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Brasil tinha disponível menos de 1 bombeiro para cada 1.000 km² queimados em 2024

Mudanças climáticas aumentaram em até 30 vezes as áreas queimadas nas Américas, mostram dois estudos elaborados em parceria com o INPE

Cristiane Prizibisczki ·
17 de outubro de 2025

A área queimada no Brasil em 2024 ultrapassou 200 mil km², cifra equivalente ao estado do Paraná. Para combater estes incêndios, os país tinha disponíveis no período 71.846 bombeiros militares, o que significa uma média de 0,36 bombeiros por 1.000 km², ou seja, menos de um bombeiro para uma área equivalente a toda cidade de Belém, sede da COP30. Os números são de um relatório divulgado nesta quinta-feira (16) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em parceria com o Corpo de Bombeiros de diferentes estados e outras instituições de pesquisa.

O relatório, intitulado “Fogo em Foco – 2024-2025”, mostrou que o número de bombeiros militares disponíveis para o combate foi ainda menor em alguns estados brasileiros. Este é o caso do Mato Grosso, cuja média foi 0,11, e do Pará, que teve, em média, 0,09 bombeiro para cada 1.000 km².

De acordo com a análise, entre março de 2024 e fevereiro de 2025, o Pará registrou a maior extensão de área queimada desde 2002 e Mato Grosso a quarta maior extensão no mesmo período. 

Ainda em relação ao número de bombeiros militares disponíveis para combate ao fogo, o relatório indica que, em 2024, o Brasil teve 1,9 bombeiros para cada foco registrado, reduzido para 0,4 nos meses de pico de registros na maior parte do território nacional, entre agosto e setembro. No último ano, o INPE registrou 359 mil focos de calor, de dimensões variadas, podendo chegar a milhares de quilômetros quadrados.

“Esta situação deixa clara a necessidade de desenvolvimento de políticas que estruturem e aumentem a capacidade dos Corpos de Bombeiros de lidar com um clima mais quente e seco, cada vez mais propício para ocorrência de grandes incêndios”, diz o Instituto, por ocasião do lançamento do relatório.

Além dos Bombeiros, o enfrentamento a incêndios no Brasil é feito também por brigadistas, quando o fogo atinge áreas florestais. Nos últimos anos, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima tem implementado uma série de medidas de enfrentamento a este tipo de queimada. 

Em 2025, foram contratados 4.385 profissionais – 2.600 do Ibama e 1.785 do iCMBio. A lista de ações também contempla o estabelecimento de uma Sala de Situação, que avalia periodicamente o risco de fogo nos diferentes biomas, e a contratação de equipamentos e aeronaves. A lista completa de ações pode ser conferida aqui.

Mudanças Climáticas e fogo

Também na quinta-feira (16), foi lançado o estudo “State of Wildfires 2024-2025”, elaborado por mais de 60 pesquisadores e instituições de 20 países, incluindo o Brasil. 

O estudo indica que as mudanças climáticas impulsionaram temporadas extremas de incêndios nas Américas, tornando as áreas queimadas cerca de 30 vezes maiores. 

A análise feita para o Brasil mostrou que os incêndios florestais no país foram entre duas e três vezes mais prováveis devido às mudanças climáticas, com emissões de carbono seis vezes acima da média e fortes impactos sobre comunidades e ecossistemas. 

De acordo com modelos climáticos o aquecimento tornou os incêndios do último ano na região do Pantanal (Brasil) – Chiquitano (Bolívia) 35 vezes maiores, além de impulsionar incêndios recordes na Amazônia.

Assista à apresentação do relatório Fogo em Foco abaixo:

O estudo State of Wildfires 2024 – 2025 pode ser conferido aqui.

  • Cristiane Prizibisczki

    Jornalista com quase 20 anos de experiência na cobertura de temas como conservação, biodiversidade, política ambiental e mudanças climáticas. Já escreveu para UOL, Editora Abril, Editora Globo e Ecosystem Marketplace e desde 2006 colabora com ((o))eco. Adora ser a voz dos bichos e das plantas.

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