Por quem dobram os sinos da conservação
Não é preciso conflito entre a conservação e o social, mas temos que pensar numa escala maior. Há boas intenções em toda parte, mas ideologias nos jogam uns contra os outros. →
Fernando A. S. Fernandez se graduou em Biologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e fez Mestrado em Ecologia pela UNICAMP. Obteve seu PhD pela Durham University, da Inglaterra, em 1993. Sua tese foi sobre dinâmica de populações de roedores em florestas de coníferas na Inglaterra. No ano seguinte, foi contratado para professor do Departamento de Ecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ministra cursos sobre ecologia de populações e biologia da conservação na Graduação em Ciências Biológicas e na Pós-Graduação em Ecologia da UFRJ. Fundou em 1995 o Laboratório de Ecologia e Conservação de Populações da UFRJ, que lidera desde então. Durante uma década, estudou os efeitos da fragmentação florestal sobre populações de pequenos mamíferos em Poço das Antas (RJ). Entre outros aspectos, estudou a ecologia populacional dos mamíferos nos fragmentos, a frequência de movimentos entre fragmentos e os fatores que determinavam a vulnerabilidade diferencial das espécies a extinções locais. Depois concebeu e liderou o primeiro estudo ecológico sobre o único marsupial aquático – e até então um dos mamíferos mais desconhecidos do planeta - a cuíca d’água, Chironectes minimus. Em 2010 lançou o conceito de refaunação, e a partir daí coordena o projeto Refauna, que reintroduziu populações de cutias, bugios e jabutis no Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro. Também se dedica à paleoecologia, realizando um sonho de infância. Nesta linha de pesquisa, testou e corroborou a hipótese de que as extinções de grandes vertebrados no final do Quaternário foram causadas não por mudanças climáticas, mas sim pela expansão dos humanos modernos pelo planeta. Em 2016, foi apontado Professor Titular (Full Professor) de Ecologia na UFRJ. Em 2017, foi professor visitante na Université de Poitiers, na França. Em conservação, foi Diretor Científico do Instituto Luísa Pinho Sartori, de 2012 a 2019. Tem se dedicado também à divulgação científica. É colunista do site O Eco, sobre conservação da natureza (www.oeco.org.br). Publicou dois livros de divulgação, O Poema Imperfeito em 2000 e Os Mastodontes de Barriga Cheia e Outras Histórias em 2016, que tem tido muito sucesso. O Poema Imperfeito foi tema do filme com o mesmo nome, premiado como Melhor Filme Ambiental no Festival de Cinema Socioambiental de Nova Friburgo de 2018. Também já ministrou quase quatrocentas palestras em oito países.
Não é preciso conflito entre a conservação e o social, mas temos que pensar numa escala maior. Há boas intenções em toda parte, mas ideologias nos jogam uns contra os outros. →
A conservação precisa adotar uma postura mais agressiva. Reintroduzir espécies localmente extintas é contribuir para um mundo melhor, e não apenas impedir que ele se torne pior. →
Quando recebi o convite do editor para escrever em O Eco, fiquei temeroso. Hoje, no entanto, considero minhas colunas tão importantes como minhas aulas na universidade. Aprendi que como eu, muitos amam a conservação. →
Pelo jeito que Lula fala, passa a mensagem de que conservação atrapalha o desenvolvimento. Difícil não achar que a preocupação desse governo com questões ambientais é para inglês ver. →
O mundo natural que ele tanto amava vem sendo destruído em escala inédita, em grande parte devido ao sucesso da nossa recusa a engolir a revolucionária visão que ele nos mostrou. →
Vítimas da ignorância, grandes felinos somem de reservas criadas especialmente para eles. Mundo moderno, superpopuloso e fragmentado está expulsando essa e outras espécies. →
Uma frondosa figueira, sem motivo aparente, foi levada ao chão. O episódio deixou muita gente emocionada e leva a uma reflexão sobre razões que temos para preservar qualquer árvore. →
O conceito demanda cuidado. Estudos mostram que sustentável, em geral, significa apenas que uma atividade é menos destrutiva que outra e não que ela garante a conservação. →
Há várias respostas. Pode-se dizer que ela nos é útil. Ou então, que protegê-la garante nossos recursos naturais. Mas o melhor é responder que a natureza é bonita e enriquece as nossas vidas. →
Educar uma criança sobre o meio ambiente é fundamental para ensiná-la sobre a importância da conservação. Mas o processo pedagógico pode ser maçante. Falta-lhe um mínimo de prazer. →