Newsletter O Eco+ | Edição #141, Abril/2023
02 de abril de 2023
Uma parte importante da força comercial do Mercosul é conectada ao tráfico de produtos pelas fronteiras dos países membros. A tríplice fronteira entre as cidades de Foz do Iguaçu, no Brasil, Puerto Iguazú, na Argentina, e Ciudad del Este, Paraguai, é um hotspot para crimes de toda sorte. Mercadorias de diferentes partes do mundo, chegam a Ciudad del Este e atravessam a movimentada “Ponte da Amizade”, que conecta o Paraguai ao Brasil. Em uma fronteira onde, diariamente, cruzam mais de 40 mil veículos e mais de 80 mil pedestres, as apreensões de agroquímicos (agrotóxicos, fertilizantes e outros itens usados em lavouras) dispararam nos últimos anos — 29 mil garrafas, caixas e sacos foram confiscados em 2022, no lado brasileiro. Tudo vinha do Paraguai. A reportagem de Aldem Bourscheit (Brasil) e Aldo Benítez (Paraguai) revela como as fronteiras entre países sul americanos se tornaram alvo do crescente e lucrativo tráfico internacional de agrotóxicos.
Muitas vezes invisibilizadas, mulheres já representam quase metade das mãos que fazem ciência no país e na área da conservação não é diferente. Foi com isso em mente que a jornalista Paulina Chamorro e o documentarista João Marcos Rosa começaram, em 2019, o projeto multimídia “Mulheres na Conservação”. “Temos no país mais biodiverso do mundo, mulheres que estão criando pesquisas ou linhas de pesquisas inteiras, e nós não tínhamos um projeto de comunicação que exaltasse a vida e obra dessas mulheres”, afirma a jornalista em entrevista a Marcio Isensee e Sá. Ao longo destes anos, Paulina e João acompanharam as protagonistas reais da preservação ambiental, que aceitaram, mais do que apresentar seus trabalhos, abrir a vida, o coração, a rotina e contar suas histórias. O material produzido — que já foi publicado em reportagens, podcast e websérie — agora toma a forma de um documentário.
Na tarde da quinta-feira (30), a Câmara dos Deputados aprovou a Medida Provisória nº 1150/2022, uma herança do governo Bolsonaro. A medida traz retrocessos para o Código Florestal ao adiar, pela sexta vez, o prazo de adesão ao Programa de Regularização Ambiental (PRA), com um texto que abre brechas para que o programa nunca seja cumprido de fato. Além disso, também carrega em si uma série de “jabutis” que afetam outras normas fundamentais do arcabouço ambiental brasileiro: a Lei da Mata Atlântica e o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). A nota de Cristiane Prizibisczki aponta os quelônios que fragilizam regularização ambiental e aumentam a possibilidade de desmatamento na Mata Atlântica.
Boa leitura!
Redação ((o))eco
· Destaques ·
Fronteiras do crime
As protagonistas da ciência e conservação ambiental no Brasil
Câmara aprova norma com retrocessos ao Código Florestal e à Lei da Mata Atlântica
· Conservação no Mundo ·
Sinalização de trânsito. “Se você é uma águia e está seguindo seu caminho, pode ter uma visão fantástica de alta resolução espacial”, explica Graham Martin, ornitólogo e especialista em visão de pássaros da Universidade de Birmingham, no Reino Unido. “Mas se você virar a cabeça para olhar para baixo, não olha para onde está indo. Claro, isso sempre funcionou [para pássaros] no passado; isso nunca foi um problema. Só agora que colocamos as coisas no caminho deles.” Em um artigo recente publicado na Global Ecology and Conservation, Martin e seu colega propuseram uma nova estratégia para mitigar colisões entre aves marinhas e turbinas eólicas: pintar um padrão preto e branco nas três pás e no pilão para produzir um efeito tremeluzente, alertando assim os pássaros sobre a existência de uma turbina – e, com sorte, reduzindo as mortes. Essa estratégia ainda não foi testada ou implementada, mas os especialistas acreditam que ela é promissora e criaria o efeito desejado. [Mongabay]
Direito à natureza. Os membros da comunidade no Vale do Intag, no Equador, ganharam um processo judicial para interromper o projeto de mineração de cobre Llurimagua, com o tribunal ordenando a revogação das licenças de mineração da Codelco do Chile e da ENAMI EP do Equador. A concessão de mineração fica nos Andes tropicais, o hotspot de maior biodiversidade do mundo, lar de dezenas de espécies endêmicas e ameaçadas, incluindo duas espécies de sapos quase extintas. Um tribunal provincial reconheceu que as mineradoras violaram os direitos constitucionais e à natureza de consulta das comunidades garantidos pela Constituição do Equador desde 2008. A decisão é uma vitória significativa para as comunidades Intag, que resistem à mineração há quase 30 anos, e estabelece um precedente importante para proteger os direitos constitucionais e ambientais, além de enviar uma mensagem aos investidores de que o Equador não é uma aposta segura para operações de mineração . [Mongabay]
· Animal da Semana ·
O animal da semana é arara-azul-de-lear! 💙
A espécie tem o hábito de realizar longos voos diariamente, que podem chegar a até 80 km, para se alimentar em áreas próximas ao seu dormitório. 📌
Aos pares ou em bandos, a espécie sai ao amanhecer e voa em alta velocidade em alturas relativamente elevadas, entre 80 e 150 metros. Ao final da tarde, retornam de várias direções. 🔖
🎨 Gabriela Güllich (@fenggler)
· Dicas Culturais ·
• Pra ler •
A maravilhosa trama das coisas (2023) | Robin Wall Kimmerer
Como botânica, Robin Wall Kimmerer aprendeu a analisar a natureza sob um olhar científico. Como integrante da Nação indígena Potawatomi, por outro lado, ela abraça a ideia de que as plantas e os animais são nossos professores mais antigos. Entrelaçando a sabedoria das plantas, as tradições dos povos originários e as principais metodologias científicas ocidentais, o livro nos convida a viver uma cultura de gratidão: a agradecer as dádivas da terra e cuidar dela.
• Pra assistir •
A Arca das Girafas (2022) | National Geographic
As girafas do Vale do Rift, no Quênia, estão praticamente extintas. Sua população foi dizimada pela caça ilegal e pela guerra. Antigas comunidades rivais unem forças para resgatar uma manada de girafas raras de uma enchente jamais vista.