Notícias

Bancada ruralista apoia Eduardo Cunha para presidir Câmara

Deputado promete reviver a PEC 215, que transfere para o Congresso o poder de demarcar terras indígenas e criar Unidades de Conservação.

Daniele Bragança ·
21 de janeiro de 2015 · 10 anos atrás

Eduardo Cunha, deputado pelo PMBD-RJ, da bancada evangélica, e também presidente da Câmara dos sonhos da bancada ruralista. Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Eduardo Cunha, deputado pelo PMBD-RJ, da bancada evangélica, e também presidente da Câmara dos sonhos da bancada ruralista. Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

A bancada ruralista já sabe em quem votar para a concorrida presidência da Câmara dos Deputados. O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ganhou apoio formal na semana passada, após prometer facilitar a tramitação de temas caros da bancada. Até o momento, candidataram-se 3 deputados para o cargo de presidente da Câmara: Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Júlio Delgado (PSB-MG) e Arlindo Chinaglia (PT-SP).

Entre esse temas está a retomada da PEC 215, que transfere para o Congresso o poder de demarcar Terras Indígenas, Terras Quilombolas e criar Unidades de Conservação. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215 foi arquivada em dezembro/2014, após o colegiado formado para analisá-la não conseguir votar antes do término dos trabalhos legislativos. A proposta foi para a gaveta, episódio comemorado como uma vitória dos grupos indígenas e deputados contrários à PEC, que fizeram pressão para impedir a votação.

O alívio durou pouco.

Apelidada de PEC das Terras Indígenas, a PEC 215 também afeta a criação de novas Unidades de Conservação. Até hoje, esta é uma prerrogativa do Executivo. Se a PEC 215 for aprovada, o Congresso passará a definir quando e onde criar áreas protegidas.

De volta ao começo

A PEC 215 será desarquivada, não importa quem estiver sentado na cadeira da presidência da Câmara dos Deputados. Pelas regras da casa, basta a apresentação de um requerimento encaminhado ao presidente para que ela volte a tramitar. A regra é o requerimento conter a assinatura do autor da PEC ou de um dos deputados que assinaram o documento de criação da proposta.

A disputa é importante para a bancada ruralista, pois é o presidente da Câmara que coloca os projetos de lei em votação. Quando isso acontece, os ruralistas sabem que ganham, pois são a maior bancada suprapartidária do país. Foi assim com a tramitação do Código Florestal.

“Não é de hoje que enfrentamos os desafios com destemor. Foi assim na aprovação do Código Florestal, na revisão dos índices de produtividade, no emplacamento de máquinas agrícolas etc. E será assim na demarcação de terras indígenas, no projeto de acesso aos recursos genéticos, trabalho escravo, na legislação sobre agroquímicos, na lei trabalhista específica para o trabalhador rural, entre outros temas”, diz a nota da Frente Parlamentar da Agropecuária em apoio à candidatura de Eduardo Cunha.

 

Saiba Mais
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215

Leia Também
Disputa por Terras Indígenas aumenta ameaça ao meio ambiente
Só tragédias impulsionarão a resolução de conflitos por terras indígenas?
Os nativos estão inquietos, com toda a razão

 

 

 

  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

Leia também

Salada Verde
7 de outubro de 2024

Centrão e direita dominam prefeituras de cidades líderes em desmatamento na Amazônia

União Brasil, MDB, PSD, AVANTE, Podemos, PP, Republicanos, PRD e PL garantem 68 das 70 cidades monitoradas pelo Ministério do Meio Ambiente; PDT e PSB completam lista

Notícias
7 de outubro de 2024

Organizações brasileiras criticam decisão europeia de adiar lei anti desmatamento

Anúncio, feito na última semana, causou reações adversas. Brasil era um dos países que pediam adiamento, mas há temor de que lei seja enfraquecida

projeto-arvores-gigantes-da-amazonia-angelim-vermelho-a-maior-arvore-da-amazonia1b-foto-havita-rigamonti-imazon-ideflor
Salada Verde
7 de outubro de 2024

Pará cria novo parque estadual para proteger maior árvore do Brasil

Nova unidade deriva da Floresta Estadual do Paru, que teve porção recategorizada com o objetivo de proteção integral

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.