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Uma vida compacta

Nos EUA e no Canadá crescem os grupos que propõem passar longos períodos sem comprar nada. Seguem uma simples regra: ao invés de comprar, pedem emprestado ou trocam.

9 de junho de 2008 · 17 anos atrás
  • Helena Artmann

    Montanhista e balonista há mais de 16 anos, tendo feito mais de 15 expedições para alta montanha. É formada em Comunicação So...

Deu no Calgary Herald: um casal de Cochrane, cidade situada a oeste de Calgary, decidiu passar o ano de 2008 sem comprar nada ou quase nada e nem inovadores eles são! Em 1o. de janeiro de 2006, um movimento criado em São Francisco, Califórnia, EUA, por ambientalistas decidiu passar aquele ano sem comprar nada. Chamaram o movimento de ‘Os Compactos’ e hoje possuem links para grupos semelhantes em outros estados dos Estados Unidos, México, Reino Unido, Hong Kong e Canadá. O grupo do Yahoo tem quase 9 mil membros nos EUA e apenas 95 no Canadá. A idéia por trás disso tudo é reduzir o impacto no meio ambiente através da redução do consumo e, com isso, reduzindo a contribuição de cada um ao aterro sanitário.

Tom e Malora Mulhern e o filho de 3 anos, Noah, estão passando por um ano de ‘desintoxicação de compras’, como chamou a jornalista do Calgary Herald. “Nós queríamos experimentar como seria a vida se não fôssemos consumistas”, disse Tom, 26 anos, um pastor da igreja de Dalhousie, bairro no noroeste de Calgary. “Nós queremos simplificar nossas vidas, quebrar o hábito de comprar e curtir a nossa família, sem ser ‘o que mais podemos ter?’”, acrescenta Malora, 27 anos, professora de deficientes audiovisuais.

“Nós éramos adictos. É um hábito. Nós não sabemos o que fazer com o nosso tempo, então, vamos comprar”, disse Tom. Para documentar o ano sem comprar, criaram o blog ourcompactlife.com e seguem o lema ‘menos é mais’. Tom chama atenção para o fato de o experimento, como chamam este ano, ter a intenção de examinar a própria vida e seus hábitos, não para ser uma crítica aos outros, nem julgar ninguém e muito menos para dizer ‘olhem como somos bons!’

Mas todos estes grupos e solitários seguem uma simples regra: ao invés de comprar, eles pedem emprestado ou trocam (e, aqui, cito novamente um grupo do qual faço parte chamado www.freecycle.com e que está espalhado pelo mundo – é uma lista do yahoo e, no caso de Calgary, você recebe os emails diariamente, onde pessoas listam o que não querem mais ou o que precisam. Não é permitido vender nem trocar nada – tudo deve ser oferecido gratuitamente.) e, se forem comprar, só compram coisas de segunda que mão, com exceção de comida, remédios e itens de segurança. Bem, papel higiênico e roupas íntimas também estão fora desta lista!

A diretora executiva da ong onde eu trabalho, Natalie Odd, diz que “não comprar significa não extrair recursos, significa não desperdiçar nem poluir durante a produção, significa não usar recursos na distribuição, todos os passos em toda a linha de produção”. Mas, mais do que isso, Natalie acha que não consumir significa “simplificar e enriquecer sua vida” e acrescenta que este compromisso, mesmo em uma escala bem pequena de apenas uma família, pode gerar um tremendo impacto no meio ambiente. O mais importante, talvez, é que idéias como esta são uma fagulha que podem detonar uma ação bem maior. “As pessoas ficam interessadas e começam a perguntar sobre o assunto e isso pode propagar para a família e os amigos”, diz Natalie.

Interessado? Natalie dá dicas para quem quer começar um ‘sabático sem compras’, e sugere começar falando para a família e os amigos, antes de começar, explicando seus motivos e discutindo suas motivações, para eles possam ajudá-lo no caminho. Ela também sugere procurar outros que estejam passando pelo mesmo processo, para que você crie uma comunidade de apoio.

Muito radical? “Qualquer um pode fazer isso em uma escala muito menor do que a abstinência completa”, diz Natalie, começando por perguntar estas três questões toda vez que você for fazer qualquer compra: Eu realmente preciso disso? Eu realmente preciso comprar isto novo? De onde este produto vem? E, aqui, chamo a atenção novamente para a ‘Dieta das 100 Milhas’.

“Nós pensamos, ‘se vamos fazer isso, temos de fazer de forma a ser possível realizar’”, disse Tom, explicando que “nós temos excessos e estamos aprendendo a dividi-lo”. Malora acrescentou que “está realmente adorando a experiência e que está se sentindo muito mais feliz com o que já tem”, e define: “quanto menos você compra, menos você quer comprar”.

A história só começa aqui e uma breve pesquisa no Google mostra quantos já aderiram. Alguns livros e blogs que possam interessar:

Livro “A Year Without “Made in China”: One Family’s True Life Adventure in the Global Economy”, by Sara Bongiorni (Author)

http://sfcompact.blogspot.com/ – o grupo que começou tudo. Tem uma enorme lista de links.

http://www.nomorestuff.blogspot.com

http://www.myfairshare.org/ – este tem uma lista impressionante de outros blogs.

http://greeneconomics.blogspot.com/2007/03/one-households-attempt-to-have-small.html – esta página tem uma matéria excelente do New York Times.

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