Notícias
12 de janeiro de 2005

Tsunami humano I

As chuvas e nevascas que tomaram conta da Califórnia na última semana estão indo embora, mas os riscos de sua passagem vão marcar o estado ainda por muito tempo. O Los Angeles Times (área gratuita) tem uma reportagem maravilhosa sobre La Conchita, comunidade ao norte de Los Angeles. Ela fica no sopé de uma imensa escarpa que cai abruptamente sobre o mar. Ali, no fim de semana, 6 pessoas morreram num deslizamento de terra. O jornal reconhece que La Conchita é de longe uma das pequenas cidades mais bonitas da Califórnia. Mas é também uma das mais perigosas desde que o homem, por volta do século XIX, resolveu meter sua mão na área. Primeiro colocaram lá uma estrada de ferro. O morro a recusou e soterrou-a sob a terra. O local foi abandonado à própria sorte, mas na década de 20 a especulação imobiliária chegou lá. Desde então, a área foi ocupada por casas e até uma fazenda para a produção de frutas. Nunca mais o morro parou de deslizar e matar.

Por Manoel Francisco Brito
12 de janeiro de 2005
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12 de janeiro de 2005

Tsunami humano II

Jared Diamond, author de Germs, guns and steel, livro que discute o impacto e o desenvolvimento da cultura humana nos últimos 13 mil anos da nossa história, vai estar no site do Guardian, no dia 20 de janeiro, debatendo a capacidade do homem de causar desastres em escala continental. O jornal já está aceitando perguntas dos leitores. Publica também um artigo de Diamond sobre o assunto que serve para orientar o debate.

Por Manoel Francisco Brito
12 de janeiro de 2005
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12 de janeiro de 2005

Radical

Segundo o The New York Times, trata-se do maior acordo para reduzir emissões de poluentes na atmosfera da história do estado de Nova Iorque. Seis usinas que produzem energia queimando carvão assinaram com o governo estadual e a promotoria federal da cidade de Nova Iorque documento que prevê corte de emissões que num prazo de um ano equivalem a retirada de todos os caminhões a diesel e outros 2,5 milhões de carros de circulação nas estradas do estado.

Por Manoel Francisco Brito
12 de janeiro de 2005
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12 de janeiro de 2005

Os piores lugares para se viver no mundo

A LiveScience adianta relatório preparado sob patrocínio do banco Mundial sobre os lugares mais perigosos da Terra. Os cientistas compilaram dados sobre áreas onde a ação do homem potencializa os riscos de destruição de catástrofes naturais. O Sul e o Sudeste do Brasil, bem como regiões no litoral do Nordeste aparecem com destaque na lista.

Por Manoel Francisco Brito
12 de janeiro de 2005
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7 de janeiro de 2005

Nada santa

O trocadilho é inevitável. De santa, a Monsanto – principal fabricante de sementes transgênicas do mundo – não tem nada. Ela concordou em pagar 1.5 bilhões de dólares ao governo americano para livrar-se de processo judicial. Nele, a empresa era acusada de ter subornado com 50 mil dólares membro da área ambiental do governo indonésio para acabar com restrições ao uso de sua semente de algodão geneticamente modificada. Em outro caso, que também faz parte do acordo que envolveu o pagamento de multa, a Monsanto gastou 700 mil dólares para engraxar as engrenagens do governo indonésio em favor de seu algodão Frankenstein. Um dos principais países onde a Monsanto distribui suas sementes especiais, lembra o Financial Times (área gratuita), é o Brasil. Não há notícia de que por aqui ela tenha subornado alguém.

Por Manoel Francisco Brito
7 de janeiro de 2005
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7 de janeiro de 2005

Efeito contrário

Os carros híbridos nos Estados Unidos, capazes de funcionar com gasolina ou combustíveis limpos, estão tendo um impacto contrário ao previsto. Em certas cidades, viraram dor de cabeça ambiental. É que por conta de suas características, foram liberados para circular em qualquer horário e sem restrições nas grandes cidades americanas – onde em geral, na hora do rush, há pistas exclusivas para carros que carregam 3 ou mais passageiros. Resultado, o aumento no número de veículos nesses horários está provocando engarrafamentos monstros. A reportagem está no The Washington Post (gratuito, pede cadastro).

