Salada Verde

23 milhões de animais foram mortos na Amazônia, diz estudo

A mortandade de animais aconteceu no período de 1900 a 1970. Pesquisa revela também que os animais mais abatidos foram os aquáticos.

Sabrina Rodrigues ·
13 de outubro de 2016 · 8 anos atrás
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente
A onça pintada foi um dos animais mortos para a obtenção de pele para a moda internacional nos anos 50, 60. Foto: Mário Dias/Flickr.
A onça pintada foi um dos animais mortos para a obtenção de pele para a moda internacional nos anos 50, 60. Foto: Mário Dias/Flickr.

Um estudo inédito e aprofundado realizado por pesquisadores brasileiros e publicado na revista Science Advances concluiu que cerca de 23 milhões de animais foram mortos na Amazônia entre 1900 e 1970. Tal mortandade tem como responsáveis a procura por animais para a obtenção de couro e pele. A busca pela obtenção do couro e de peles alcançou o seu protagonismo em função da queda do primeiro ciclo da borracha, a partir de 1912, em que foi preciso substituir a borracha por outro impulsionador da economia na Amazônia. Nos anos 50, a moda internacional tinha como produto ostentação os casacos de pele, o que incentivou a caça de peles de felinos. O mais curioso nesse estudo é que as espécies que mais sofreram em sete décadas de caça comercial foram os animais aquáticos, como o jacaré-açu, a ariranha e o peixe-boi, por exemplo. Pela facilidade de acesso a esses animais, eles ficaram mais vulneráveis para a captura e não houve recuperação no número da sua população. Para os pesquisadores, o estudo ajuda a repensar a caça de subsistência na Amazônia, que de certa forma flerta com a ilegalidade e sobre a Lei de Fauna no Brasil, que segundo eles, é totalmente obsoleta no que diz respeito às abordagens modernas de manejo de espécies caçadas.

 

Fonte: Folha de São Paulo.

 

  • Sabrina Rodrigues

    Repórter especializada na cobertura diária de política ambiental. Escreveu para o site ((o)) eco de 2015 a 2020.

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Comentários 6

  1. O maior destruidor da nossa biodiversidade é o sistema capitalista que não aceita limites para sua expansão insana e invasiva, desde a "colonização" – ou melhor dizendo – a matança de índios, bichos e plantas (sob a alegação que eram "nocivos" ou não interessavam economicamente) associado à descaraterização dos ecossistemas e poluição das águas, do solo e do ar. Que desenvolvimento? Desenvolvimento da simplificação? Da degradação? Da erosão em todos os seus sentidos? Nós, como invasores deletérios, não tivemos nenhuma consideração com o modelo que encontramos aqui na época da invasão. Na verdade, o modelo indígena deveria ser o modelo mais adequado para nossas atualização tecnológicas, e não exatamente importar soluções de países "do gelo" para terras tropicais. Existe aqui uma incompatibilidade ecológica flagrante que continua a ser praticada de modo irracional.


    1. nildo santos diz:

