A ciência já registrou em território brasileiro 103.870 espécies animais e outras 43.020 espécies vegetais, segundo relatório entregue pelo governo brasileiro para a Convenção sobre Biodiversidade Biológica (CBD) em 2010. É a maior diversidade biológica de qualquer nação do planeta. Agora, o Brasil quer mapear em uma só plataforma online todos os dados sobre esses organismos e seus ecossistemas.
A plataforma se chamará Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Seu orçamento conta com 28 milhões de dólares do Ministério da Ciência e Tecnologia e o apoio financeiro do Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês). O programa está previsto para durar 5 anos. Ao final, espera-se que ele também integre os bancos de dados sobre o assunto já existentes no Brasil.
Caminho desconhecido
O número total de bancos de dados no país ainda é desconhecido. A plataforma SiBBr iniciou pesquisa para identificar quantos são – entre coleções biológicas, zoológicas, de microrganismos, herbários e bibliotecas – e quantos estão disponíveis em entidades públicas e particulares no Brasil. Uma primeira contagem dessas coleções será feita no próximo dia 15 de abril.
A pesquisa foi encaminhada a mais de 280 instituições, entre universidades, institutos de pesquisa, museus, coleções particulares e outros, somando mais de 400 fontes de informação.
“Ao levantar informações sobre biodiversidade, será possível ter um ponto de partida unificado para os pesquisadores”, disse Denise Hamú, chefe do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que apoia a plataforma SiBBr. Além do Pnuma, são parceiros a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC).
Não se projeta mais o desenvolvimento econômico e social de um país sem incluir a vertente ambiental, defendeu Hamú em entrevista a ((o))eco. “O Pnuma acredita que os preceitos de consumo e desenvolvimento sustentáveis devem ser incorporados pelos países em desenvolvimento e o Brasil tem um grande potencial de liderança nesta área”, disse.
Todos os biomas
O Brasil abriga quatro importantes biomas – Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal – e todos eles serão incluídos no mapeamento.
O mundo marinho também estará lá, uma vez que as riquezas da extensa plataforma marítima brasileira, também conhecida como Amazônia Azul, sofrem fortes pressões sobre seus recursos.
Segundo o Pnuma, a plataforma deverá gerar “subsídios para políticas de conservação e de serviços ambientais associados aos ecossistemas”, assim como levantar o potencial econômico em áreas como agricultura, medicina, turismo e indústria.
A plataforma incluirá, à medida em que ocorrerem, a descoberta de novas espécies de fauna e flora. Ninguém sabe quantas espécies ainda podem ser descobertas e “não é seguro fazer projeções sobre quantas ainda serão listadas”, diz Hamú.
Unidades de Conservação
No Brasil, existem hoje 312 Unidades de Conservação federais geridas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Elas abrigam boa parte das espécies conhecidas no país. “Os levantamentos em Unidades de Conservação também farão parte do SiBBr e as informações poderão subsidiar futuras decisões sobre áreas de conservação”, disse Hamú.
Em última instância, o objetivo da plataforma online será o de promover a conservação e uso sustentável da biodiversidade nos setores produtivos. “Por meio do acesso à informação sobre biodiversidade, a plataforma SiBBr será uma ferramenta para a formulação de políticas públicas que favoreçam a conservação de ecossistemas sensíveis à atuação dessas atividades produtivas”, disse Hamú.
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