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O preço de não atear fogo

Ari e Célia Picci são um casal excepcional que eu e Cristiane Prizibisczki encontramos nos arredores de Juína, no noroeste do Mato Grosso,...

Andreia Fanzeres ·
2 de outubro de 2009 · 15 anos atrás

Ari e Célia Picci são um casal excepcional que eu e Cristiane Prizibisczki encontramos nos arredores de Juína, no noroeste do Mato Grosso, no início deste ano. Eles vivem no assentamento Iracema, a cerca de 90 quilômetros da zona urbana, ou a mais ou menos quatro horas de ônibus por estrada de terra. Em 1998, Ari abriu as primeiras picadas de uma fazenda desapropriada pelo Incra e, à época, completamente coberta por floresta. Em dez anos, não sobrou praticamente nada. Quem não vendeu seu lote para algum fazendeiro grande da região, tira renda do espaço à base de desmatamento e da criação de gado, comprado sem nota fiscal pelos frigoríficos das cercanias. Ari e Célia tentam fazer diferente. Cobram do poder público políticas menos danosas à floresta que eles lutam para manter de pé, apesar dos incêndios rotineiros que acometem sua pequena propriedade. Eles não estão sozinhos. Algumas dezenas de famílias são assistidas pela Associação Juinense Organizada de Ajuda Mútua (Ajopam) e tentam tirar sustento de culturas que não exigem corte raso da floresta, mas os incentivos do governo para que eles mesmos acreditem nesta alternativa mingam a cada ano. Diante desta situação, vejam o que dizem Ari e Célia sobre as condições reais de se abandonar o uso do fogo na Amazônia.

  • Andreia Fanzeres

    Jornalista de ((o))eco de 2005 a 2011. Coordena o Programa de Direitos Indígenas, Política Indigenista e Informação à Sociedade da OPAN.

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