Newsletter O Eco+ | Edição #140, Março/2023
26 de março de 2023
“O grande pulmão do planeta é o fitoplâncton, que captura imensas quantidades de dióxido de carbono (CO2) e devolve oxigênio (O2) para todos respirarem. Não há equilíbrio climático sem os oceanos”, destaca Moacyr Araújo, coordenador da Rede Clima e vice-reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O cientista comenta o novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) das Nações Unidas divulgado nesta segunda-feira (20), que destaca que ecossistemas naturais em terra, rios e mares estão ameaçados pela crise que ações humanas impuseram ao clima global. Temperaturas em alta e eventos extremos afetam a biodiversidade, a produção de alimentos e sobretudo populações menos protegidas. Há soluções. Além de Araújo, a reportagem de Aldem Bourscheit traz considerações de especialistas sobre o relatório que reforça a necessidade de substituição dos combustíveis fósseis e de uma transição energética com justiça social.
Uma das secretarias temáticas mais importantes do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), a Secretaria Nacional de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais (SBio) é responsável por gerir políticas e programas voltados para a preservação de florestas, conservação e uso sustentável da biodiversidade. Remodelada na atual gestão, voltando a ganhar status e importância dentro do ministério, a secretaria tem agora uma nova gestora: Rita de Cássia Mesquita, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Considerada a “gestora da floresta”, Mesquita foi responsável – direta e indiretamente – pela criação de dezenas de áreas protegidas na Amazônia em sua longa carreira acadêmica e profissional. Cristiane Prizibisczki conversou com Rita Mesquita sobre o cargo que assume e seus objetivos à frente da SBio.
Reportagem de Duda Menegassi mostra que, com os avanços tecnológicos e sua gradual popularização, os drones têm sido equipamentos cada vez mais utilizados para apoiar levantamentos de fauna nos mais diferentes ambientes. Das copas das árvores em florestas tropicais aos campos abertos e até mesmo em alto-mar. Controlados remotamente ou em rotas de voo pré-programadas, estes veículos aéreos não-tripulados, equipados com sensores de diversos tipos, têm ampliado a fronteira do monitoramento da biodiversidade no mundo.
Boa leitura!
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Redação ((o))eco
· Destaques ·
Crise climática já prejudica ecossistemas no planeta todo
Rita Mesquita, do INPA, assume Secretaria de Biodiversidade no Ministério do Meio Ambiente
Drones: a nova fronteira tecnológica para o monitoramento da fauna
· Conservação no Mundo ·
Dieta café zero. Um estudo publicado na revista PLOS Climate sugere que as mudanças climáticas podem afetar significativamente os locais onde o café é cultivado. Os cafeeiros são sensíveis à variabilidade e mudança climáticas. A fim de entender melhor como os fenômenos climáticos de grande escala, como o El Niño, podem levar a perdas simultâneas de safras de café em vários países, os pesquisadores realizaram uma análise sistemática dos riscos e descobriram que o número de perigos climáticos e eventos compostos aumentou em todas as regiões produtoras de café entre 1980 e 2020. Além disso, o tipo de perigo mudou de condições excessivamente frias para excessivamente quentes. De acordo com os autores, “Com as projeções de mudança climática mostrando que é provável um aumento contínuo das temperaturas nos trópicos, postulamos que a produção de café pode esperar choques sistêmicos contínuos em resposta a riscos climáticos compostos espacialmente.” Mais pesquisas são necessárias, no entanto, para entender que tipo de adaptações podem mitigar as falhas globais da safra de café. [ScienceDaily]
Saiba o que está respirando. Um estudo de cientistas do Instituto Weizmann de Ciências de Israel, publicado este mês, concluiu que o peso total dos mamíferos terrestres selvagens da Terra é agora inferior a 10% da tonelagem combinada de homens, mulheres e crianças que vivem no planeta. Os mamíferos terrestres selvagens – de elefantes a bisões e de veados a tigres – têm uma massa total de 22 milhões de toneladas. Em comparação, a humanidade agora pesa um total de cerca de 390 milhões de toneladas. Ao mesmo tempo, as espécies que domesticamos, além de outros parasitas, como roedores urbanos, somam 630 milhões de toneladas e a biomassa dos porcos, sozinha, é quase o dobro de todos os mamíferos terrestres selvagens. Os números demonstram claramente que a transformação da humanidade das áreas selvagens e habitats naturais do planeta em uma vasta plantação global está bem encaminhada – com consequências devastadoras para suas criaturas selvagens. Como enfatizam os autores do estudo, a ideia de que a Terra é um planeta que ainda possui grandes planícies e selvas repletas de animais selvagens está agora seriamente fora de sintonia com a realidade. [The Guardian]
· Animal da Semana ·
O animal da semana é a raia gigante!
A espécie Manta birostris ou Mobula birostris, conhecida como raia jamanta ou manta gigante, é a maior das espécies e um dos maiores peixes do mundo, podendo chegar a oito metros de uma asa a outra e pesar mais de duas toneladas. São criaturas dóceis, que compõem a chamada “megafauna carismática”, animais que valem muito mais vivos do que mortos, com potencial para movimentar o turismo de mergulho.
Infelizmente, desde 2011, essas gigantes gentis estão classificadas como “Vulneráveis à Extinção” na lista vermelha da IUCN, devido sua pesca excessiva junta à sua lenta reprodução. Em 2013, foi proibida a pesca, retenção a bordo e comercialização desses animais em todo o Brasil.
🎨 Gabriela Güllich (@fenggler)
· Dicas Culturais ·
• Pra assistir •
Tudo Que é Sólido Desmancha no Mar (2022) | Lucas Cavalcanti, Kaio G. Augusto e Wlad
Através dos olhos e da voz da bióloga Janine Benyus, o filme percorre diversos cantos do planeta para revelar o nascimento e os princípios da biomimética, uma metodologia de inovação inspirada na natureza que coloca a vida no centro.
• Pra ler •
Planeta sempre vivo (2022) | Barbara Fechter
O livro propõe um tema essencial para as gerações presentes e futuras: o lixo de todos. Não é exagero afirmar que o lixo também movimenta a economia, oferecendo boas oportunidades de negócios para os empreendedores. No livro, é possível notar que a boa gestão dos resíduos é uma meta ao alcance de todos.
• Pra ler •
O pensamento ecológico (2023) | Timothy Morton
Através de referências fundamentais da história da filosofia, o autor utiliza exemplos da poesia, das artes visuais, da música, do cinema e da cultura pop para buscar nada menos do que reconceitualizar aquilo que entendemos por “ecologia”. Para Morton, as concepções teóricas tradicionais ou bem intencionadas que geralmente definem o termo “ecologia”, longe de contribuir para o enfrentamento da catástrofe ambiental, podem, ao contrário, intensificar a catástrofe. O pensamento ecológico propõe uma compreensão inesperada sobre impasses teóricos e práticos que estão na origem das mudanças climáticas.