O Brasil está em queimando, literalmente. De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o INPE, o país registrou, nesta sexta-feira (22), 185.002 focos de incêndio, 52% a mais do que o registrado no mesmo período do ano passado, e 2.979 focos a mais do que dois dias atrás.
O fogo atinge todos os biomas brasileiros, de acordo com os dez satélites que monitoram as queimadas no país, mas se concentram na Amazônia, com 43,4% dos focos de incêndio, seguida pelo Cerrado, com 39,6%; e pela Mata Atlântica, com 10,6%.
As queimadas também não poupam as Unidades de Conservação (UC). A Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre, é a UC com mais focos de incêndio do país. O mesmo acontece com Bacurizinho, no Maranhão, a Terra Indígena brasileira com mais queimadas do Brasil.
Não por coincidência, os municípios que mais pegam fogo atualmente são do Maranhão: Grajaú e do Acre: Brasileia. Em números absolutos, no entanto, o ranking do fogo nacional é liderado pelo Pará, com 40.228 focos de incêndio; seguido pelo Mato Grosso, com 34.705; e pelo Maranhão, com 20.348. O Pará é também o estado que mais aumentou o foco de incêndios em relação a si mesmo: 233% em relação ao mesmo período do ano passado; seguido por Maranhão (93%); e São Paulo (76%).
Mas qual é a causa real destes incêndios, que destroem a biodiversidade, causam inúmeras doenças respiratórias e liberam para a atmosfera uma grande quantidade de gases de efeito estufa? De acordo com o coordenador do Programa de Queimadas e Incêndios do Inpe, Alberto Setzer, é totalmente errado atribuir a causa do fogo ao clima seco ou a causas naturais. “Raios e fenômenos espontâneos são responsáveis por, no máximo, 1% dos focos de incêndio registrados”, disse. “A baixa umidade do ar apenas cria condições favoráveis aos incêndios, mas é a ação humana que causa a queimada”, afirmou Setzer.
Segundo o pesquisador, até aquele descuido “acidental” não pode ser considerado uma causa comum das queimadas. “Não é a bituca de cigarro que bota fogo na floresta, o caco de vidro ou a latinha de alumínio expostos ao sol; em geral é alguém botando fogo mesmo”, disse.
Setzer lembra que as queimadas são precursoras do plantio de grãos e fazem parte do ciclo de expansão da fronteira agrícola. Elas normalmente sucedem o corte raso da floresta e fazem parte do processo de posse ilegal de terras públicas. “Limpar” a terra, como se sabe, é o primeiro passo para forjar algum vínculo com o espaço que se deseja ocupar.
Especialistas dizem que 2017 tem grandes chances de se tornar o ano com mais queimadas das últimas duas décadas. Os focos de incêndio são, também, o prenúncio de uma taxa de desmatamento que deve se mostrar tão elevada quanto em 2016, e de uma taxa de emissão de gases bem acima do nosso compromisso com o planeta.
Republicado do Observatório do Clima através de parceria de conteúdo. |
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Ou, me coloca uma legenda e melhora esse mapa aí… tá difícil de entender qualquer coisa…
Penso que as queimadas tem relacionamento direto com o baixo índice técnico de aproveitamento agropecuário do solo. Ela é um subterfúgio útil quando não se dispõe de força de trabalho ou recursos materiais que propiciem um incremento ou manutenção da fertilidade do solo. Em manejos com baixo grau de tecnificação, notadamente as pastagens extensivas, é comum o uso deste subterfúgio. Outra situação (que muitas vezes é a mesma da anterior) é a manutenção de áreas rurais sem um uso efetivamente produtivo para especular preço. Nesta situação, queimar também vira uma solução adequada. na mesma linha, em áreas agrícolas com atividades de maior complexidade técnica não se constata a ocorrência de queimadas, a não ser acidental.
As alternativas para estas ocorrências são: reforma agrária e instituição de índices de produtividade mínima, como forma de combater a especulação e o uso extensivo do solo.
A alternativa é: virar um pais industrial, deixar de vender matéria prima pra fora (carne, soja, ferro)