De acordo com a Lista Vermelha da União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), existem mais de 46 mil espécies de bichos, plantas e fungos reconhecidas como ameaçadas de extinção. Diante das lacunas de informação que ainda existem, o número na realidade pode ser ainda mais alto, no patamar dos 2 milhões de espécies. Sob o risco de desaparecer, a ameaça não paira, porém, apenas sobre elas, mas sobre toda a vida do planeta. É o que reforça o grupo de especialistas da IUCN na declaração “Salvar as espécies sustenta a vida no planeta”. O documento faz apelo à conservação da biodiversidade através de soluções interligadas às agendas da crise climática e de promoção do bem-estar humano.
A declaração, divulgada na última semana, é resultado da quinta reunião de líderes da Comissão para Sobrevivência das Espécies (Species Survival Commission – SSC) da IUCN. Os encontros ocorrem a cada quatro anos. A última edição, realizada no final de outubro em Abu Dhabi, contou com a participação dos mais de 300 líderes, entre presidentes de grupos de especialistas de diferentes grupos de espécies, chefes de comitês e forças-tarefas, que representam mais de 10 mil membros da Comissão.
A reunião de líderes – e a declaração – têm como base a Chamada para Ação Global de Conservação de Espécies de 2019, que destacou a agenda da biodiversidade como uma prioridade e responsabilidade coletiva. A chamada também inspira o Plano de Ação Global para Espécies da IUCN, publicado em 2023 e apresentado na Convenção sobre Diversidade Biológica, em Nairobi.
“A declaração, Salvar Espécies Sustenta a Vida, lembra-nos que o destino da biodiversidade está profundamente interligado com o nosso, afetando tudo, desde a estabilidade climática à saúde e bem-estar humanos. As nossas ações para proteger as espécies são, em essência, ações para salvaguardar o nosso futuro coletivo”, pontua o presidente da IUCN, Razan Al Mubarak.
O documento busca reforçar o papel fundamental das espécies para garantir água limpa, segurança alimentar, conexões culturais, estabilidade econômica e justiça social; e a necessidade do envolvimento de diferentes setores nesta agenda, desde governos (em todos os níveis) e empresas, até comunidades indígenas e locais, organizações da sociedade civil ou mesmo de indivíduos. “Sabemos como salvar espécies e provamos que a conservação funciona”, afirma trecho da declaração.
O primatólogo Russell Mittermeier, presidente do Grupo de Especialistas em Primatas da IUCN, reforça que os encontros da Comissão de Sobrevivência de Espécies reúne os maiores especialistas em conservação da biodiversidade do mundo. “Esta declaração resume muito bem a grande importância global das espécies nos nossos esforços para manter um planeta saudável. Como presidente há mais tempo na Comissão, tenho sempre o prazer de partilhar as minhas experiências com as de uma vasta gama de outros especialistas que trabalham para garantir a sobrevivência das muitas criaturas incríveis com as quais partilhamos o nosso planeta e das quais nós mesmos dependemos para nossa própria sobrevivência”, destaca.
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