A ONU declarou 2015 o Ano Internacional do Solo. O objetivo é reduzir o número de pessoas que ainda passam fome no mundo, visto que o aumento da erosão de solos reduz as terras férteis e, logo, a produção de alimentos. O elemento comum na degradação do solo é o aumento do seu uso para produção de alimentos ou urbanização.
O solo é um recurso essencial para a humanidade, porém visto como um recurso renovável, cuja degradação pode ser revertida rápido. Ao contrário, a formação dos solos é um processo lento,em escala de tempo geológica,durante a qual se formam os minerais e as rochas se desagregam.
O solo depende de fatores como clima e organismos – a microflora e microfauna, vegetais, animais e o homem. Também é função do tipo de rocha que o originou e o relevo em que se encontra.
De acordo com os fatores de formação, o solo pode apresentar maior concentração de elementos orgânicos, de argila, de ferro, entre outros, o que caracterizará o tipo de atividade para o qual é propício. Por exemplo, para a construção de edificações o solo deve ser coeso, sem grande concentração de areia, um material que se esfarela. Já para a atividade agrícola, deve conter matéria orgânica e elementos essenciais para o crescimento das plantas.
Para a agricultura, sua fertilidade depende da presença de nutrientes específicos, tais como cloro, boro, zinco, manganês, níquel, cobalto, molibdênio, ferro, cobre, nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, enxofre e magnésio.
A FAO destaca que 33% dos solos mundiais estão degradados.
A atividade agrícola sem cuidados em áreas íngremes pode prejudicar o solo, assim como a mecanização inadequada pode compactá-lo. O arado e a passagem de máquinas produzem erosão pela concentração de água da chuva em pequenos sulcos. O processo erosivo favorece a perda de nutrientes para o desenvolvimento das plantas, e pode provocar o empobrecimento e a acidificação do solo, principalmente quando ocorrem queimadas. A utilização exagerada de fertilizantes e plantio constante do mesmo tipo de cultura – que retira da terra sempre os mesmos nutrientes – exaurem o solo.O resultado pode ser a queda da sua produtividade para o cultivo.
Os processos de salinização e de encharcamento do solo são responsáveis por aproximadamente 15% de perda de terras produtivas no mundo (FAO, 2015).
O manejo hídrico mal realizado degrada terras agricultáveis, pois a drenagem inadequada encharca o solo por provocar a subida do lençol freático, ou salinizá-lo, o que ocorre quando a drenagem ineficiente produz acumulação de sais na superfície e matam as plantas. Este processo é recorrente em climas áridos ou semiáridos, onde a precipitação é escassa e os sais não são lavados do solo, como em áreas do semiárido brasileiro.
A ONU estima que a atual taxa de desertificação sejapróxima de 21 milhões de hectares por ano, área semelhante a do estado do Paraná. Mudanças no clima são o principal fator por trás deste processo, que pode ocorrer tanto por causas naturais, quanto pela intervenção humana. Entre as últimas, intensificam a desertificação a emissão de poluentes, desmatamento e asobre utilização dos recursos hídricos.
Se não adotarmos práticas de conservação perderemos a base para a produção de alimentos. As florestas não se desenvolverão e, logo, faltará água. Por isto, devemos usar 2015, Ano Internacional do Solo, para dar o alerta: sem cuidados vamos esgotar uma das bases para a sobrevivência humana.
Leia Também
Leia também
Sabiás com fome, bueiros entupidos
Solos vivos com minhocas, cobras-cegas, formigas, lagartos, tatus e outros bichos mantém a água onde ela é solução, e não problema →
O desperdício de terras na Amazônia Peruana
Na região, a cada ano apenas um de cada 6 ou 8 hectares desmatados é usado para produzir colheitas, enquanto o resto fica em descanso. →
Uso do solo favoreceu tragédia, diz professor
Para Abelardo Montenegro, da UFRPE, ocupação das margens dos rios e ausência de mata ciliar potencializaram destruição das chuvas no Nordeste →
Que relação podemos estabelecer entre a conservação do solo e o mapa da fome ?