A comunidade científica recebeu com pesar a morte do ecólogo e professor americano Christopher Uhl, nesta terça-feira (11). Co-fundador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Uhl deixa um rico legado para o desenvolvimento socioambiental da Amazônia. A causa da morte não foi divulgada.
Docente da Universidade Estadual da Pensilvânia, Uhl viveu em Belém no final dos anos 80 e início dos anos 90 como pesquisador visitante da Embrapa. Ao identificar a escassez de pesquisas com soluções para a Amazônia e a grande carência de profissionais aptos a estudar a região de maneira multidisciplinar, ele identificou a oportunidade de criar um instituto de pesquisa para tal fim.
Em 10 de julho de 1990, junto com os pesquisadores Beto Veríssimo, Paulo Barreto e David McGrath, Uhl fundou o Imazon. Após a criação do instituto, ele ainda permaneceu por cinco anos no Brasil, retornando aos Estados Unidos em 1995, sem deixar de manter relações de mentoria científica e de amizade com a equipe da organização brasileira.
“Nas últimas três décadas, a equipe do Imazon trabalhou com integridade, coragem e brilho para demonstrar ao povo e ao governo brasileiros que, com monitoramento cuidadoso, políticas eficazes e gestão inovadora, a riqueza e a maravilha que é a Amazônia podem perdurar”, disse Christopher Uhl, em 2020, sobre o trabalho do instituto que ajudou a criar.
Para Beto Veríssimo, o legado de Uhl se concretiza no impacto que o Imazon teve para a preservação da Amazônia nos últimos 35 anos. “Grande parte desse impacto pode ser atribuído à cultura que Chris trabalhou tanto para criar no instituto. Ele ensinou a nos aproximarmos do problema, concentramos no longo prazo, anteciparmos tendências e oferecermos soluções. E isso é o que sempre fizemos. Graças ao Chris, esses são os elementos do nosso trabalho até hoje”, afirmou.
Além do Imazon, outras organizações de pesquisa também se manifestaram sobre a morte do ecólogo. O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) lembrou do legado deixado por ele para a preservação da Amazônia e de sua linguagem humanizada sobre os desafios do meio ambiente.
“Chris foi um pioneiro ao estudar a Amazônia com um olhar humano, um grande professor que contribuiu enormemente para a região e a ciência brasileira. A Amazônia, o Brasil e o mundo sentirão sua falta”, afirma André Guimarães, diretor
executivo do IPAM.
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