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Em um mundo em emergência climática, a desinformação se tornou um dos principais riscos globais

Como a manipulação de informações e o negacionismo compromete a luta por um meio ambiente estável e os esforços em prol da urgência

15 de março de 2024
  • Mikaelle Farias

    Diretora regional da Palmares lab, graduanda em engenharia de energias renováveis pela Universidade Federal da Paraíba, e ativista e atua em movimentos nacionais e internacionais pela justiça climática.

Quanto mais se tornam evidentes, no nosso dia a dia, que vivemos uma era de mudanças climáticas, mais barulho os negacionistas fazem para afirmar que estamos navegando em águas tranquilas, calmas e sem aquecimento anormal da água – aquele capaz de ameaçar a vida de uma costa inteira de corais. O problema do barulho é que ele nos distrai. 

Já está na hora de entender que a onda da desinformação é uma ameaça real sobre as ações de resolução do clima. Afinal, enquanto perdemos tempo disputando no campo narrativo que a Terra é redonda e que as mudanças climáticas são reais, menos nos debruçamos sobre as ações que efetivamente contribuem para frear o fenômeno (ou reduzir sua intensidade). 

Durante  a COP 28, realizada no final do ano passado, em Dubai, foi lançado o programa da Secretaria Geral das Nações Unidas com a Purpose chamado Verified For Climate, do qual eu tenho a honra de fazer parte. O programa reúne uma equipe dos Emirados Árabes e do Brasil para combater notícias de desinformação sobre clima dentro do Tik-Tok. Recentemente, a agente Lívia Humaire postou um vídeo que viralizou [veja abaixo], no qual ela combate a desinformação sobre notícias relacionadas à temperatura média global da Terra. Alguns meios de comunicação divulgaram que o planeta em 12 meses ultrapassou 1.5 C, a marca-limite do acordo de Paris, e ela rebateu essa postagem levando os fatos de que, para algo ser considerado mudanças climáticas, é preciso acontecer de forma consecutiva durante 30 anos e não em 12 meses. A desinformação que foi divulgada gerou um alarde como se não houvesse mais nada a ser feito para frear as mudanças do clima, mas ainda temos 6 anos até o final da década para minimizar os impactos da ação humana e não ultrapassar o 1.5 C.

Cabe questionar quem ganha com a informação de que não há nada a ser feito.  

Precisamos ressaltar que a desinformação não é só um fenômeno da falta de conhecimento ou má interpretação dos fatos. Muitas vezes ela vem com uma estratégia deliberada e integrada por interesses específicos, o que alimenta a polarização, cria dúvidas infundadas sobre a ciência do clima e enfraquece a pressão popular necessária para a adoção de medidas urgentes.

Por isso, é importante buscarmos mecanismos de combate a esse risco. A luta contra a desinformação nas questões climáticas não é apenas uma batalha por dados precisos, mas também uma defesa da integridade da ciência, do engajamento público e, em última análise, do próprio Planeta. 

As opiniões e informações publicadas nas seções de colunas e análises são de responsabilidade de seus autores e não necessariamente representam a opinião do site ((o))eco. Buscamos nestes espaços garantir um debate diverso e frutífero sobre conservação ambiental.

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Comentários 1

  1. Marcos Araújo diz:

    Aprendi na faculdade que a ciência avança pelo contraditório. Combater desinformação é desculpa p calar o contraditório. É cousa de totalitário. Um tema com implicações sociais e econômicas desta magnitude deveria ter o debate incentivado e não calado em nome de suposta desinformação. Absurdo!