Salada Verde
Pérolas da conservação
Em entrevista para lá de polêmica ao site amazonia.org.br, o pesquisador e ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Eustáquio Reis, soltou verdadeiras jóias sobre a conservação da Amazônia, do quilate das pronunciadas pelo ex-ministro Mangabeira Unger. Abaixo trechinhos elaborados por Reis. A entrevista completa pode ser conferida aqui.
Meus cálculos sobre isso, em geral, são criticados. Mas, de todas as maneiras, se você pensar em pecuária e soja na Amazônia, elas têm um beneficio muito maior do que o valor que se costuma pagar em créditos de carbono pela biodiversidade. Vão existir fatores automáticos de redução da devastação. Pois, à medida que a floresta for se tornando mais escassa, as pessoas vão passar a valorizá-la mais, preservando o bioma voluntariamente.
Também, à medida que você tiver pessoas ricas na Amazônia, elas começarão a dar mais valor ao meio ambiente. Não dá para você achar que uma pessoa pobre, com condições de vida precárias irá pensar que a floresta tem valor. Essa é uma questão absurda para ela, que tem que pensar em sobreviver. É preciso que haja uma classe média rural ao redor da Amazônia, para que as pessoas tenham também menos filhos e não usem a reprodução como mecanismo de acumulação. Geralmente, nas zonas rurais, a população tem muitos filhos, como maneira de garantir seu futuro e expandir sua capacidade de se apropriar da terra.
Eu acredito que pode ter efeitos sim (desmatamento no clima), mas eu não acredito que os efeitos sejam de uma magnitude tão grande, quando penso que a Mata Atlântica foi extinta e o clima não se alterou tão significativamente assim. Não sou climatólogo, mas pergunto: por que a Amazônia tem tanta influência no clima e a Mata Atlântica não?