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Morte de Dorothy Stang completa 10 anos

Assassinato da missionária norte-americana ocorreu em Anapu, em fevereiro de 2005. A pressão sobre os assentamentos ainda continua.

Redação ((o))eco ·
12 de fevereiro de 2015 · 10 anos atrás

Local onde Dorothy Stang foi assassinada há dez anos. Placa presta homenagem ao trabalho da missionária em favor dos trabalhadores rurais. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Local onde Dorothy Stang foi assassinada há dez anos. Placa presta homenagem ao trabalho da missionária em favor dos trabalhadores rurais. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Em 2009, uma placa em homenagem à Dorothy Stang e outros “mártires que tombaram na luta pela preservação da floresta e reforma agrária na Amazônia” foi pregada numa árvore em Anapu, Pará, cidade onde a missionária foi assassinada há 10 anos. A placa continua no local, mas está crivada de balas, um alerta nada sutil sobre qual o destino esperado para quem ousa contrariar os interesses dos poderosos locais.

A impunidade em torno de um dos casos mais famosos de violência no campo no Brasil é tanta que o assassinato da missionária Dorothy Stang se transformou num símbolo do poderio da elite local, mantido com sangue, e das resistências.

A missionaria foi morta por seis tiros enquanto caminhava por uma estrada de difícil acesso. O principal mandante do crime, o fazendeiro Regivaldo Pereira Galvão, conhecido como Taradão, aguarda o fim do processo em liberdade, após habeas corpus concedido pelo ministro Marco Aurélio de Melo no STJ.

O também fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, o intermediário Amair Feijoli da Cunha, o Tato, e os pistoleiros Rayfran das Neves Sales e Clodoaldo Batista – cumpriram ou ainda cumprem suas penas, segundo o Ministério Público Federal.

Dorothy lutava pela criação dos assentamento Esperança e Virola-Jatobá, que só foram reconhecidos pelas autoridades após o crime. Uma área no centro do assentamento Esperança era alvo de disputa entre fazendeiros e trabalhadores. O local já era reconhecido pelo Incra como pertencente à União, mas os fazendeiros da região reclamavam pela posse da área.

Após o assassinato, o processo de transformar o local em assentamento do Incra avançou, mas moradores ainda enfrentam resistência por parte dos latifundiários. Até guaritas foram instaladas nas estradas de acesso para evitar ataques.

Mortes no campo

Impunidade: placa em homenagem à Irmã Dorothy está crivada de balas. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Impunidade: placa em homenagem à Irmã Dorothy está crivada de balas. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

De acordo com a Pastoral da Terra, o Pará concentra 35% dos assassinatos no campo ocorridos entre 2005 e 2014. Só no estado foram assassinados 118 pessoas por conflitos fundiários. No país todo foram 334. Ainda de acordo com a Pastoral, das 548 tentativas de assassinato, 165 aconteceram no Pará. Das 2.118 das pessoas ameaçadas de morte, 617 viviam no Pará.

 

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