E eu achava que fazia muita coisa… Não fazia era idéia de como tinha coisas para pensar e fazer, ainda! Desde que meu filho nasceu, que venho lendo e estudando soluções ecológicas/verdes para sua educação. Nestas minhas andanças, encontrei um livro chamado ‘Raising Baby Green’, Alan Greene, M.D., já um pouco tarde, já que ele cobre tanto a gravidez quanto o nascimento e o cuidado com o bebê – o livro chegou a tempo apenas para esta última parte. O que não é pouca coisa, devo confessar.
Eu já venho usando um misto de fralda de pano com fralda descartável. Explico. Uso fralda de pano a maior parte do tempo, ou seja, durante o dia. À noite, uso fralda descartável da marca Seventh Generation (mas Tushies e TenderCare Diapers são duas outras marcas que fazem o mesmo tipo de fralda), e que chamam de ‘fralda ecológica’. Elas são feitas sem tingimentos nem perfumes, não usam branqueadores (por isso possuem aquela cor bege dos papéis que não foram alvejados), e algumas marcas usam madeira de florestas sustentáveis. Segundo o livro, apenas 4% dos americanos usam fraldas de pano, assim, “esta ‘fralda ecológica’ é um bom passo na direção correta”, diz o autor. Segundo o Environment Canadá, um bebê irá precisar de, em média, de 5.000 a 7.000 trocas de fraldas nos dois primeiros anos de vida…
Um problema da fralda de pano, conforme já falei aqui, é o aumento do consumo de água. Tenho um sistema bastante eficiente: um balde com água e vinagre mora do lado do trocador dele e é onde eu jogo a fralda com pipi. Vou juntando até ter umas 12 a 15 e, aí, jogo na máquina para centrifugar e volto a juntar mais até lavar umas 20 a 25 de uma vez (tenho 36). As fraldas com cocô são super fáceis de limpar hoje em dia, que ele começou a comer comida sólida e graças a um forro de um papel biodegradável especialmente criado para isso. Forra-se a fralda de pano e, quando a coisa acontece, joga-se o forro com o cocô na privada e dá descarga. É simples assim… E, para limpá-lo, uso uma solução feita em casa e que substitui o baby wipes, que também é cheio de química: 1 copo de água filtrada, uma colher de sopa de shampoo orgânico e natural, uma colher de sopa de óleo de massagem para bebês (natural, lógico!), umas gotas de óleo de lavanda, uma colher de sopa de um hidratante de aloe vera. Mistura tudo e guarda em um pote com tampa. Pode ser usado com uma toalhinha, algodão ou mesmo toalha de cozinha de papel, se quiser usar algo descartável, substituindo os baby wipes comprados pronto!
O livro conta de um estudo feito pela Agência Ambiental americana, onde se comparou as fraldas de pano e as descartáveis e chegou-se à conclusão que o impacto ambiental de ambas é o mesmo (elas contribuem para o aquecimento global e o uso insustentável das reservas naturais)! O maior impacto das descartáveis acontece durante a fabricação, enquanto as de pano acontece durante as frequentes lavagens e secagens (no caso de países frios como o Canadá, onde o uso de secadora é extenso), quando se lava em casa, e do combustível gasto no transporte e na eletricidade quando lavado por empresas especializadas em lavagens de fraldas. Apesar de ser um dos únicos estudos sobre o assunto, ele é bastante incompleto, já que deixou de fora estas opções descartáveis citadas acima. Como diz Greene, o autor do livro, existe uma diferença imensa entre algodão orgânico e não-orgânico, entre florestas sustentáveis e o uso indiscriminado delas, entre a produção de dioxinas no processo de branquear uma fibra e as opções sem cloro nem água sanitária.
O Calgary Herald, principal jornal de Calgary, publicou uma matéria em seu ‘Guia Verde’ (Green Guide) semanal justamente falando sobre o ‘menos pior’. ‘Sua reação imediata é que plásticos são o diabo, mas isto não é necessariamente verdade’, disse Jodi Tomchyshyn, especialista em redução de lixo de Alberta Environment. ‘Não há uma resposta clara sobre as fraldas descartáveis serem melhores ou piores que as de pano porque tudo depende das condições locais’, explicou Jodi. Um bom exemplo é Edmonton, a capital da Província, que composta o lixo residencial e, por isso, uma fralda biodegradável e orgânica terá o destino correto. Já Calgary não tem nada disso e quase tudo vai mesmo acabar no aterro sanitário.
Adria Vasil, autora de Ecoholic: Your Guide to the Most Environmentally Friendly Information, Products and Services in Canadá (Editora Random House) acredita que se as fraldas de pano forem postas para secar no varal, elas são imbatíveis. ‘Eu sempre digo para as pessoas ficarem longes de produtos descartáveis’, diz Vasil. ‘Só porque você está usando fralda de pano não significa que você possa abusar no resto’, acrescenta Vasil.
Parece simples mas não é. A coisa continua e não adianta pensar em uma solução única – tudo vem em bando e não se pode deixar quase nada de lado! Assim sendo, não use aqueles sprays para melhorar o cheiro do quarto ou da casa depois de um número 2 especialmente ‘cheiroso’! Na verdade, se você optou por usar fralda de pano e coloca o vinagre na água, o vinagre já será o responsável por diminuir o cheiro ruim… Não use amaciante de roupas nem sabão em pó comum – não adianta nada tomar tantas precauções e cuidados e acabar lavando tudo em um banho de química que ficará em contato com a pele do seu bebê. Quer usar um amaciante natural? Coloque vinagre. Água sanitária nem pensar. No meu caso, eu nem pensaria mesmo, já que as fraldas que tenho são cruas e não faz nem sentido pensar em branqueá-las! Aliás, também é cru o forro do colchão dele, de algodão orgânico (existem uns de lã muito interessantes mas não tão macios quanto os de algodão) – www.LittleTreehouse.ca. A minha opção por algodão foi por praticidade mesmo, já que a lã não permite secar na máquina (normalmente não uso máquina de secar, mas em uma emergência…) e, se eu precisasse secar rapidamente, queria um material que aguentasse.
Também como já falei aqui, troquei todos os produtos de limpeza da casa por soluções biodegradáveis e ‘naturais’ (alguns deles: www.seventhgeneration.com; www.ecover.com). Também troquei todos os itens de limpeza pessoal, tanto nosso quanto dele, e paramos de usar qualquer produto que contenha uma pequena lista de ingredientes, como parabens, phtalates, formaldeído, diethanolamine, toluene, derivados de petróleo (procuro usar com moderação, se necessário), methylisothiazolinone, benzophenone, homosalate e oxyl-methoxycinnamate (estes três últimos normalmente encontrados em protetores solares). Desodorante sem alumínio já não uso desde 1999 e pasta de dente, só ‘natural’ (ambos da marca www.tomsofmaine.com). E tome cuidado! Não sei se no Brasil é assim, mas por aqui qualquer produto de higiene que contenha apenas 1% feito com alguma coisa orgânica, pode se intitular assim! Visite www.cosmeticsdatabase.com para saber mais sobre produtos de higiene – é um guia de cosméticos e produtos pessoais feitos por pesquisadores do Environmental Working Group.
Veja continuação desta coluna no mês que vem.
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