Notícias

Novas espécies de fungos comprovam riqueza da Amazônia

A maior parte dos fungos desconhecidos do mundo está em florestas tropicais, como mostra a descoberta de 3 novas espécies na Amazônia.

Ricardo Braga-Neto ·
18 de julho de 2012 · 12 anos atrás
 
O Scleroderma minutispora, encontrada na Amazônia, foi nomeado assim por causa dos seus pequenos esporos.
O Scleroderma minutispora, encontrada na Amazônia, foi nomeado assim por causa dos seus pequenos esporos.

Fungos são organismos surpreendentes e imprescindíveis para o funcionamento dos ecossistemas terrestres, sendo responsáveis pela decomposição de matéria orgânica e pela reciclagem de nutrientes em florestas do mundo todo. Na Amazônia eles são ainda pouco conhecidos, embora a sua importância ecológica seja imensa. Para reduzir essa carência no conhecimento científico é necessário coletá-los não apenas em diversos locais, mas também em vários momentos no tempo, pois a maior parte deles frutifica em ciclos rápidos e sazonais.

Na Reserva Ducke, em conjunto com um time que reuniu especialistas em taxonomia, encontrei as 3 novas espécies de fungos gasteróides.  Elas incluem uma nova espécie do gênero Scleroderma e outras duas do gênero Morganella.  O resultado deste trabalho levará a publicação de um Guia de Fungos Macroscópicos da Amazônia Central, que fará parte da série de guias publicados pelo Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio) que já tem volumes sobre sapos, lagartos, samambaias e ervas da ordem Zingiberales.

A maior parte dos fungos desconhecidos pela ciência está em florestas tropicais no mundo todo. A Amazônia, maior extensão de floresta tropical do planeta, é particularmente pouco estudada e guarda ainda centenas de descobertas, algumas das quais podem ter aplicações importantes na indústria farmacêutica e na alimentação humana. Mais espécies deste e outros grupos de fungos estão em processo de descrição e serão publicadas em breve.

Os trabalhos sobre essas descobertas foram escritos em parceria com os pesquisadores Iuri Baseia, Donis Alfredo, Anileide Leite e Vagner Cortez e saíram recentemente na revista especializada em taxonomia de fungos Mycosphere.

Morganella rimosa foi nomeada devido à superfície do perídio repleta de rachaduras
Morganella rimosa foi nomeada devido à superfície do perídio repleta de rachaduras
 

 

 
Morganella albostipitata é uma espécie distinta das demais pelo “pé” branco
Morganella albostipitata é uma espécie distinta das demais pelo “pé” branco
 

  • Ricardo Braga-Neto

    Ricardo Braga-Neto é biólogo e especialista em ecologia de fungos da Amazônia.

Leia também

Colunas
13 de dezembro de 2024

A divulgação é o remédio

Na década de 1940, a farmacêutica Roche editou as Coleções Artísticas Roche, 210 prospectos com gravuras e textos de divulgação científica que acompanhavam os informes publicitários da marca

Reportagens
13 de dezembro de 2024

Entrevista: ‘É do interesse da China apoiar os planos ambientais do Brasil’

Brasil pode ampliar a cooperação com a China para impulsionar sustentabilidade na diplomacia global, afirma Maiara Folly, da Plataforma CIPÓ

Salada Verde
13 de dezembro de 2024

Área de infraestrutura quer em janeiro a licença para explodir Pedral do Lourenço 

Indígenas, quilombolas, ribeirinhos, peixes endêmicos e ameaçados de extinção serão afetadas pela obra, ligada à hidrovia exportadora

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.