Análises

Troca da guarda

No início dessa semana foi publicada a exoneração de Ricardo Calmon da Chefia do Parque Nacional da Floresta da Tijuca.  Em seu lugar deve ficar Bernardo Issa, uma boa escolha.

Pedro da Cunha e Menezes ·
8 de janeiro de 2010 · 15 anos atrás

O corcovado visto do Parque Nacional da Floresta da Tijuca 
foto: Pedro da Cunha e Menezes

No início dessa semana foi publicada a exoneração de Ricardo Calmon da Chefia do Parque Nacional da Floresta da Tijuca. Calmon vai para a ANCINE, onde exercerá um cargo de direção. Em seu lugar deve ficar Bernardo Issa, uma boa escolha. como Chefe-susbstituto do PNT, Issa já deu mostras de profissionalismo, competência e, sobretudo, compromisso com as causas do Parque.

Na passagem de ano, tive oportunidade de caminhar quatro dias no PNT. No total, cobri 34 km em 10 horas de trilhas nos diversos setores da Floresta. Gostei do que vi. Embora a sinalização das trilhas não esteja em grande estado, há um claro esforço de manutenção dos caminhos, com muitas intervenções de drenagem ,fechamentos de atalhos, contenções de encostas e desobstrução dos leitos das trilhas. Também, no asfalto, são evidentes as marcas de uma boa adminstração. A sinalização está boa, a fiscalização atuante, as ruas e sítios de lazer limpos e bem tratados. Em suma, Calmon deixa o Parque melhor do que encontrou.

Por outro lado, seu pedido de exoneração dá o que pensar. Sob qualquer estratégia gerencial que pensemos, é inconcebível que o Parque mais visitado do país, que alberga o Cristo Redentor, uma das sete maravilhas do mundo moderno e ícone turístico do Brasil, e que é uma das maiores fontes de arrecadação do Instituto Chico Mendes, tenha como gratificação de Chefia um cargo em DAS 3 (que planeja-se reduzir para DAS 2). Assim será difícil conseguir alguém com a competência e dedicação que os problemas do Parque requerem. Casos como o de Calmon se repetirão, Quem é bom e demonstra sua competência na prática, acaba sendo seduzido por empregos com melhor remuneração e maior reconhecimento. Caso queiramos que a Tijuca venha a ser uma Unidade de Conservação modelo, capaz de nos orgulhar durante a Copa e as Olimpíadas, é imperioso repensar, com urgência, a estrutura de cargos e salários de sua estrutura. Não só a Chefia deveria receber no mínimo DAS 4, mas  também os cargos de chefias intermediárias, para atenderem ao nível de exigência que um parque dessa magnitude requer, deveriam ser contemplados com pelos menos quatro funções DAS 2 e 3.

Fotos do parque



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