O turismo de natureza ganha força no Brasil. Para além de trilhas e cachoeiras deslumbrantes, as cavernas também possuem biodiversidade única e notável potencial turístico, ainda que pouco explorado no país. Para aumentar as informações disponíveis sobre esses ambientes, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) convoca gestores de Unidades de Conservação (UCs) para contribuírem com o Censo Brasileiro de Cavernas Turísticas.
Há mais de 26 mil cavernas já registradas no Brasil, de acordo com o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (ICMBIO/Cecav). A espeleóloga Luciana Alt, que comanda o censo, argumenta que o turismo em cavernas possui relevância social e econômica, capaz de gerar emprego e renda em comunidades com poucas oportunidades de desenvolvimento econômico. “As cavernas turísticas são as janelas mais enfeitadas e acessíveis, para um vasto e pouco conhecido ambiente subterrâneo, geram oportunidades de lazer, entretenimento e educação, para o público em geral”, explica.
Gestores interessados em contribuir com o Censo 2025 devem preencher um formulário com dados como localização, atividades de uso público realizadas, existência ou não de Plano de Manejo Espeleológico, infraestrutura de apoio existente dentro e fora da caverna, e número de visitantes por ano.
O censo está atrelado ao Plano de Ação Nacional para Conservação do Patrimônio Espeleológico Brasileiro (PAN Cavernas do Brasil). Criado em 2021, o PAN Cavernas tem como objetivo prevenir e reduzir os impactos humanos nos ecossistemas cavernícolas. Além da divulgação científica, o trabalho inclui o desafio de valorizar estes espaços enquanto áreas para visitação.
Segundo o Anuário Estatístico do Patrimônio Espeleológico Brasileiro deste ano, Minas Gerais é o estado com maior concentração de cavernas no país (12.911), seguido pelo Pará (3.224) e pela Bahia (2.017). Quase metade de todas as cavernas conhecidas estão no bioma Cerrado (12.008).
O levantamento revela ainda que 8.322 cavernas estão dentro de unidades de conservação, o equivalente a quase um terço do total, sendo 57% em UCs de uso sustentável e 43% de proteção integral.
Ainda de acordo com o anuário, atualmente 11.397 (43,76% do total) das cavernas conhecidas estão localizadas em áreas pleiteadas pela mineração.
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