Análises
27 de julho de 2005

Onisciência e Onipotência II

De J. Bernando Isso está parecendo conversa para boi dormir. Infelizmente, hoje em dia, tudo que se relaciona a dinheiro neste país cheira a trambique e com as desculpas mais esfarrapadas. Torço para que não seja mais uma mala de dinheiro que depois se desmanche em fotos de satélite facilmente encontradas em site especializados.À primeira vista e principalmente para quem não freqüenta a Floresta, esse método de monitoramento até soa eficaz. Os jornais e a mídia volta e meia mostram essa situação de descontrole com os limites do Parque. Entretanto, os desprevenidos não se dão conta de que, por mais potentes que sejam as lentes do satélite, jamais daria para se ver (como você mesmo citou), um acampamento camuflado em baixo de uma árvore ou dentro de uma toca. As autoridades sabem onde as coisas acontecem e se não sabem, basta perguntar a qualquer andarilho que logo ficarão informadas.A floresta está se tornando virtual e o pessoal não está mais sujando as botas. Andar no mato para que, se tem uma confortável cadeira e uma tela de computador mostrando imagens vindas lá da estratosfera sem que se precise dar uma passo fora do Barracão? Já se foi o tempo em que podíamos encontrar pelas trilhas, o diretor do Parque com rolos de arame nos ombros, placas de sinalização, fechando atalhos e conscientização de caminhantes... Sem falar da satisfação de caminharmos juntos, debatendo ações de manejo, preservação e história. Eu mesmo fui testemunha, numa caminhada ao Pico da Tijuca, quando passou por nós um andarilho veterano e você perguntou a ele se tinha visto alguma coisa irregular. A resposta foi negativa me fazendo sentir uma sensação de bem estar e segurança. Mais à frente, ao passarmos por um riacho, você adivinhou qualquer movimento estranho e com a coragem de um soldado (deixando o grupo apreensivo), saiu desbravando o mato e foi lá conferir o que estava fazendo um casal mais romântico. Nada escapava aos seu olhos de águia, milhares de vezes mais poderosos que uma lente de satélite, que vê o que está por cima mas não o que está por baixo dessas transações.De fato, esse dinheiro (que deve caber em duas cuecas) poderia ser melhor empregado. Gerando empregos e melhores condições de segurança e conforto aos amantes desta floresta. Além de ajudar na caça dos verdadeiros e mais perigosos inimigos dela e da sociedade como um todo.

Por Redação ((o))eco
27 de julho de 2005
Análises
27 de julho de 2005

Onisciência e Onipotência

De Pedro P. de Lima-e-Silva Engenheiro Ambiental, PhDServiço de Segurança Radiológica e AmbientalCaro EcoTambém, como meu xará Pedro Menezes, sou fã de novas tecnologias, principalmente quando elas facilitam a vida, ou reduzem nossos impactos no ambiente. As visões dos satélites com certeza estão entre as tecnologias mais incríveis para monitoramento ambiental que irão, com o passar do tempo, ajudar a conter a destruição em curso.Porém, como tudo na vida, até uma simples faca em mãos erradas pode se transformar de objeto salvador em objeto destruidor. E essa não é uma comparação para virar analogia com o problema do Parque Nacional da Tijuca, abordado pelo colunista de O Eco. A comparação é apenas conceitual, no sentido de que mesmo uma tecnologia criada com as melhores intenções do mundo pode ser mal usada, ou até mesmo usada para o mal. Ou, o que seria pior ainda, usada para não dar em nada. A reportagem do "Big Brother" da floresta também me causou espécie, como diria minha falecida avó, porque obviamente área de caçador está embaixo das árvores. Fico imaginando um caçador que queira "aparecer", coitado, vai morrer de fome, né não?À parte as ironias e os paradoxos, gastar US$250 mil, que hoje seriam R$355 mil, com fotos de satélite, me parece falta de percepção ou avaliação de impactos ambientais, minha área de atuação profissional. Os maiores problemas do parque estariam em visualizar clareiras abertas? Se o parque informa, como já o fez em passado recente, que não tem conhecimento, por exemplo, dos nichos ecológicos das espécies que contém, que não sabe as capacidades de suporte ecológicas e humanas de seu setores, que trata o setor da Pedra da Gávea, como bem lembrou o Pedro Menezes, como área abandonada, que até hoje não conseguiu resolver o problema das áreas das antenas do Sumaré, mesmo tendo gasto dinheiro do PNUMA em projeto de valoração ambiental com esse objetivo há mais de três anos, que abandonou projeto pioneiro de certificação ambiental da ISO-14001 por falta de R$250 mil para implantar saneamento no esgoto das áreas da Pedra Bonita e outras, então, realmente, o parque espera que o satélite espião resolva alguma coisa?Uma área assim tão complexa e ao mesmo tempo tão importante como o Parque Nacional da Tijuca merece uma gestão por competência, precisa de ação pró-ativa e pessoas que unam esforços em vez de dispersá-los, que atraiam pesquisadores em vez de dificultar-lhes o acesso, que compartilhem a área com outras organizações como empresas [sérias] de ecoturismo que queiram investir no parque, que façam o comitê gestor de fato se reunir e gerenciar, que promovam a gestão participativa e a gestão compartilhada. Hoje há mais de uma unidade de conservação que funciona assim de forma modelar, como a Floresta Nacional de Ipanema e a Área de Proteção Ambiental de Petrópolis, já citadas em outras reportagens por várias vezes, cujos modelos de gestão deveriam ser seguidos e copiados por todo o Brasil.abs,

