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Newsletter O Eco+ | Edição #137, Março/2023

Tragédias em série, admirável sapinho novo e a biodiversidade marginal

Newsletter O Eco+ | Edição #137, Março/2023

05 de março de 2023

Vários fatores contribuíram, em maior ou menor escala, para a dimensão do desastre no  litoral norte de São Paulo. A reportagem de ((o))eco compilou dados dos quatro principais fatores – a geologia da região, a ocupação irregular de encostas, as mudanças climáticas e a falta de políticas públicas – e ouviu especialistas para entender quais são as probabilidades de que casos como esse se repitam. O resultado é a galeria de fotos de Felipe Beltrame, acompanhada de textos de Cristiane Prizibisczki, mostrando que, sem vontade política, a tragédia pode se repetir e ser ainda pior. 

O sapinho-admirável-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus admirabilis) vive apenas num trecho de cerca de 2 km de extensão no rio Forqueta, entre os municípios de Arvorezinha e Soledade, numa área de Mata Atlântica preservada da Serra Gaúcha. Sua população é estimada entre mil e 2 mil indivíduos e não está abrigada numa unidade de conservação. Pesquisadores, até agora, não encontraram a espécie em nenhum outro local. A morada serrana do sapinho-admirável tem as condições ecológicas e de clima perfeitamente ajustadas à sua reprodução e alimentação. Restrito a esse rio no Rio Grande do Sul, pesquisadores, ONGs e comunidade local uniram forças para garantir sua sobrevivência. Aldem Bourscheit revela como um sapinho que foi capaz de afastar o projeto de uma hidrelétrica, pode sucumbir ao avanço do agronegócio e à crise climática. 

Aldem também assina a reportagem que mostra como o Fundo de Desenvolvimento do Sistema Rodoviário do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundersul) pode ampliar os riscos à fauna do Mato Grosso do Sul. Este ano apenas, o Fundersul prevê movimentar um orçamento de R$ 1,4 bilhão, sendo que 1 bilhão para implantar, asfaltar e reformar rodovias. Outros R$ 16 milhões servirão a projetos, estudos e licenciamentos ambientais. Todavia, os recursos que facilitarão o transporte de cargas e passageiros podem ameaçar populações de variadas espécies e a vida de pessoas em veículos que colidem com grandes animais silvestres, como antas, capivaras, onças e tamanduás, e também de criação, como bois e cavalos.

Boa leitura!

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Redação ((o))eco

· Destaques ·

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· Conservação no Mundo ·

Outras poluições. Nem toda poluição vem das pessoas. “Não estamos olhando para as emissões humanas de poluição do ar, porque podemos mudar o que emitimos”, disse James Gomez, estudante de doutorado da Universidade da Califórnia e principal autor do estudo publicado na revista Communications Earth & Environment. “Podemos mudar para carros elétricos. Mas não podemos mudar a poluição do ar causada por plantas ou pela poeira.” O estudo detalha a degradação da qualidade do ar no futuro a partir dessas fontes naturais. As plantas produzirão em maior quantidade compostos químicos que, em contato com oxigênio, formam aerossóis orgânicos capazes de causar asma, doenças cardíacas e câncer, se inalados. O Deserto do Saara lançará mais poeira na atmosfera pelo aumento dos ventos. De acordo com o estudo, quando as temperaturas globais atingirem 4º Celsius, as emissões prejudiciais de plantas e a poeira aumentarão em até 14%. [ScienceDaily]

 


 

Recém descobertos, já ameaçados. Uma equipe de cientistas locais e internacionais acabaram de descrever seis novas espécies de camaleão-pigmeu — do tamanho de um polegar — nas Montanhas do Arco Oriental da Tanzânia. As montanhas cobertas de florestas formam um “arquipélago terrestre” que se estende por 900 km. Assim como as 13 ilhas dos Galápagos, os 13 blocos isolados de montanhas abrigam uma biodiversidade surpreendente. Mas essas florestas estão ameaçadas por fazendeiros e pastores que as derrubam para plantar e criar gado. A maioria dos seis camaleões recém-descritos já está em risco de extinção devido à perda de habitat, segundo pesquisadores. [Mongabay]

 

· Animal da Semana ·

O animal da semana é o bem-te-vi-rajado!

Comum em praças e jardins de áreas urbanizadas. Pequeno – mede aproximadamente 22  cm e pesa cerca de 50 gramas – o pássaro desaparece das praças no outono e retorna na primavera. Normalmente para a mesma praça onde estava antes. Fugindo da temperatura fria, o bem-te-vi-rajado viaja durante 30 dias até chegar em um ambiente bem diferente de casa: a floresta amazônica. 🌳

🎨 Gabriela Güllich (@fenggler)

· Dicas Culturais ·

• Pra assistir •

A Última Floresta (2021) | Luiz Bolognesi

Documentário e ficção se entrelaçam neste filme que retrata o cotidiano da tribo indígena Yanomami e a luta de seus integrantes para preservá-la.

Netflix

• Pra ler •

Amazônia – E eu com isso? (2019) | Nurit Bensusan, Taisa Borges

Por mais majestosa que seja, a Floresta Amazônica não é eterna. Esse território tem sido constantemente ameaçado pela ilegalidade e lucro rápido, arriscando não só a diversidade de espécies animais e vegetais, como colocando em xeque a vida dos seres humanos que habitam aquela região, e todo o nosso futuro. A autora avisa: “sem a Amazônia, caminharemos bem mais rápido para a transformação desse planeta, ainda convidativo para nossa espécie, em um mundo profundamente hostil. Sem a floresta, apressaremos o fim do mundo”.

Editora Peirópolis

 

• Pra presenciar •

Encontros para o Amanhã | Museu do Amanhã

Nesta terça-feira (7), a primeira edição do evento recebe o engenheiro ambiental, doutor em ciência política pela Universidade Paris VII e pesquisador martinicano Malcom Ferdinand, autor do livro “Uma ecologia decolonial — pensar a partir do mundo caribenho”, lançado no Brasil pela editora Ubu (2022) com prefácio de Angela Davis. Na obra, o autor faz um paralelo dos vínculos profundos entre a escravidão colonial e a degradação do planeta perpetuados até os dias atuais.

Museu do Amanhã

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