Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) desenvolveram um método para medir o estoque de carbono da floresta amazônica, conhecendo apenas o diâmetro à altura do peito (DAP) das árvores. “Estamos próximos de medir a biomassa da floresta só com uma fita métrica”, comemora a autora da pesquisa, Roseana Pereira da Silva.
Atualmente, para calcular a biomassa de uma floresta é preciso usar a serra e a balança. Isto é, cortar, pesar e secar toda a vegetação da área escolhida para a amostra. A partir desses dados de coleta, existem modelos que fornecem a quantidade de água, carbono e outros elementos presentes na floresta. O modelo matemático desenvolvido pelos pesquisadores de Manaus substitui a derrubada das árvores por uma simples medição. Grosso modo, ele se parece com o trabalho de uma costureira, que a partir de medidas básicas do corpo consegue fabricar uma peça de roupa ajustada para a pessoa.
A fórmula permite medir a biomassa da floresta com apenas cinco por cento de incertezas no resultado, um número bem inferior ao aceito internacionalmente, que é de 10%. Para se chegar a ele, foi preciso fazer um levantamento de praticamente tudo o que se conhecia sobre a medição de carbono e biomassa em florestas e, a partir daí, chegar a uma equação válida para o cálculo. O método é mais exato para as florestas do Amazonas, mas nada impede que o modelo sirva também para outras áreas. É preciso apenas conhecer a altura da árvore para calcular a biomassa.
Para o doutor em Manejo Florestal do Inpa, Niro Higuchi, o método satisfaz a necessidade de uma maneira simples e eficiente de medir a biomassa, exigido pelo mercado de carbono. “É um método aceito internacionalmente, porque antes da Roseana apresentar o doutorado, ele foi apresentado à Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Nós trabalhamos com a chancela do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC)”, afirma o pesquisador. As pesquisas preliminares chegaram a ser usadas no Primeiro Inventário de Carbono do país, feito pelo governo federal.
Ele conta que os estudos começaram há mais de 20 anos, antes da Rio-92, portanto, são muito anteriores ao Protocolo de Quioto. E comemora que o método tenha sido obtido em um momento favorável, quando o governo do Amazonas começa a implantar o programa Bolsa Floresta. “Pelo nosso levantamento, não existe no Brasil um método assim”, afirma o doutor.
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