A Caatinga é a maior e mais diversificada floresta seca das Américas, mas também abriga mais de 70% da capacidade instalada e da expansão planejada da energia eólica no Brasil. Ambas as potencialidades, se não geridas corretamente, correm o risco de se tornarem conflitantes, pois uma grande proporção de parques eólicos em operação ou planejados estão ou serão instalados em áreas classificadas como de prioridade muito alta ou extremamente alta para a conservação da biodiversidade. Esse é o alerta do artigo Green versus green? Adverting potential conflicts between wind power generation and biodiversity conservation in Brazil (Verde versus verde? Evitando potenciais conflitos entre geração de energia eólica e conservação da biodiversidade no Brasil, em português), recentemente publicado na revista Perspectives in Ecology and Conservation. Felipe Melo, professor do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e um dos autores do artigo, concedeu entrevista para ((o))eco, esclarecendo sobre a necessidade de diálogo e estratégias para evitar conflitos entre conservação e geração de energia limpa.
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O Eco: Qual a importância da Caatinga para a geração de energia eólica no Brasil? Por que a região é tão visada pelo setor eólico?
Felipe Melo: Cerca de 78% de toda a geração eólica do Brasil se concentra na Caatinga e esse valor tende a subir no futuro para mais de 80%. Essa concentração se deve ao predomínio de ventos fortes nessa região, concentrados em dois principais eixos: a Serra do Espinhaço e suas prolongações até a Chapada do Araripe e a franja litorânea entre Rio Grande do Norte e Ceará. Portanto é uma condição natural da região Nordeste do Brasil que está dominada pela Caatinga e possui as zonas com maior potencial eólico do Brasil.
Quais os principais motivos de haver sobreposição entre áreas de interesse para instalação de aerogeradores e áreas prioritárias para conservação?
Haver sobreposição entre áreas de interesse para conservação e geração eólica não deveria ser um problema em si, mas poderia ser visto como uma dupla oportunidade, para gerar energia limpa e conservar a biodiversidade. Mas no artigo mostramos que tem sido o contrário. Ao longo desses dois principais eixos de interesse eólico estão ecossistemas sensíveis como aqueles associados a ambientes montanhosos e dunas litorâneas, portanto precisam de proteção e criação de unidades de conservação. Por outro lado, as UCs podem representar um entrave para o estabelecimento de eólicas, especialmente por exigências de estudos de impacto mais detalhados e compensações ambientais mais importantes. A geração de energia, como todo negócio que visa lucro, procura manter os custos baixos e enxergam no cumprimento de condicionantes ambientais um custo alto. Este é o problema e não a sobreposição em si.
A implantação de aerogeradores causa quais tipos de impactos negativos? Em quais termos a geração de energia eólica representa um risco para a conservação da Caatinga?
Em Pernambuco, o estado praticamente retirou a proteção permanente de áreas de altitude com o explícito intuito de favorecer eólicas. O Boqueirão da Onça [na Bahia] passou anos “de molho” porque muitos interesses atuam na zona, incluindo os das eólicas. Ainda sabemos pouco sobre os impactos das eólicas ao meio ambiente, mas já sabemos que são mais severos sobre a fauna alada: aves e morcegos, que se chocam com as pás das turbinas. Ainda, como toda obra de infraestrutura, muitas vezes é necessária a abertura de estradas novas e construção de torres de transmissão. Hoje, sabemos que mais infraestrutura humana leva a mais degradação dos ecossistemas, principalmente em países subdesenvolvidos como o Brasil. Temos também os impactos sobre as pessoas e conflitos com populações tradicionais como mostramos que acontece na Ponta Tubarão, no Rio Grande do Norte. Portanto, o maior risco que a geração de eólicas representa para a Caatinga é o de se colocar em oposição à proteção ambiental desse ecossistema em vez de apoiar sua conservação como partes de uma mesma estratégia de desenvolvimento sustentável. A geração eólica é um negócio majoritariamente privado e o empresariado brasileiro ainda tem pouca tradição de participar de agendas de conservação.
Quais as formas de evitar os conflitos gerados pela expansão da energia eólica sobre áreas de importância para a conservação? É possível uma coexistência verdadeiramente sustentável?
Sabendo que há sobreposição das áreas de interesse, pois há mapas de priorização tanto para a conservação quanto para o potencial eólico, deve-se promover o diálogo e entendimento para que essas áreas cumpram com todo seu potencial e não só o de ser UC ou de ser geradora de energia eólica. Por exemplo, as compensações poderiam ser no sentido de criação e implementação de áreas protegidas nas zonas afetadas por eólicas. Acredito que a geração de energia eólica e a conservação da Caatinga podem ser partes da mesma estratégia nacional de desenvolvimento sustentável, mas não podemos tomar por inerte a instalação de centenas de turbinas eólicas numa “fazenda”. São forças poderosas economicamente que, sem diálogo, podem contrapor conservação e geração de energia limpa, como já aconteceu.
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Sou a favor da produção de energia eólica na caatinga, mas desde que seja levado em consideração a política de conservação do bioma caatinga. A caatinga é um dos biomas que apresentam maior nível de diversidade natural, são várias feições que podemos encontrar em sua formação e entre elas podemos encontrar áreas com grande potencial de biodiversidade, formações geológicas e estruturas de relevo que permitem a ocorrência de várias espécies de mamíferos, répteis e aves. A região em que sou residente, apresenta uma das regiões mais importantes do bioma caatinga, que é o raso da catarina situado entre a vertente do rio são francisco e a vertente do rio vaza barrís. Para se ter uma idéia do potencial da região existe a ocorrência de 210 espécies de aves registradas e entre elas está a famosa arara-azul-de-lear, que só ocorre nesta região. Esta região região está sendo alvo de projeto privado para instalação de parque eólico e aí é onde está o problema. A instalação de torres pode trazer problemas principalmente para a espécie arara-azul que depende de áreas de grande extensão para sobreviver, uma vez que precisam realizar vôos diários com distâncias as vezes de 100 km para poderem se alimentar. Áreas com esse perfil por exemplo deveria ser descartado a possibilidade de instalações de torres eólicas.
O entrevistado é professor de botânica e fala de economia sem nenhuma propriedade, só na base do clichê. É difícil admitir que não entende do assunto?
Faz uma réplica e publica na revista.
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii…
Na Ciência funciona assim, parece que quem não entende do assunto é você que está no "achismo".
Ui… argumento autoridade!
Tem esse aqui também: https://www.facebook.com/fplmelo
Vamos debater economia, Jorge?
Vamos. Por aqui mesmo? Defina economicamente o que é lucro e qual o problema de visa-lo. Quanto representa as medidas mitigadoras no custo dos empreendimentos?
Fuja rapidamente deste cara Jorge.
O sujeito é petista até hoje. Depois de tudo !.
Cuidado pessoal, com o perfeccionismo. Lembrem-se que o "ótimo é inimigo do bom"… abraços.