
Uma China mais rica criou um mercado insaciável, principal motor da extinção dos rinocerontes, tigres, ursos, tartarugas, tubarões e dezenas de outras espécies que têm o azar de figurar na farmacopéia e gastronomia “tradicionais” de lá. Vale ressaltar que chifres de rinoceronte, pênis de tigre e afins não possuem propriedades medicinais atestadas cientificamente.
Os rinocerontes sofreram grande crise nos anos 1980-90, quando o Yemen se tornou um grande mercado (os chifres se tornavam cabos de adagas tradicionais ostentadas pelos novos-ricos) e a máfia chinesa investia na extinção dos bichos, financiando quadrilhas de caçadores, comprando todos os chifres que surgissem no mercado e acumulando-os à espera de uma valorização astronômica, quando os animais já não existissem. Isso resultou no declínio de algumas espécies em até 90% e extinções de várias populações.
Medidas de proteção como grupos paramilitares autorizados a matar os caçadores, a execução dos cabeças da máfia chinesa e medidas de manejo como translocações ajudaram a retardar o declínio. Mas desde 2006, populações de rinocerontes na África vivem uma nova crise, com centenas de animais mortos, especialmente no Zimbábue do ditador Robert Mugabe, que perdeu um quarto de seus rinocerontes em apenas 3 anos, e na África do Sul, onde 84 animais foram mortos apenas este ano.
Na raiz do problema está o declínio da repressão a caçadores ilegais, a corrupção por parte dos “agentes da lei”, incluindo funcionários de alto escalão, e o valor crescente dos chifres de rinoceronte, que já valem mais que seu peso em ouro. O resultado é a extinção de populações distintas, como o rinoceronte negro da África Ocidental, visto pela última vez no Camarões, em 2006.
Leia também

Petroleiras aproveitam disputas entre indígenas e ocupam papel de Estado enquanto exploram territórios no Equador
Nos últimos 30 anos, as três empresas que operaram o bloco 10 adotaram estratégias para fragmentar as comunidades e torná-las dependentes de suas atividades. Mas organizações indígenas resistem a essa pressão →

Desmatamento em Unidades de Conservação cai 42,5% em 2024
Número é do Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, feito pelo MapBiomas. Em Terras Indígenas, a redução foi de 24% no ano passado, em comparação com 2023 →

Deputado quer colocar parques nacionais de volta à lista de concessões do governo
Decreto legislativo tenta suspender norma que retirou 17 parques e duas florestas nacionais de programa de desestatização. Lençóis Maranhenses e Jericoacoara estão na lista →