Por Manoel Francisco Brito
7 de janeiro de 2005
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7 de janeiro de 2005

Oportunismo

A Technology Review tem nota com links para sites da Internet onde cientistas defendem a tese que o tsunami na Ásia tem ligação direta com o aquecimento global. Aparentemente, tem gente que parecia ser responsável esposando tese, que segundo a revista, é irresponsável. Tsunamis, diz a nota, são eventos singulares causados por eventos submarinos como terremotos que acontecem na Terra há milhões de anos, muito antes de se imaginar a existência do efeito estufa. Conectar uma coisa à outra não passa de subordinação do rigor científico às necessidades da política.

Por Manoel Francisco Brito
7 de janeiro de 2005
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7 de janeiro de 2005

Fraude

Estudo do governo americano, cujos resultados estão hoje no The New York Times, alerta que os programas de emagrecimento vendidos em livros e DVDs aos americanos não ajudam ninguém a perder peso de maneira definitiva. A pesquisa mostra que a maioria dos usuários dessas dietas volta a gordura original em média 6 meses depois de pararem com o programa.

Por Manoel Francisco Brito
7 de janeiro de 2005
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29 de dezembro de 2004

A Terra tremeu

Esqueça a contagem de mortos provocada pelos tsunamis de domingo no sul da Ásia. É impossível acompanhar os números. Escolha um e fique com ele. O Globo (gratuito, pede cadastro) diz que 60 mil pessoas, até agora, perderam a vida, e confirma a morte da diplomata brasileira e seu filho de 10 anos, que estavam desaparecidos na Tailândia. O Estado de S. Paulo (só para assinantes) ecoa alerta da ONU sobre epidemias na região, que podem dobrar o número de mortos. O The New York Times dá 59 mil mortos e nem arrisca um número de desaparecidos. Reportagens no jornal arranham o mito criado em torno da falta de um cinturão de monitoramento sísmico no Oceano Índico. Não é ruim ter um, mas também não dá garantia de segurança. Terremotos não podem ainda ser previstos com precisão cirúrgica. Os sismologistas só conseguem prevê-los em grandes ciclos. A informação ajuda o empreiteiro que, por exemplo, resolve fazer uma represa, mas não tem qualquer valor para o cidadão comum. O que lhe interessa é a hora e o dia em que um terremoto vai acontecer. Isso ainda é impossível. Os tsunamis também não são fáceis de antecipar. Em águas profundas não chegam a ter mais que centímetros de altura. Passam de marola a vagalhão quando estão próximos da costa. Os sentidos só percebem o problema quando já é tarde demais. A ciência percebe, só que sem muita precisão. A magnitude de um terremoto tem nada a ver com um tsunami e nem todos os que ocorrem debaixo d’água necessariamente provocam um. A dimensão do que ia acontecer no sul da Ásia, o Centro de Alerta anit-Tsunami do Pacífico, no Havaí, percebeu um tempo apenas antes das pessoas que estavam nas praias da região. Mesmo que o alerta fosse possível, lá pelo menos não ia dar certo. Ninguém tinha um plano de evacuação. O Guardian sai com 55 mil mortos e tem uma extensa reportagem sobre Sumatra, onde as ondas causaram os maiores estragos. Foi quase uma repetição do que aconteceu em 1883, quando a explosão de um vulcão varreu da face da Terra a ilha de Krakatoa, na costa da ilha de Java. Causando um terremoto e na sequência tsunamis cujos efeitos foram sentidos na costa da Europa. A manchete do Indian Express vai pelas consequências globais do fenômeno. Ele fez o planeta tremilicar na sua órbita e alterou a geografia do sul da Ásia. Só não fica claro como. Um geólogo acha que Sumatra está mais alta em relação ao nível do mar. Outro que na verdade a ilha deslocou-se em direção ao Sudoeste.

Por Manoel Francisco Brito
29 de dezembro de 2004