mamíferos, aves, insetos e répteis.
Territorialista, o lobo-guará tem hábitos solitários, juntando-se em casais apenas durante a época da estação reprodutiva, período em que a fêmea não sai da toca e é alimentada pelo macho. A gestação dura em média 65 dias e resulta em ninhadas de até 6 crias, embora o número médio de cria seja 2. Os filhotes nascem pretos, com a ponta da cauda branca e pesam entre 340 e 410g. Ambos os pais cuidam da sua prole, até, pelo menos, 1 ano, quando as crias atingem sua maturidade sexual.
A perda de habitat, principalmente, aliada à caça predatória e a expansão da agricultura (conflitos devido a predações ocasionais do lobo-guará sobre animais domésticos) e até atropelamentos são as principais ameaças às populações de lobo-guará, que têm sofrido um declínio significativo. Eles são classificados pela IUCN como “Quase ameaçados” (Near Threatened) e pelo ICMBio, como Vulnerável à extinção, sendo objeto de um plano de ação nacional cujo objetivo é a sua conservação.
O que é, então, o lobo-guará? Pode-se dizer que o Chrysocyon é um gênero com espécie única ou, em outras palavras, um belo resultado dos caminhos que a Evolução toma. Motivo suficiente, aliás, para que seja preservado.
Nos jardins, nas matas e, em breve, apenas na memória
Pica-pau-dourado-escuro: o primo brasileiro
Um macaco sem galhos: guariba-de-mãos-ruivas
Leia também
![](https://i0.wp.com/oeco.org.br/wp-content/uploads/2024/07/Esther.jpg?resize=600%2C400&ssl=1)
Com servidores ambientais em greve, ministra da Gestão se compromete a reabrir negociações
Categoria entrou em greve em 24 estados após fim das negociações pela reestruturação da carreira; promessa foi feita a servidores da Paraíba, durante evento em João Pessoa →
![](https://i0.wp.com/oeco.org.br/wp-content/uploads/2024/07/Johann_Chui-ao-Oiapoque_1_corte3-2.jpeg?resize=600%2C400&ssl=1)
Do Chuí ao Oiapoque na maior trilha do Brasil
Com mais de 2.500 quilômetros já percorridos, o francês Johann Grondin realiza sua maior aventura, literalmente, ir a pé de um extremo ao outro do Brasil →
![](https://i0.wp.com/oeco.org.br/wp-content/uploads/2024/07/delivery-worker_Asuncion_Paraguay-24-2048x1365-1.jpeg?resize=600%2C400&ssl=1)
Calor extremo: como a crise climática impacta trabalhadores na América Latina
Eventos climáticos extremos e aumento das temperaturas colocam em risco saúde dos trabalhadores e demandam medidas de adaptação →