Responsáveis pelo programa de conservação do pato-mergulhão (Mergus octosetaceus), uma das aves mais raras e ameaçadas do mundo, comemoram o nascimento dos primeiros filhotes em cativeiro, sem a ajuda de seres humanos. Os quatro patinhos nasceram em 8 de julho, no Zooparque Itatiba (SP), a 85 quilômetros da capital do estado.
Para a equipe do projeto, o nascimento indica que os patos-mergulhões criados em cativeiro podem ser bons pais. No ano passado, o zoológico já havia conseguido a reprodução da espécie em cativeiro, mas os filhotes foram incubados em uma chocadeira artificial e receberam cuidados de seres humanos.
O pato-mergulhão é uma das aves aquáticas mais raras e ameaçadas do mundo, considerado como “em perigo crítico” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, em inglês). Existem menos de 250 indivíduos na natureza, encontrados Minas Gerais, Goiás e Tocantins. O pato-mergulhão foi escolhido como Embaixador das Águas do Brasil, no 8º Fórum Mundial da Água, realizado em março deste ano, em Brasília.
Segundo informações do Zooparque Itatiba, é uma ave que se alimenta exclusivamente de peixes e depende de águas limpas e transparentes para ter boa visibilidade e encontrar as presas. Vivem preferencialmente em rios com corredeiras e vegetação nas margens e são considerados bioindicadores, ou seja, a presença dele demonstra que o ambiente está em equilíbrio.
No Zooparque Itatiba vivem 21 patos-mergulhões adultos, que nasceram a partir de ovos coletados no Jalapão (TO), Patrocínio (MG) e Serra da Canastra (MG), que segundo informações do zoológico, não teriam condições de eclodir no ambiente em que estavam. No ano passado, nasceram os primeiros descendentes das aves em cativeiro.
O projeto pretende aumentar a população da ave em cativeiro, para que ela seja reintroduzida na natureza. A reprodução em cativeiro é a primeira etapa do projeto, desenvolvido pela Associação Natureza Itatiba, que tem sede no zoológico. O projeto teve início em 2006, mas só a partir da criação do Plano Nacional de Conservação (PAN) da espécie começou a ganhar forma.
Embora estejam em um zoológico, os patos-mergulhões são mantidos em um recinto fechado à visitação. Eles vivem em uma área de 100 metros quadrados, onde existe uma lagoa artificial, água corrente e um ninho em tronco de madeira. Além de ração, recebem alevinos de lambari vivos colocados nas lagoas, para estimular o comportamento natural. Eles são monitorados por câmeras 24 horas por dia e os visitantes podem acompanhá-los através de um centro audiovisual.
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Muito boa iniciativa. Há registros desta espécie, no passado em áreas no sul do Brasil.