Por Redação ((o))eco
27 de julho de 2005
Notícias
26 de julho de 2005

Inconstitucionalissimamente

Mexer com as Áreas de Preservação Permanente (APPs) é inconstitucional. Esta foi a conclusão do presidente do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim, em liminar concedida nesta terça-feira, dia 26. Jobim aceitou a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) proposta pelo Ministério Público Federal, que contesta a iniciativa do Conama de permitir a exploração das APPs. A reunião do Conselho está acontecendo nos dias 27 e 28, mas a liminar o impede aprovar resolução sobre este tema. Por enquanto, as APPs continuam intocáveis até segunda ordem.

Por Redação ((o))eco
26 de julho de 2005
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26 de julho de 2005

Tribunais pra verde ver

Um projeto aprovado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara prevê a criação de tribunais especializados em crimes ambientais. O Tribunal Superior Ambiental terá 17 ministros indicados pelos tribunais regionais a serem criados nos estados. O projeto de emenda constitucional ainda precisa ser aprovado na Câmara e no Senado.

Por Redação ((o))eco
26 de julho de 2005
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26 de julho de 2005

A ver baleias

Elas começaram a dar o ar de sua graça. Está aberta a temporada de observação de baleias francas no litoral de Santa Catarina. Desde o final de...

Por Redação ((o))eco
26 de julho de 2005
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26 de julho de 2005

Muito melhor

O cultivo orgânico de soja é capaz de produzir a mesma quantidade que o cultivo convencional, mas consumindo 30 por cento menos água, menos energia e nenhum pesticida. A conclusão foi resultado de uma pesquisa americana que demorou 22 anos para ser concluída. A história está no site News.com (gratuito).

Por Redação ((o))eco
26 de julho de 2005
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26 de julho de 2005

Foi a azeitona

Motivado pela seca na Espanha, que ameaça diminuir em 30% a produção de óleo de oliva no país, o jornal inglês The Guardian (gratuito)fez um apanhado da importância da árvore e de seus derivados para a cultura ocidental. O mais bacana é que a reportagem inclui links para explicações mais detalhadas de vários mitos e produtos relacionados à oliva.

Por Redação ((o))eco
26 de julho de 2005
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26 de julho de 2005

Temporada de fogo

Além dos bosques de oliva, as florestas espanholas também correm grande risco. A seca promete uma perigosa temporada de incêndios florestais. O primeiro aconteceu há poucos dias na região de Guadalara e matou 11 pessoas que participaram do combate às chamas. Segundo o jornal El País ( gratuito), o governo prometeu investir pesado no combate aéreo do problema.

Por Redação ((o))eco
26 de julho de 2005
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26 de julho de 2005

Vale a pena

No Cazaquistão, cientistas americanos conseguiram comprovar a fidelidade dos casais de águias imperiais apenas coletando penas nos ninhos. Submetidas a exames de DNA elas revelaram muito mais do que os pesquisadores precisavam saber e mostraram que a técnica é simples, mas revolucionária. Pois aposentou a necessidade de se capturar os bichos e estressá-los para coletar uma gota de sangue, revela o The New York Times (grátis, mas pede cadastro).

Por Redação ((o))eco
26 de julho de 2005