Aos moradores do Rio de Janeiro que puderem juntar e doar caixas do tipo longa vida (tetra pak), até 13 de fevereiro, para a Rede de Desenvolvimento Humano (Redeh), a comunidade do bairro Santo Antônio da Serra será extremamente grata. Esse material descartado será reutilizado para a confecção de mantas térmicas a serem instaladas nas casas da comunidade, localizada em Xerém, distrito de Duque de Caxias.
Naquele dia, ocorrerá o Festival Águas de Santo Antônio, no qual será apresentada uma tecnologia muito simples, que promete amenizar a temperatura no interior das casas da região. No verão, a população sofre com o calor e, no Inverno, com o frio.
Esse trabalho, que faz parte do Projeto Águas de Santo Antônio (Pasa), busca despertar os jovens da comunidade para a limpeza e preservação do rio de mesmo nome, que alimenta a comunidade de cerca de 10 mil habitantes e se encontra poluído, no centro urbano do bairro. Em torno do manancial, foram construídas casas sem planejamento urbano ou rede de esgotos, que nele despejam seus resíduos sem nenhum tratamento.
O projeto é liderado pela Redeh e conta com a parceria da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), que, a partir de análises da água do rio, constatou que o mesmo encontrando-se em um momento crítico, mas ainda com chances de ver a sua qualidade ambiental restaurada. A idéia é mobilizar e conscientizar jovens, entre 14 e 20 anos, quanto à necessidade da limpeza urgente do Rio Santo Antônio.
O projeto teve início em novembro do ano passado e está trabalhando com 15 jovens, promovendo oficinas lúdicas, com textos, fotos, vídeos e músicas, buscando a educação a partir do entretenimento. Numa das atividades, o grupo teve a oportunidade de conhecer todo o trajeto do rio, podendo entender o dano que a sua comunidade está causando. Como visitaram a parte não poluída do Santo Antônio, ficaram sensibilizados para promover a sua limpeza ao verem como as suas águas ficam após atravessar o bairro. Cheios de questionamentos, eles puderam perceber que cabe à própria comunidade ajudar a solucionar o problema.
“A Redeh pretende instruir esses jovens para se tornarem agentes políticos de conscientização da comunidade, na qual poderão promover uma mudança de comportamento”, diz Fábio Andrade Moraes, conhecido como Fábio ACM, um dos coordenadores do projeto. “A iniciativa visa despertar uma visão cidadã por parte da população de Santo Antônio, articulando-a com associações e instituições vizinhas que compartilhem os mesmos objetivos”, complementa.
O dia 13 de fevereiro será a culminância desse movimento. Além das mantas térmicas, será apresentado o laudo de análise da qualidade da água elaborado pela Fiocruz. Também será inaugurada a coleta seletiva na comunidade, pois os coordenadores do projeto perceberam que a questão mais importante no momento é conscientizar os moradores de que a disposição inadequada do seu próprio lixo polui o rio e lhes devolve doenças. A coleta seletiva será realizada por um grupo de moradores locais. que já trabalha com materiais recicláveis.
A Redeh e a Associação Beneficente de Santo Antônio (Abesa) contam com a presença da comunidade, do poder público ligado ao distrito, das escolas locais, das instituições e associações parceiras do projeto e de todos aqueles interessados em ajudar na limpeza do Rio Santo Antônio no evento. Moradores de outras comunidades serão muito bem vindos, já que a iniciativa visa também alertar outras localidades que sofrem com os mesmos problemas ambientais.
Para aqueles que não puderem comparecer ao evento, mas gostariam de contribuir doando suas caixas de leite, de suco ou de iogurte feitos com tetra pak, há um posto de coleta no centro da cidade do Rio de Janeiro, na sede da Redeh. A organização não-governamental pede que as caixas estejam limpas (lavá-las apenas com água) e secas.
Vamos aderir a esse movimento?
Serviço
|
Leia também
Entrando no Clima#40 – Florestas como forças de estabilização climática
Podcast de ((o))eco fala sobre como as florestas têm ganhado espaço nas discussões da COP 29 →
ONU espera ter programa de trabalho conjunto entre clima e biodiversidade até COP30
Em entrevista a ((o))eco, secretária executiva da Convenção Sobre Diversidade Biológica (CDB) da ONU fala sobre intersecção entre agendas para manter o 1,5ºC →
Livro revela como a grilagem e a ditadura militar tentaram se apoderar da Amazônia
Jornalista Claudio Angelo traz bastidores do Ministério do Meio Ambiente para atestar como a política influencia no cotidiano das florestas →