O Brasil tem uma matriz energética muito diferente do padrão mundial. Esse é um fator importante para determinar a possibilidade de conversão do país sem muitos sacrifícios para uma economia de baixo carbono. Não temos um problema de conversão energética. Nem mesmo um grave problema ambiental associado à geração de eletricidade. É uma vantagem importante, que o governo se esforça para diminuir, primeiro, desacreditando a regulação ambiental, transferindo a culpa de seus erros para o Ibama. Segundo, incentivando fontes fósseis, como carvão mineral, ao invés de desenhar um PROINFA, corrigindo os erros do passado e acelerando o uso de fontes alternativas, como a biomassa e a eólica, de acordo com as características regionais mais propícias. O Nordeste, por exemplo, tem uma óbvia vocação para a energia eólica. As regiões sucro-alcooleiras para a bioenergia gerada a partir do bagaço de cana.
Nosso desafio em relação ao clima tem a ver, fundamentalmente, com o desmatamento e a projeção para o médio e longo prazo da absurda ineficiência energética e do elevado nível de emissões de nosso setor de transportes. Recentemente o Banco Mundial lançou o “The Little Green Data Book”, que permite fazer algumas comparações interessantes e situar o Brasil no cenário de emissões de carbono, em confronto com os países ricos e com os gigantes emergentes, China e Índia. O retrato que sai desses dados revela, ao mesmo tempo, o mal desempenho brasileiro e suas vantagens.
O desafio brasileiro não é ambiental: é de democracia de qualidade; políticas públicas de qualidade; busca de elevação dos padrões de civilização da sociedade. O problema ambiental é reflexo de um quadro de deterioração da governança, prolongada e em persistente elevação.
Leia também
COP da Desertificação avança em financiamento, mas não consegue mecanismo contra secas
Reunião não teve acordo por arcabouço global e vinculante de medidas contra secas; participação de indígenas e financiamento bilionário a 80 países vulneráveis a secas foram aprovados →
Refinaria da Petrobras funciona há 40 dias sem licença para operação comercial
Inea diz que usina de processamento de gás natural (UPGN) no antigo Comperj ainda se encontra na fase de pré-operação, diferentemente do que anunciou a empresa →
Trilha que percorre os antigos caminhos dos Incas une história, conservação e arqueologia
Com 30 mil km que ligam seis países, a grande Rota dos Incas, ou Qapac Ñan, rememora um passado que ainda está presente na paisagem e cultura local →