O arquipélago de Zanzibar, na Tanzânia, é para muitos um destino de férias idílico, um lugar para se relaxar, tomar sol e reviver os sentidos, a quintessência da ilha paradisíaca. No entanto, como um fotógrafo e um conservacionista, eu estava interessado em descobrir o “real” tesouro que Zanzibar tinha para oferecer e iniciei minha jornada para descobrir os habitats naturais que restaram na região. As ilhas de Zanzibar são consideradas “hotspots” de biodiversidade global e integram o hotspot das florestas costeiras da África Oriental. Hotspots são áreas com alta biodiversidade e endemismo e sua definição tem sido utilizada para priorização de recursos para conservação no mundo.
Separadas da África continental há milhares de anos, as ilhas de Zanzibar evoluíram uma coleção única de plantas e animais. Pelo menos sete espécies de animais são endêmicas. Lar destes e outros animais, as florestas de Zanzibar tem fornecido às comunidades locais alimentos, lenha, remédios e matéria prima para construção de casas. As outroras abundantes florestas que cobriam as ilhas, supriram desde as características portas de madeira esculpidas de Zanzibar até os dhows tradicionais (pequenos barcos a vela árabes) que navegavam pelo Oceano Índico.
Hoje o Parque Nacional de Jozani em Chwaka Bay e as áreas do entorno que incluem florestas comunitárias, terras cultivadas e várias aldeias, formam a área de conservação Jozani-Chwaka Bay (estabelecido em 1995) e representa o último habitat florestal natural remanescente de Zanzibar. A história da desaparição das florestas em Zanzibar é semelhante a de muitos outros pequenos Estados insulares. Estas florestas têm sido historicamente exploradas por sua madeira preciosa, e hoje só restaram pequenas manchas isoladas.
Em pouco mais de 50 quilômetros quadrados, o Parque Nacional de Jozani é pequeno e é a única reserva terrestre da ilha. O Parque fica cerca de uma hora de viagem de Stone Town, e é facilmente acessível tanto por transporte público ou por veículos alugados. Seus habitantes singulares e maravilhosos incluem o macaco Colobus-Vermelho-de-Kirk (Procolobus kirkii), o antílope Duiker-de-Ader (Cephalophus adersi) e o Musaranho-Elefante-Preto-e-Ruivo (Rhynchocyon petersi) além do quase extinto leopardo-de-Zanzibar (Panthera pardus adersi).
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Grande parte dos esforços de conservação do parque nacional estão centrados em torno do Colobus-Vermelho, que atua como espécie bandeira, e ajuda a atrair um grande número de visitantes todos os dias. Esta espécie por ser endêmica da ilha tornou-se um dos mais raros macacos do mundo. O endemismo resultou na evolução singular do seu padrão de pelagem, vocalização e dieta. Ao contrário de outras espécies de macacos Colobus, o Colobus-Vemelho habita uma vasta gama de habitats, inclusive os mangues. Um grupo de macacos Colobus-Vermelho foi especialmente habituado à presença de seres humanos e passa o dia forrageando próximo à recepção de visitantes. Para os entusiastas da vida selvagem (como eu) e turistas da ilha, a experiência de assistir a estes animais maravilhosos e únicos de perto é sem dúvida uma experiência extremamente gratificante e inesquecível.
O manguezal do parque é uma visão igualmente impressionante e os poucos sortudos podem até mesmo ser capaz de capturar um vislumbre do Procolobus neste habitat. O Parque Nacional oferece passeios guiados e isso é altamente recomendável, pois os guias tem um grande conhecimento local e são extremamente competentes para descobrir os animais escondidos entre as folhagens. Os visitantes são incentivados a fazer doações e todas as contribuições individuais ajudam a promover os trabalhos de conservação. É um passo pequeno, mas essencial para ajudar a preservar este raro habitat que sobrou na região.
* Aditya Swami, 23 anos, é fotógrafo e mestre em Ciências Ambientais pela Universidade de East Anglia.
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Um outro caminho para a Índia
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