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Newsletter O Eco+ | Edição #179, Dezembro/2023

Um adeus para a Pequi, o enigma da serra catarinense e as divergências do MME

Newsletter O Eco+ | Edição #179, Dezembro/2023

24 de dezembro de 2023

Isolado num parque nacional encravado no planalto catarinense, o cinzeiro-pataguá começa a ter seus segredos revelados pela Ciência, após décadas de seu descobrimento. Enquanto isso, o fantasma do aquecimento global ronda as matas frias e úmidas que a protegem. A literatura científica conta que o cinzeiro-pataguá vivia ao menos em quatro municípios catarinenses, mas hoje cerca de 250 exemplares seriam encontrados apenas em pontos isolados no Parque Nacional de São Joaquim. As pesquisas sobre a planta podem revelar igualmente quanto a espécie captura de carbono em seu crescimento, se animais ou aves comem e dispersam seus frutos e sementes, a longevidade e outros traços da ainda enigmática planta. 

Uma triste notícia para os leitores que acompanhavam as andanças da loba-guará Pequi: reintegrada à natureza em abril deste ano, Pequi foi atropelada em Goiás, ao tentar atravessar uma rodovia. “A humanidade caminhou para um modelo de civilização que é incompatível com a natureza, com a vida”, desabafou o veterinário Otávio Maia, que monitorava as andanças do animal. Ela estava retornando de uma incursão, iniciada na véspera, a uma região desconhecida localizada a 10 km do que parecia ser a área escolhida para se estabelecer, formada por cinco fragmentos de Cerrado incrustados em duas propriedades produtoras de grãos. 

Parecer ainda não divulgado publicamente, ao qual ((o))eco teve acesso, revela que há divergências do Ministério de Minas e Energia (MME) em relação aos resultados de avaliação ambiental na Bacia do Solimões. A pasta discordou sobre riscos apontados para atividades petrolíferas nas proximidades de Terras Indígenas (TI) e Unidades de Conservação (UC) dessa importante bacia do estado do Amazonas, onde áreas protegidas como a Terra Indígena Vale do Javari têm vários grupos de indígenas isolados e sofrem inúmeras pressões. Com 309,5 mil km², a Área da Bacia Efetiva do Rio Solimões tem 10,7% desse total formado por áreas já concedidas à indústria petrolífera. Mas a perspectiva de expansão das atividades de exploração de petróleo e gás na região não encontra respaldo no relatório da AAAS Solimões. Muito pelo contrário. 

Essa é a última newsletter especial do ano. Agradecemos sua companhia durante 2023 e desejamos um excelente 2024. Voltaremos em janeiro cheios de novas notícias ambientais!

Boa leitura!

Redação ((o))eco

· Destaques ·

Um enigma nas florestas nebulosas da serra catarinense

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· Conservação no Mundo ·

Serviço natalino noturno. Ao contrário do que se pensa, as “ajudantes do Papai Noel” não precisam do nariz vermelho da rena Rudolph para se guiarem à noite. Pesquisadores descobriram que renas conseguem enxergar no espectro de luz ultravioleta, o que permite que elas encontrem alimento no breu do inverno ártico. [Wildlife.org]


Chuva de mentirinha. No Paquistão, chuvas artificiais têm sido utilizadas para diminuir os índices de poluição. O governo de Punjab usou a técnica de semeadura de nuvens para criar chuva em 10 locais da cidade. Para criar as nuvens, é necessário que já haja umidade suficiente presente nas nuvens na baixa atmosfera. No entanto, especialistas climáticos alertam que os efeitos da propagação de nuvens podem ser imprevisíveis. Malik Amin Aslam, ex-ministro do Meio Ambiente, disse que, uma vez desencadeada a chuva, pode ser difícil contê-la: “A interrupção dessa chuva é ditada pela natureza”. [TheGuardian]

· Dicas Culturais ·

• Pra ler •

Oceano Sem Mistérios – Construindo Cidades Azuis | Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica

O material apresenta soluções para tornar as cidades mais azuis em temas como educação, economia, turismo, resiliência climática, água e saneamento, saúde e conservação dos ecossistemas. Elaborado pela Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica e coordenado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e UNESCO, a publicação também contou com a parceria da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). 

Fundação Grupo Boticário

• Pra ouvir •

Sede na floresta mais úmida do mundo | Pauta Pública

“Dói viver sem água em pleno Pará”, resume Maria Eva Martins, agricultora em um Projeto de Desenvolvimento Sustentável localizado no sudeste do estado. Nos entornos dos municípios de Marabá e Canaã dos Carajás, famílias rurais sofrem com a ausência de nascentes, o pouco volume de águas nos rios durante o verão e as consequências da mineração e do garimpo. No último episódio da série “Amazônia Sem Lei”, a Agência Pública analisa conflitos ocasionados pela escassez de água.

Spotify

• Pra assistir •

O sal da terra | Juliano Salgado, Wim Wenders

Nos últimos 40 anos, o fotógrafo Sebastião Salgado tem viajado através dos continentes, aos passos de uma humanidade sempre em mutação. Ele testemunhou alguns dos principais eventos da nossa história recente; conflitos internacionais, a fome e o êxodo. Ele agora embarca na descoberta de territórios imaculados, da flora e da fauna selvagem e de paisagens grandiosas como parte de um enorme projeto fotográfico. Uma homenagem à beleza do planeta.

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