De Marcio Carrilho
A colunista Ana Araujo dá uma informação errada no seu artigo “Para além do horizonte“. No terceiro parágrafo, afirma que a conquista brasileira do Everest foi do paranaense Waldemar Niclevicz, em 1995. O primeiro brasileiro a fazer o cume do Everest foi Michel Marie Vincent, em 7 de outubro de 1992. Filho de pais franceses, ele nasceu em Areal (RJ) e viveu no Brasil até os três anos de idade, mas tem nacionalidade brasileira, além da francesa. Outra coisa: Niclewicz fez o cume do Everest, em 14 de maio de 1995, na companhia de outro brasileiro, omitido pela colunista, Mozart Catão, de Teresópolis (RJ).
Ainda, sobre as conquistas de Vitor Negrete que ela cita, as que realmente contam, as que vão ficar na história, foram, principalmente, a Face Sul do Aconcágua, além da primeira invernal brasileira na mesma montanha. Mas, a maior de todas as conquistas ele chegou a fazer, mas infelizmente não terminou: o cume do Everest sem oxigênio suplementar.
Os demais feitos citados são de menor importância, como, por exemplo, o Huayna Potosí, na Bolívia, montanha considerada muito fácil para um 6.000m.
Agora, uma opinião pessoal: discordo quando ela diz “Não imagino que esta seja uma história triste”, no penúltimo parágrafo, referindo-se à morte de Negrete. Como montanhista e ser humano, eu acho triste sim, e muito. Tudo bem que ele estava na montanha, fazendo o que gosta mais gostava. Mas deixou mulher e dois filhos bem pequenos, que não vão poder crescer convivendo com o pai.
Isso é triste demais.
Resposta da autora:
Oi Marcio,
Recebi seu email pelo Editor do O ECO e queria agradecer ao esclarecimento sobre a primeira ascensão brasileira no Everest. Eu pretendo alterar o texto, para evitar que outras pessoas leiam uma informação errada, mas queria uma ajuda sua. Nas minhas pesquisas li que o ano passado (2005) foi a comemoração dos 10 anos da conquista brasileira no Everest, mas, se o Michel foi o primeiro em 1992, essa informação também não confere, certo?
E quanto ao fato dessa ser uma história triste, acho que não me expressei bem. Tive dificuldade em escrever o texto, justamente por não gostar e evitar a abordagem do tema “morte”, mas eu me referi ao relato da vida dele e não da morte em si. Realmente, morrer sozinho, a dezenas de graus negativos, totalmente impotente, não é motivo de orgulho e nem “glamour”. O meu orgulho se refere à dedicação de uma vida para atingir objetivos que eram somente dele e que traziam a glória apenas para ele, pois sabemos que nosso país ainda reconhece pouco os méritos desse esporte (vide a atenção dedicada pela mídia: 4 linhas no jornal dos esportes de sábado).
Para finalizar seus questionamentos, sei que o Huayna Potosi não é nada de mais, até porque ele estava no meu planejamento de viagens para esse ano (a minha primeira alta montanha!), mas tento compor os textos com o maior número possível de informações para atender tanto ao público que sabe do que estou falando como àquele que está apenas sonhando em como seria ser um montanhista.
Fico feliz quando os leitores participam da discussão, deixando o texto menos estático, e mais ainda quando me sugerem novos temas interessantes. Por isso, sinta-se em casa ;]
Obrigada e beijos
Ana Araujo
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