Reportagens

O preço de não atear fogo

Ari e Célia Picci são um casal excepcional que eu e Cristiane Prizibisczki encontramos nos arredores de Juína, no noroeste do Mato Grosso,...

Andreia Fanzeres ·
2 de outubro de 2009 · 16 anos atrás

Ari e Célia Picci são um casal excepcional que eu e Cristiane Prizibisczki encontramos nos arredores de Juína, no noroeste do Mato Grosso, no início deste ano. Eles vivem no assentamento Iracema, a cerca de 90 quilômetros da zona urbana, ou a mais ou menos quatro horas de ônibus por estrada de terra. Em 1998, Ari abriu as primeiras picadas de uma fazenda desapropriada pelo Incra e, à época, completamente coberta por floresta. Em dez anos, não sobrou praticamente nada. Quem não vendeu seu lote para algum fazendeiro grande da região, tira renda do espaço à base de desmatamento e da criação de gado, comprado sem nota fiscal pelos frigoríficos das cercanias. Ari e Célia tentam fazer diferente. Cobram do poder público políticas menos danosas à floresta que eles lutam para manter de pé, apesar dos incêndios rotineiros que acometem sua pequena propriedade. Eles não estão sozinhos. Algumas dezenas de famílias são assistidas pela Associação Juinense Organizada de Ajuda Mútua (Ajopam) e tentam tirar sustento de culturas que não exigem corte raso da floresta, mas os incentivos do governo para que eles mesmos acreditem nesta alternativa mingam a cada ano. Diante desta situação, vejam o que dizem Ari e Célia sobre as condições reais de se abandonar o uso do fogo na Amazônia.

  • Andreia Fanzeres

    Jornalista. Coordena o Programa de Direitos Indígenas, Política Indigenista e Informação à Sociedade da OPAN.

Leia também

Salada Verde
10 de dezembro de 2025

Coiab reage à aprovação da PEC do Marco Temporal e alerta para retrocesso constitucional

Aprovada às pressas, a PEC 48/2023 reacende disputa sobre direitos territoriais e ameaça a proteção socioambiental garantida pela Constituição

Salada Verde
10 de dezembro de 2025

Decisão do Congresso sobre licenciamento amplia litígios e riscos ambientais, dizem procuradores

Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público Federal (Abrampa) diz que lei do licenciamento é o maior ataque à política ambiental do país

Reportagens
10 de dezembro de 2025

COP20 da Cites reforçou medidas globais para proteger a biodiversidade

Decisões sobre pau-brasil, tubarões, bicho-preguiça, espécies endêmicas e aves canoras avançaram com articulação brasileira

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.