O avanço da tecnologia facilitou o monitoramento de animais silvestres, uma ferramenta com a qual pesquisadores obtêm informações sobre os hábitos e movimentos de espécies animais na natureza, com mínima interferência humana.
Desde o início do século XX, cientistas produzem estudos em que monitoram de maneira sistemática movimentos individuais de animais. Por muito tempo, monitorar a vida selvagem significava apenas seguir e observar um animal ou capturá-lo, colocar nele uma etiqueta e torcer que ele fosse recapturado (por exemplo, a anilhagem de aves). No final dos anos 50, os pesquisadores começaram a usar transmissores de rádio. Nos anos 70, começou a funcionar o sistema de satélites Argos e, nos anos 90, o Sistema de Posicionamento Global (GPS, do inglês Global Positioning System).
Graças às tecnologias acima, os dispositivos de rastreamento modernos são capazes de determinar exatamente onde um animal está no momento da medição. Os dados recolhidos a partir destes dispositivos podem determinar os movimentos diários do animal, o tamanho da área em que circula e quais os seus habitats naturais. A análise destas informações permite, por exemplo, indicar novas formas de manejo das populações estudadas, determinar o impacto do desenvolvimento humano sobre elas, ou, ainda, ajudar na compreensão se em uma área há um número suficiente de indivíduos de uma espécie que permita a sua sobrevivência.
Existem três principais tipos de sistemas de rastreamento usados hoje: por rádio, satélite ou GPS.
Rastreamento por Rádio
É o mais comum e menos caro, e está em uso desde os anos 50. Permite monitorar espécies que vão de pequenas aves até grande mamíferos, como lobos, leões e baleias.
O acompanhamento por rádio envolve dois dispositivos. O primeiro é um transmissor ligado ao animal, que armazena informações e as envia sob a forma de um sinal de alta frequência ou VHF (very high frequency, em inglês), tal como faz uma estação de rádio. Este transmissor é usado para localização. Em geral é acoplado a uma coleira com bateria – o chamado rádio-colar — e colocado em volta do tornozelo, pescoço, asa, carapaça, ou barbatana dorsal de um animal. Do outro lado, está o receptor que capta o sinal VHF, como um rádio doméstico que sintoniza em uma estação. O processo de coleta e transmissão de dados à distância é chamado de “telemetria”.
O pesquisador usa um receptor e antenas direcionais para captar o sinal. Para detectar o rádio-colar, seu equipamento deve estar há poucos quilômetros do animal. O rastreamento do sinal pode ser feito à pé, de carro ou de avião/helicóptero. Outra alternativa é usar um conjunto de receptores estacionários arranjados por toda a área de estudo.
Rádio-colares costumavam ser grandes e utilizados em animais também de bom porte, mas as melhorias na tecnologia permitiram a criação de transmissores pequenos que podem ser ligados a animais menores (como pequenos roedores e animais domésticos). Há inclusive a possibilidade de implantar cirurgicamente sob a pele transmissores que permanecem intactos e duram mais tempo do que os rádio-colares, pois ficam protegidos do tempo e de impactos.
Rastreamento por Satélite
Este método é semelhante ao rastreamento por rádio, mas em vez de enviar o sinal para um receptor, o rádio-colar envia o sinal de rádio para um satélite. Nesta modalidade, os pesquisadores não precisam estar próximos do animal para captar o sinal. O acompanhamento pode ser feito por computador.
A telemetria é feita pelo Argos, um sistema baseado em satélites, que funciona desde 1978. Ele coleta e processa dados ambientais de plataformas fixas e móveis em todo o mundo e os transmite para os pesquisadores. Apenas programas relacionados à proteção, pesquisa ou educação ambiental, ou governos podem utilizar o sistema.
Rastreamento por GPS
O GPS é a mais nova tecnologia para monitorar a vida selvagem. Nesta modalidade, o rádio-colar não é um transmissor, mas sim um receptor de rádio. Este dispositivo grava e armazena dados de localização enviados por satélites em intervalos pré-determinados. Estes dados podem ser recuperados do próprio dispositivo ou transmitidos via VHF ao pesquisador através de um computador conectado à internet.
O GPS permite ao pesquisador obter dados sobre localização de animais em qualquer condição climática, com a frequência de minutos a semanas, com raio de precisão de 5 metros. No entanto, embora seja o método mais preciso, é o mais caro e a longevidade dos dispositivos é de um ano, contra 4 anos de duração das unidades de VHF.
*Artigo editado em 30.03.2015 às 11h45.
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Por que nao usar chips internos para não incomodar os animais com estas coleiras que podem apertar e ou até mesmo pesar, agarrar em algum galho ou em algo qualquer que faça o animal ficar preso?
Chip interno que você diz e fazer um procedimento cirúrgico no animal, e colocar o chip dentro do seu corpo? Se for isso que você quis dizer, as vezes essa cirurgia e realmente feita, mas acaba sendo bem mais intrusiva para o animal, vale lembrar que muitas coleiras tem uma tecnologia que faz com que depois de um tempo a mesma saia do animal, essa tecnologia foi feita para que não enforque o animal que esteja em fase de crescimento.
parabéns a todos sigam firme