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Quem são estas mulheres que desafiam o mundo em busca das realizações de suas próprias ideologias? Quem são elas, que além de carregarem o maior dos dons, a criação, são capazes de contrariar aquela definição masculina, que subestima, que as incomoda desde tempos imemoriais: sexo frágil? Nesta sociedade em que os homens se consideram donos de si e da liberdade alheia, vemos mulheres fazerem história.

25 de maio de 2008 · 18 anos atrás
  • Adriano Gambarini

    Fotógrafo profissional desde 1991. Vencedor do Prêmio Comunique-se, é geólogo de formação, com especialização em história natural e espeleologia, autor de 20 livros e diretor de dezenas de documentários.

Quem são estas mulheres que desafiam o mundo em busca das realizações de suas próprias ideologias? Quem são elas, que além de carregarem o maior dos dons, a criação, são capazes de contrariar aquela definição masculina, que subestima, que as incomoda desde tempos imemoriais: sexo frágil? Nesta sociedade em que os homens se consideram donos de si e da liberdade alheia, vemos mulheres fazerem história.

No século XXI muitas barreiras foram quebradas, mas algumas, principalmente na área ambiental, se devem especificamente à uma demonstração de garra por parte de pesquisadoras. Certamente a imagem personificada de mulher que desafiou a tudo e a todos é a de Dian Fossey, especialista em gorilas que subiu montanhas africanas, se enveredou por florestas repletas de caçadores e traficantes de animais, única e exclusivamente para estudar e proteger essa espécie tão ameaçada. Seus passos e atitudes desafiadoras lhe custaram a própria vida (ela foi assassinada em 1985), mas seu feito tatuou o otimismo das ambientalistas.

Em nosso território acalorado e tropical também temos pés pequenos que deixam grandes pegadas na ciência. Quem teve o privilégio de visitar a Serra da Capivara com suas pinturas rupestres milenares, conhece a trajetória de Niède Guidon. Imagine uma mulher se embrenhar na árida caatinga piauiense, há mais de 30 anos, procurando por pinturas ‘esquisitas’ nos paredões de pedra? E mais, desafiar os coronéis ‘cabra-machos’ do nordeste e desapropriar uma enorme área para implementar um Parque Nacional? Apenas para proteger aqueles ‘rabiscos de índio’? Nada fácil para esta arqueóloga, diversas vezes ameaçadas de morte. Mas sua ideologia foi maior e lá continua ela, com sítios arqueológicos protegidos e um museu de dar inveja a gringo.

E cada vez mais surgem novas gerações de pesquisadoras arriscando o medo de altura para observar os ninhos dos ameaçados patos-mergulhão; correndo atrás de onças pintadas pelos campos pantaneiros; buscando estratégias e soluções para capturar antas, este grande e simpático mamífero brasileiro.

Sem perder a feminilidade, a intuição, o tão falado sexto sentido, elas enfrentam hordas de carrapatos e mosquitos, lugares sem infra-estrutura, truculências de homens ignorantes e suas piadinhas. Seguem seus destinos, suas idéias, com a crença que suas atitudes mais uma vez reverterão em proteção – um intuitivo e maravilhoso cuidado maternal que no palavreado ambiental se diz: conservação.

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