A reciclagem está na ordem do dia, por conta do problema ambiental gerado pelo excesso de resíduos produzidos pelo consumo humano e, mais recentemente, pela questão climática. Entende-se que atitudes pessoais, somadas a ações similares de populações imensas, tenham um efeito redutor sobre a pressão que a sociedade moderna exerce cada vez mais sobre os recursos naturais da Terra.
Creio que a reciclagem tem um forte componente social e de integração da pessoa ao ambiente. É uma atitude de preservação, de cuidado. A reciclagem é no fundo um ato de amor ao nosso planeta, para que ele possa continuar a ser a casa das futuras gerações.
As considerações a seguir se aplicam à reciclagem doméstica. Reciclagem de garrafas PET, sacos plásticos e latinhas é um outro campo, e o que podemos fazer em prol do ambiente é coletar essas embalagens e enviá-las para a coleta seletiva de nossa cidade.
Mas, cada um, em sua casa, pode contribuir para reduzir a quantidade de papel e de detritos orgânicos que são levados aos lixões, que nem sempre são concebidos de forma a não gerar gás metano, um dos piores vilões do efeito estufa.
Em casa, pode-se desenvolver uma conscientização em relação a papéis usados para imprimir textos do computador: realmente preciso disto impresso ou após a impressão este texto vai ser arquivado em um canto qualquer? Também, podemos sempre guardar folhas impressas de um só lado e imprimir textos rascunho no outro lado, ou ainda usar os dois lados da folha. Papéis de embrulho, como os papéis pardos ou mesmo claros, que vêm de lojas, podem ser guardados para outros embrulhos, desde que estejam em bom estado. Jornais lidos também podem ser entregues para a coleta seletiva. Assim estaremos preservando as árvores.
Águas de enxágüe de pequenas roupas e panos de cozinha podem ser guardadas em baldes de um dia para o outro e serem utilizadas para lavar pisos e panos de chão. Assim, ao longo dos dias, centenas de litros de água tratada são economizadas.
Há um outro tipo de técnica que todos podem exercitar em casa, em sua área de serviço ou em uma varanda. Para quem tem quintal, é uma beleza, pois toda a terra necessária para os canteiros pode vir de restos da cozinha, reduzindo o lixo orgânico recolhido pela limpeza municipal e economizando para a família em compra de terra adubada.
Esta técnica de reciclagem de detritos orgânicos é conhecida como compostagem e é muito utilizada industrialmente. Conforme a definição científica, compostagem é um conjunto de técnicas aplicado para controlar a decomposição de materiais orgânicos, com a finalidade de obter um material estável, rico em humus e nutrientes minerais. Práticas que visam conservar ou aumentar o teor de matéria orgânica do solo são as mais eficazes para proporcionar rendimentos elevados às culturas. São as propriedades coloidais do húmus, principalmente aquelas relacionadas à agregação das partículas, que conferem estabilidade estrutural ao solo. Em conseqüência dos agregados, formam-se macro e microporos, responsáveis pela aeração e pela capacidade de retenção de água, respectivamente. Além disso, o húmus fornece nutrientes essenciais ao solo. Assim, podemos produzir em casa, facilmente, um material rico em matéria orgânica, útil para a confecção de vasos de flores, jardineiras, canteiros para hortaliças, etc.
Como fazer isto? É fácil, está ao alcance de todos. Inicialmente precisamos de um recipiente e um pouco de terra já formada. O tamanho do recipiente vai depender de quantos vasos queremos encher com o composto formado, e do espaço que temos. Para pequenos apartamentos, um latão pequeno, de plástico, de 20 litros de capacidade é o que basta. No fundo do latão adiciona-se uns 10 a 15 cm de terra já formada, vinda de algum vaso que se tenha em casa. Então sobre esta terra adicionam-se as cascas de legumes e frutas produzidas na casa durante aquele dia. Uma matéria prima excelente é aquela oriunda das centrífugas usadas para fazer sucos de legumes e frutas, pois o bagaço da centrífuga já está em um estado de divisão bem elevado, o que reduz o tempo de processamento pelos microorganismos da terra. Pode-se usar também restos de comida cozida, como macarrão, arroz e feijão. Mas devem ser vegetais. Carne animal pode gerar resíduos tóxicos, gases, vermes, que não são recomendáveis em ambientes domésticos.
A fim de evitar moscas e mau cheiro cobrem-se as cascas com outra camada de terra de 10 a 15 cm, e se tapa o latão. No dia seguinte, mais cascas e mais terra para cobrir as mesmas, até encher o latão. As duas camadas de terra em torno das cascas formam um ambiente fechado, livre de chamariz para insetos de todo tipo. Não há necessidade de adicionar água nem qualquer outro produto, apenas deixe a natureza agir em ausência de oxigênio, os microorganismos da terra processarão os resíduos orgânicos formando após duas a três semanas um humus rico e fofo, excelente para qualquer prática agrícola doméstica em escala de vaso ou de quintal. O latão pode ficar na área de serviço no interior da casa, na varanda ou no quintal.
É claro que este procedimento gera em geral mais terra do que se pode absorver em vasos de plantas de uma residência e, portanto, nem todas as cascas geradas podem virar húmus. Em um prédio pode-se direcionar o excesso para os jardins ornamentais do próprio edifício, vizinhos ou amigos, ou preparar somente a quantidade de terra necessária para seu próprio uso.
Em um quintal também pode-se abrir um buraco na terra e ali colocar as cascas de frutas e legumes e comida em geral, resultantes do consumo de alguns dias e que foram guardadas em um saco plástico fechado. O lugar do buraco deve ser marcado. Depois de 3 a 4 meses este local estará magnificamente adubado para receber, por exemplo, uma árvore frutífera, um pé de laranjeira, de mamão ou qualquer outra fruteira. O humus formado alimentará a jovem planta de um modo como nenhum adubo químico pode fazer, formando uma planta forte, resistente a pragas e com floração abundante.
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