Debate realizado semana passada na Fapesp reforçou que o Brasil, apesar de ter área, sol e geografia favoráveis, investe pouco em energias mais limpas, como a solar fotovoltaica, que desde 2003 apresenta crescimento superior a 50% ao ano, conforme o Instituto de Energia da Universidade da Califórnia e a Associação das Indústrias Fotovoltaicas Europeias. “Como é uma energia intermitente, acoplada à rede, não há necessidade de baterias para armazenamento. O Brasil tem tido um crescimento muito lento em aplicações isoladas. Para ter uma expansão acelerada – como a que vem ocorrendo em vários países da Europa –, terá de desenvolver sistemas integrados à rede elétrica”, afirmou o professor Francisco Marques, do Instituto de Física da Unicamp, conforme nota da Fapesp.
Enquanto isso, o Brasil mantém a expansão de sua matriz focada em megaobras de infraestrutura ou combustíveis sujos e ultrapassados, com enormes impactos socioambientais. O país gera apenas cerca de 20 Megawatts fotovoltaicos em sistemas isolados para bombeamento de água e eletrificação rural, na Amazônia, Norte e Nordeste. Essa potência é suficiente para uma cidade com até três mil habitantes. Um entrave a sua expansão é o custo de produção do silício, material básico das células fotovoltaicas, que convertem energia solar em eletricidade.
O Brasil exporta “silício impuro” a dois dólares o quilo e importa “silício puro” a 60 o quilo. Por isso China e Índia vêm ganhando espaço nesse mercado, inclusive por menores restrições ambientais: purificar silício emite poluentes particulados e aqui o uso de filtros é obrigatório, tornando o processo mais caro. “Indústrias brasileiras têm sido compradas por empresas norte-americanas para transformar o silício metalúrgico em silício de alta pureza. Do ponto de vista estratégico para o país, isso é um desastre”, disse o professor Paulo Roberto Mei, do Departamento de Engenharia de Materiais da Unicamp.
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