O Parque Nacional Serra da Capivara está em perigo de fechar as portas. Dono de um dos maiores sítios arqueológicos a céu aberto das Américas, o turismo poderia salvar o parque dos problemas de falta de verba, pessoal e estrutura, mas é preciso um aeroporto funcionando para facilitar a chegada de turistas.
O aeroporto em questão é o Internacional da Serra da Capivara e teve a primeira proposta de criação feita em 1987. Após 17 anos em obras, o aeroporto ficou pronto em maio, mas falta a homologação da pista pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), para que comece a funcionar.
Para pressionar a ANAC a liberar logo a pista do aeroporto, a Avaaz abriu uma campanha online de coleta de assinatura. A meta é coletar 100 mil assinaturas, que serão entregue a ANAC e a presidente Dilma Rousseff.
Turismo salvador
A luta pelo parque está diretamente ligada ao funcionamento do aeroporto, pois a unidade tem atrativos capazes de levar 6 milhões de turistas por ano ao local, o que manteria a estrutura sem precisar de repasses do governo.
“Todo o nosso projeto não precisaria do governo, porque o turismo manteria a região, inclusive traria dinheiro para o Piauí. Nós já tivemos firmas internacionais que queriam construir prédios, mas quando viram o aeroporto desistiram; é muito difícil trabalhar nessa situação”, explica a arqueóloga Niède Guidon, em entrevista recente a rádio Teresina FM.
A cientista fez um desabafo sobre a situação calamitosa da unidade de conservação e afirmou que, se continuar do jeito que está, a Fundação Museu do Homem Americano terá que fechar as portas. A Fundação administra a área de visitação do parque e o Museu do Homem Americano, que reúne um acervo de valor incalculável de fósseis de animais pré-históricos e conta 100 mil anos de trajetória do homem.
Facilitar o acesso ao parque é tão importante que Niède chegou a tirar o dinheiro do próprio bolso para acelerar as obras do aeroporto.
Aos 81 anos de idade e uma vida dedicada a proteger as pinturas rupestres do Parque Nacional da Serra da Capivara, Niède cansou. “Deixei de morar em Paris para morar em São Raimundo Nonato para defender esse patrimônio e não consegui. Realmente um fracasso total”, desabafou.
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