![Tire esse aquecimento global do caminho do cafezinho. Foto: Waferboard/Flickr.](https://i0.wp.com/www.oeco.org.br/wp-content/uploads/2017/09/Café-1024x683.jpg?resize=640%2C427)
As transformações no clima vão afetar drasticamente o cultivo de um grão que é matéria-prima para a bebida mais popular do Brasil e ajuda na subsistência de centenas de milhares de pessoas. De acordo com um estudo publicado nesta segunda-feira (11) no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, as mudanças climáticas podem reduzir drasticamente (de 73% a 88%) a área destinada ao cultivo de café na América Latina até 2050, assim como diminuir (de 8% e 18%) a quantidade de espécies de abelhas na maioria das plantações, em cenários de aquecimento médio e alto. As abelhas são os polinizadores dos cafezais – portanto, sem elas suas manhãs seriam um verdadeiro pesadelo.
A pesquisa considerou 39 espécies de abelha, variedades de café comuns na América Latina, 19 variáveis climáticas e cenários diversos de aquecimento; regiões montanhosas, que produzem café de alta qualidade, estão entre as mais vulneráveis às alterações do clima.
Elas sofrerão duplamente: além de perder área de cultivo, terão de lidar com a falta de abelhas. São casos extremos, mas que não devem ser tão raros caso a temperatura do planeta supere o limite de 2° Celsius estabelecido pelo Acordo de Paris.
![Plantação de café. Foto: Imaflora.](https://i0.wp.com/www.oeco.org.br/wp-content/uploads/2017/09/Grãos-de-café.jpg?resize=400%2C262)
Com uma quantidade menor de espécies de abelhas, os cafezais que ainda tiverem condições de produzir deverão apresentar uma quantidade menor de frutos por falta de polinização. A consequência imediata é a redução do volume de grãos e do número de sacas por hectare, prejudicando o abastecimento da população e a subsistências de pequenos e médios agricultores, que produzem, apenas no Brasil, mais de 43 milhões de sacas por ano.
“Viveremos situações desafiadoras, em que os agricultores podem ter de substituir a cultura do café por outro grão, mais apropriado para as condições climáticas futuras”, disse Pablo Imbacha, um dos autores do estudo. “O mais comum, no entanto, é que as regiões tenham de lidar com pelo menos um dos fatores negativos: perda de espécies ou de áreas cultiváveis”, afirmou.
Apenas em casos raros, como em pequenas regiões da América Central, o sinal se inverte e o benefício poderá vir em dobro: mais variedade de abelhas e mais áreas de cultivo.
A boa notícia é que há como compensar, pelo menos em parte, a perda de produtividade dos cafezais. Isso porque as abelhas são mais resistentes que os pés de café às variações climáticas – e podem ajudar a compensar as perdas causadas pelo aquecimento da Terra. De acordo com o estudo, aumentando o número de espécies para 10 ou 12, é possível manter a produtividade das regiões.
A dica de ouro, portanto, é investir no aumento de variedades de espécies de abelhas e conservar as florestas próximas aos cafezais, uma forma de manter a polinização em alta o ano todo. Também recomenda-se ajustar as técnicas produtivas às novas necessidades da plantação, como ampliar a área de sombra e aumentar a irrigação.
Republicado do Observatório do Clima através de parceria de conteúdo. |
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Sei que postaram um link para o periódico, mas ele não leva ao artigo citado, e não estou conseguindo encontrar o artigo nas buscas. Vocês poderiam colocar um link para o artigo? Obrigada.