      Me desculpe a franqueza, mas tanto a pesquisa quanto os comentários não passam de palavras recheadas de hipocrisia. da mesma forma que os números estão aquém da verdade sobre a quantidade de animais abatidos. fico sobre modo indignado quando ambientalistas principalmente metidos a conhecer do assunto usam do argumento que tudo é culpa do desenvolvimento e da ganancia humana na produção de alimento, e de subsistência. não sou defensor de destruição ao meio ambiente, não sou defensor de matança de animais, que fique bem claro isto, sou defensor de seres humanos.
      Pesquisas fajutas como esta sô serve para distorcer a historia a ocultar a verdadeira historia do nosso povo sofrido e esquecido desde o descobrimento desse imenso Pais. Desde o descobrimento o que se tem feito em terras tupinambas é saques. saquearam saqueiam e vão continuar saqueando, ai aparece ambientalistas com ouro nos dedos. aço no braço. lítio no bolso (celulares) nas câmeras usando combustível fóssil se protegendo do clima a custa de energia de Hidrelétricas se Alimentando de alimentos e animais produzidos em áreas que foram desmatadas, porque aqui nada tinha até se desmatar para plantar e produzir ai ficam pousando de santo protetor isso e aquilo. Quero ver abrir mão disso tudo em defesa do meio ambiente. então ai é que esta a dita Hipocrisia. criticam mais usufruem e diretamente contribuem no processo de degradação do meio ambiente.
      Nossa historia dar é um filme de terror, Nosso Pais tem uma historia negra por traz dessa bandeira que dar nojo, Nossos governantes tudo que fizeram e fazem é contribuir com a exploração desenfreada das nossa riquezas. Aqui ninguém nunca se preocupou ou se preocupa em proteger nada desde a descoberta o pau Brasil ate os dias de hoje com o açaí. façam vocês mesmos uma lista com tudo que já foi saqueado do nosso Pais sem pagar nada ou pagando quase nada em troca, É de se envergonhar .
      Quanto a historia dos Animais abatidos eu queria enumerar era a quantidade de humanos que deram suas vidas incentivados, pelo próprio governo, com a Promessa de vida melhor para aqueles que se dispusesse a desbravar e a povoar as regiões mais distantes para proteger de invasores, os mesmos foram esquecidos e as tais promessas dada por esquecidas também e os agora exilados tinham que alem de desbravar lutar pela própria sobrevivência matando e morrendo, sei que não foram poucos que perderam suas vidas nas selvas amazônicas,famílias inteiras foram dizimadas e também aldeias inteiras foram exterminadas e essa é a historia que nossos governantes não tem interesse em contar., falar do abate de animais por causa da pele e armar um circo pra falar de proteção da natureza sem buscar saber o que se passou na historia por traz desses acontecimentos é no minimo se tornar cumplicie.dos mesmos atos dos governos que jogaram milhares de perincipalmente nordestinos fugindo da seca nas regiões amazônicas, que foi onde se deu a maior incidência de abate de animais por causa das peles e de índios para a colonização da região. que fique bem claro tudo financiado e projetado pelos governos Brasileiro. ,,,, verdade vergonhosa


  2. clovis borges diz:

    Esse número se refere apenas ao que foi registrado no transporte desse material. Os próprios autores se referem a uma evidência de números muito maiores na realidade. Importante saber quais espécies foram eliminadas regionalmente a partir dessas práticas. E, nesse caso, o número de indivíduos abatidos será um elemento relativo, dependendo da espécie em questão. Relevante igualmente é considerar que a chamada "caça de subsistência", além de ilegal, já pode ser firmemente contestada como necessidade premente de determinadas comunidades. Na Mata Atlântica, por exemplo, essa prática ainda é mantida apenas por uma visão ideológica, e portanto distorcida, que sustenta esse tipo de atividade absolutamente sem sentido atualmente. Práticas de caça em geral são sérias causadoras da eliminação de espécies que ainda insistem em manter suas últimas populações em fragmentos naturais. Interessante observar avanços em políticas públicas que se preocupam com o bem estar animal de gatos, cachorros e cavalos, e desconsideram de maneira grosseira os inúmeros descalabros e torturas que envolvem as "chamadas práticas tradicionais de caça". Devemos extinguir esse tipo de prática de vez em nosso país. Já passou a hora de assumirmos que isso não representa uma necessidade e sim um meio de vida que, substancialmente, comercializa carne de caça para terceiros.


  3. Reuber diz:

    Cadê o link para o estudo original?


  4. Mario Cajuhy diz:

    Este número irá dobrar, infelizmente, quando estudos forem feitos dos anos 70 aos 2020. Mormente agora que as máfias chinesas voltaram os olhos para a nossa biodiversidade . . .- Um governo lamentável , um povo lamentável . . .um futuro mais que lamentável . . .