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146 ativistas ambientais foram assassinados em 2024, segundo a Global Witness

Com 12 mortes registradas somente no ano passado, Brasil fica atrás apenas da Colômbia, Guatemala e México no ranking de países com mais assassinatos de ambientalistas

Karina Pinheiro ·
18 de setembro de 2025

O Brasil foi em 2024 o quarto país mais mortal do mundo para os defensores do meio ambiente, afirmou um relatório da Global Witness publicado na última quarta-feira (17). Com 12 mortes registradas somente no ano passado, o país fica atrás apenas da Colômbia (48), Guatemala (20) e México (18). Em comparação a 2023, o número é considerado inferior.

Ao redor do mundo, pelo menos 142 ativistas ambientais foram assassinados em 2024, com outros quatro ainda desaparecidos, conforme aponta a Global Witness. O fenômeno acaba sendo mais intenso na América Latina, onde foram registrados 82% dos casos. A maioria das vítimas eram indígenas ou agricultores, assim como ativistas contra mineração, exploração madeireira, agricultura, caça ilegal e projetos de energia. Os autores dos ataques eram, em maioria, grupos criminosos, assim como as Forças de segurança estatais. 

Liderança Pataxó Hã-Hã-Hãe foi morta por fazendeiros às vistas da PM da Bahia em reintegração ilegal, em janeiro de 2024. Foto: Redes sociais

O relatório cita dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) que também apontou uma redução no número de assassinatos no Brasil, mas registrou aumento de ameaças de morte, intimidações e tentativas de homicídio em conflitos no campo. De acordo com a entidade, foram contabilizados 481 casos de tentativa de homicídio, dos quais 44% tiveram como alvo povos indígenas e mais de 27% atingiram comunidades quilombolas.

A organização não-governamental apontou que em acompanhamento dos casos de assassinatos e desaparecimentos de defensores ambientais, os riscos enfrentados por essas lideranças permanecem altos. O avanço da mineração, da exploração madeireira, da agroindústria e de projetos de infraestrutura, impulsionado pela demanda global por alimentos e matérias-primas, tem ampliado a disputa por territórios sem consulta ou compensação às comunidades afetadas. Apesar da criação de instrumentos legais, como a diretiva da União Europeia sobre sustentabilidade empresarial e o Tratado Vinculante da ONU sobre Empresas e Direitos Humanos, a implementação segue lenta e sob forte pressão de governos e grandes corporações. Mecanismos já existentes, como o Acordo de Escazú e a Declaração da ONU sobre Defensores de Direitos Humanos, reconhecem a importância dessas lideranças, mas ainda se mostram insuficientes diante da falta de vontade política para garantir sua proteção.

  • Karina Pinheiro

    Jornalista formada pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), possui interesse na área científica e ambiental, com experiência na área há mais de 2 anos.

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