Pinguins de Deus

Um dos filmes de maior sucesso nos Estados Unidos atualmente é um documentário. Chama-se a “Marcha dos Pinguins” e, basicamente, conta como vivem os pinguins imperadores, em especial sua migração anual que os leva a caminhar 140 quilômetros, sob temperaturas congelantes, para por ovos em seus ninhos. O bicho é simpatiquinho e bonitinho e o filme tem imagens belíssimas. Mas isso, como mostra reportagem do The New York Times, não é a única razão pela qual ele anda fazendo bilheteria de dar inveja à Hollywood. Uma, não menos importante, é que a direita religiosa americana encampou o filme como uma espécie de homenagem do reino animal à cultura da monogamia e da dedicação aos filhos. Os pinguins imperadores, aparentemente, são tudo o que os evagélicos e católicos radicais americanos gostariam que o ser humano fosse. Um deles disse que o documentário é a versão animal da “Paixão de Cristo”, filme dirigido pelo ex-herói-de-ação-transformado-em-católico-fervoroso, Mel Gibson.