Newsletter O Eco+ | Edição #143, Abril/2023
16 de abril de 2023
A Pyrrhura pfrimeri é uma pequena ave conhecida popularmente como tiriba-do-paranã. Ela ganhou este nome porque a espécie é encontrada apenas numa pequena área de Cerrado, na bacia do Paranã – situada na fronteira entre o sudeste do Tocantins e o nordeste de Goiás. O peito vermelho é emoldurado por um verde vibrante que se estende até as asas, quando de súbito surgem penas azuis que aumentam o contraste. Na cabeça, o padrão colorido se repete, com uma máscara vermelho-arroxeada que destaca os olhos e bico negro, com uma coroa azulada que desce até encontrar-se com o verde do dorso. Em seus cerca de 22 centímetros cada tiriba parece querer carregar em si todas as cores do mundo. Sua existência, cada vez mais ameaçada pelo desmatamento, foi alvo de um artigo publicado na revista científica Ornithology Research em março deste ano por Túlio Dornas, da Universidade Federal do Tocantins (UFT). A ave, já perdeu 60% do seu habitat, é tema da reportagem de Duda Menegassi.
“Qualquer foto que você tira ali é uma paisagem que você fala ‘não é possível, isso é uma pintura!”, conta a empresária Alice Galvão do Nascimento, dona da pousada Rio Mutum, em Barão de Melgaço, município do Pantanal mato-grossense. Sua pousada fica às margens de Chacocoré, baía que, além da beleza natural, favorece a segurança hídrica e alimentar de habitantes da região. Entretanto, em 2020, Chacocoré perdeu mais da metade da cobertura de água, evidenciando que o sistema hídrico do qual dependem Alice e cerca de 40 comunidades tradicionais está comprometido. Três anos depois desse episódio, Michael Esquer viajou até Mato Grosso para acompanhar uma jornada que une ribeirinhos, pescadores, pesquisadores, entes públicos e órgãos ambientais estaduais na busca por respostas para a pergunta: como se restaura uma baía?
A nota de Cristiane Prizibisczki trata do estudo “Bancando o caos climático.” Divulgado esta semana, o documento trouxe a análise mais completa sobre financiamento de combustíveis fósseis em nível global. Endossado por 634 organizações de 75 países, entre elas Rainforest Action Network, Greenpeace e Fridays for Future, o estudo mostra o quanto os bancos ao redor do mundo estão comprometidos – ou não – com o clima. O financiamento de combustível fóssil por parte dos 60 maiores bancos do mundo atingiu U$ 5,5 trilhões nos sete anos que se passaram desde a adoção do Acordo de Paris. Apenas em 2022, as instituições financeiras mundiais injetaram US$ 673 bilhões em empresas voltadas para a exploração de petróleo e gás natural.
Boa leitura!
Redação ((o))eco
· Destaques ·
Ave restrita e ameaçada, tiriba-do-paranã já perdeu 60% do seu habitat
Como se restaura uma baía?
Em 2022, bancos investiram U$673 bi na exploração de combustíveis fósseis
· Conservação no Mundo ·
Muito pouco, tarde demais? Com menos de 800 indivíduos sobrevivendo em uma pequena extensão de floresta na parte ocidental da Indonésia, o orangotango Tapanuli (Pongo tapanuliensis) foi declarado em 2017 como o mais raro e mais ameaçado dos grandes primatas. Um mês após sua identificação como uma espécie única, um relatório da IUCN calculou que a população dos macacos havia caído 83% ao longo de três gerações. Esse declínio foi atribuído à caça e perda de habitats para mineração, uma usina hidrelétrica e a expansão agrícola. “Desde que [a espécie] foi descrita, não mudou muita coisa. Você pensaria que novas espécies de orangotango, novas espécies de grandes símios, o mundo iria arregaçar as mangas e decidiria salvá-lo”, disse Amanda Hurowitz, diretora sênior no grupo norte-americano Mighty Earth. “Infelizmente, o orangotango Tapanuli enfrenta muitas das mesmas ameaças que enfrentou em 2017. Então, eles são realmente uma espécie que identificamos quando já estavam à beira da extinção e, infelizmente, nossas ações provavelmente os empurraram ainda mais”. Embora alguns esforços de conservação ofereçam esperança, os pesquisadores dizem que é necessário um plano coordenado para garantir a sobrevivência da espécie. [Mongabay]
Picos nus. De acordo com um novo estudo publicado na revista One Earth, mais de 7% das florestas montanhosas em todo o mundo — uma área duas vezes o tamanho da Noruega — foram perdidas entre 2001 e 2018, com taxas de perda quase dobrando após 2010. As descobertas do estudo são uma preocupação significativa para a biodiversidade, já que mais de 85% de todas as espécies de aves, mamíferos e anfíbios vivem toda ou parte de suas vidas em florestas montanhosas. Muitas dessas espécies têm um alcance limitado, tornando-as altamente suscetíveis à extinção, mesmo com uma perda florestal mínima. A perda florestal variou por região: as montanhas tropicais perderam florestas quase três vezes mais rápido que as florestas temperadas e mais de oito vezes mais rápido que as florestas boreais. [Mongabay]
· Animal da Semana ·
O animal da semana é o Beija-flor asa-de-sabre-da-mata-seca! 🌸
O Campylopterus calcirupicola é uma espécie endêmica das Matas Secas do rio São Francisco e do vão do rio Paranã, ocorrendo no norte de Minas Gerais, oeste da Bahia, extremo nordeste de Goiás e extremo sudeste de Tocantins. 📌
Reside nas matas secas situadas em afloramentos rochosos de calcário e solos calcários, em elevações de 460 até 880 metros.
🎨 Gabriela Güllich (@fenggler)
· Dicas Culturais ·
• Pra ler •
Brincando de Deus: como a humanidade vem alterando a natureza há 50 mil anos (2023) | Beth Shapiro
A natureza nunca mais foi a mesma depois que o homem surgiu. À medida que nossos ancestrais aprenderam a caçar, a domesticar animais e a viajar, suas ações e seus deslocamentos criaram condições para que as espécies se adaptassem e evoluíssem. Porém, as mudanças recentes são diferentes. Nosso poder de mudar as espécies é maior do que nunca, e devemos reconhecer, aceitar e aprender a controlá-lo. Em um livro instigante, a autora nos mostra como chegamos aonde chegamos e quais os dilemas e as possibilidades para o futuro.
• Pra assistir •
A Terra Negra dos Kawa (2019) | Sérgio Andrade
Neste filme longa metragem de ficção científica, um grupo de cientistas faz escavações em terrenos no interior do Amazonas em busca de uma terra preta fértil, usada para fins agrícolas. Conforme se aproximam do sítio dos indígenas Kawa, notam que a terra adquire poderes energéticos e sensoriais.
Nos cinemas a partir de 20 de abril