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Aos 96 anos, morre o ambientalista Paulo Nogueira-Neto

Secretário Especial do Meio Ambiente durante o período militar, Nogueira-Neto foi um dos responsáveis pelo aumento de áreas protegidas entre os anos 70 e 80

Daniele Bragança ·
25 de fevereiro de 2019 · 6 anos atrás
Paulo Nogueira-Neto. Foto: WWF-Brasil.

Nesta segunda-feira (25), o meio ambiente perdeu um dos seus mais importantes defensores. O ex-Secretário Especial do Meio Ambiente durante o regime militar, Paulo Nogueira-Neto, faleceu aos 96 anos de idade.

Nascido em abril de 1922, concluiu o bacharelado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade de São Paulo, em 1945. Na mesma USP, concluiu o curso de História Natural, da Faculdade de Filosofia e Letras, em 1959.

Como pesquisador, se dedicou aos estudos das abelhas ao longo da vida, sendo inclusive tema de sua tese de doutorado. Foi professor emérito do Instituto de Biociências, onde também foi um dos fundadores do Departamento de Ecologia Geral.

Em 1974 assumiu o cargo de Secretário Especial do Meio Ambiente (SEMA) do antigo Ministério do Interior. Foi o primeiro secretário de Meio Ambiente do País, com status de ministro. No cargo, auxiliou na aprovação de leis importantes para o país, como a Lei que rege a Política Nacional de Meio Ambiente (Lei nº 6.938/1981), deixou um total de 3,2 milhões de hectares que viraram unidades de conservação na sua gestão e representou o Brasil (1983-1986) na comissão Brundtland das Nações Unidas, sobre o Meio-ambiente e Desenvolvimento. Foi nessa comissão que surgiu pela primeira vez a expressão “Desenvolvimento Sustentável”.

Sua carreira acadêmica e como ambientalista é longa e diversa. Ao longo da vida, recebeu inúmeros reconhecimentos pelo seu trabalho. Destacamos o Prêmio Paul Getty, láurea mundial no Campo de Conservação da Natureza, recebido com Maria Tereza Jorge Pádua em 1981. Recebeu a Ordem de Rio Branco (do Brasil) e a Comenda da Arca Dourada, dos Países Baixos e o Prêmio Duke of Edinburgh 1997, da WWF Internacional.

Nogueira-Neto foi ainda um dos dos fundadores da Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresa (ADCE), presidente da Associação de Defesa do Meio Ambiente – São Paulo, vice-presidente da WWF Brasil e atuou no Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), no Conselho do Meio Ambiente (Cades) da Prefeitura de São Paulo, no Conselho de Administração da Companhia Ambiental do estado (Cetesb).

Em 2010, seus diários do tempo do Sema viraram livro e conta as dificuldades de estruturar, com tão pouca gente e recurso, o que viria a ser, mais tarde, o Ibama e o Ministério do Meio Ambiente.  

Velório

O velório de Paulo Nogueira-Neto será realizado em sua casa, em São Paulo, a partir das 8h de terça-feira (26). O ambientalista deixa três filhos, seis netos e uma geração de conservacionistas em luto.

 

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  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

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Comentários 3

  1. Cleonice diz:

    Meus sentimentos aos familiares, pois ele foi um grande ser humano para o meio ambiente, seres humanos carentes economicamente, onde sempre os auxiliou com suas doações financeiras,, na formação de doutores através do seu trabalho como professor emérito na USP, na faculdade de biologia., e como esposo, pai e avô e patrão. Que Deus o leve a uma boa seara.


  2. Paulo diz:

    Grande perda. Mas deixou um grande legado.
    Sugiro para uma leitura ambiental, suas obras e escritas.

    O Brasil agradece.


  3. Cícero Lima diz:

    Triste noticia!
    O Dr.Paulo Nogueira Neto é a grande referência ambiental no Brasil. Nossos sentimentos à familia e aos inumeros amigos e colaboradores.